O Enigma Bolsonaro
Para onde pendermos em busca de socorro quando nos sentimos como uma ilha cercada pela descrença por todos os lados? Dentro desse confuso estado de espírito, façamos uma breve abordagem sobre a futura campanha presidencial. Dentre os prováveis candidatos mencionados pelos meios de comunicação, alguns deles despontam com crédito suficiente para despertar confiança na maioria do eleitorado? Parece-nos improvável, surpreendidos que somos, a cada momento, com a participação de políticos insuspeitos envolvidos com o rebanho desgarrado, fato que aumenta e endurece cada vez mais a carapaça da nossa desconfiança. Apesar desse descalabro que envolve a política na sua mais negra escuridão, não compartilhamos com o irredutível pessimismo, incapaz de enxergar, mesmo que distante, uma tênue luz no fim do túnel que tenderá, como tudo indica, ampliar-se numa desejável claridade. A razão dessa expectativa é a eficaz intervenção cirúrgica nunca vista neste país. Estamos a nos referir, como sabemos, aos processos que correm na Lava – Jato no Paraná e outros estados, tentando remover o câncer da corrupção que em seu estado de metástase alastrava-se por todo o território nacional.
O que nos tem mostrado a história é o tipo de ator que se habilita a subir no palco e prometer, com toda ênfase do fundo do seu ser, o milagroso remédio para a cura geral de todos os males. Será que dispomos dessa figura messiânica? A propósito, vamos reproduzir, da coluna do Cláudio Humberto, Gazeta de Alagoas de 20/09/2017, como o título Bolsonaro na frente, que diz: “Enquete no site do Diário do Poder com 3.500 votantes, revela que 24% apostam na vitória de Bolsonaro na disputa para presidente em 2018, seguido de João Dorea ( 19%), Álvaro Dias (16%), Alckmin (12%), Lula (11%), Marina (8%) e Ciro Gomes (7%). Excluído o Lula, em virtude de seu translado em um desastrado voo do céu para deliciosas tentações do inferno e o Bolsonaro pela rude originalidade de seus pensamentos sobre diversos assuntos, uns, mais do que outros, portam alguma credibilidade.
Evidente que o cerne da questão gira em torno do Bolsonaro. Porque, apesar de seu exaltado temperamento e totalmente alheio ao convencionalismo de certas opiniões, apresenta-se, para muitos pessimistas, como a melhor opção? Curiosamente, dizia Voltaire que se alguém quiser tornar-se famoso, deve fazer-se completamente louco, contanto que se certifique que sua loucura está de acordo com a maré e o temperamento da época. O nosso personagem não está, artificialmente, tentando representar as palavras do Voltaire. Acontece que a sua personalidade, coincidentemente, preenche o vazio que vivemos, estando de acordo com a maré e o temperamento atual, acometido de um sentimento fúnebre pela falência da política.
Frente a esse cenário desolador, pecam por irresponsabilidade os simpatizantes do Bolsonaro? Não. A vida, afinal de contas, não passa de incertezas, dúvidas e convicções, não passando também de um jogo no qual coexistem a sorte e o azar. Nela também se manifestam o insólito e o impossível que absurdamente costuma acontecer.
Não acreditamos numa provável vitória do Bolsonaro, embora ache possível, se houver um segundo turno, que será um dos finalistas. Surgirá, por certo, um candidato que irá conseguir despertar a maioria do eleitorado. Entretanto, se o impossível acontecer, não há outro caminho a não ser esperar e pagar para ver, não podendo ser descartada a possibilidade de formar uma boa equipe que, além de fazê-lo despontar com uma boa visão administrativa, irá, como apreciador da disciplina, do respeito e à ordem, reerguer a admiração pelas mais altas instituições, reabilitando, assim, a imagem do Brasil.
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