Wilson Lucena

Wilson Lucena

Jornalista, pesquisador e membro da Academia Penedense de Letras

Postado em 14/08/2009 19:48

Musical penedense de glórias e crises

Musical penedense de glórias e crises
Sociedade Musical Penedense

A histórica cidade de Penedo já vivenciou um passado de esplendor cultural. Os moços se preocupavam, à época, com os estímulos da inteligência e do espírito. A banda de música tocava a alma sentimental do penedense. E, não era apenas uma, mas quatro. Existem referências das agremiações Lyra Operária 6 de Novembro, composta de operários da Cia. Industrial Penedense e dirigida pelo mestre Francisco Paixão, bem como da União Caixeral, organizada por elementos do comércio local e regida por Lauro do Carmo. De maior evidência social, despontaram as bandas Euterpe Ceciliense e Carlos Gomes, fundadas, respectivamente, em 1883 e 1888, pelos maestros Henrique Thomaz Ribeiro e Manoel Tertuliano dos Santos (Manoel Baixo).

Numa iniciativa do empresário Mário Themistocles Dantas da Empresa Penedense de Transportes, era fundada, em 16.07.1944, a Sociedade Musical Penedense, cuja primeira diretoria ficou assim constituída: Presidente - Mário Themistocles Dantas; Vice-presidente - Jonas Sales; Secretários - Odijas Souza e Thomaz Barboza; Tesoureiro - Homero Thomaz; Diretor Fiscal - Antônio Porto. A banda musical pioneira contou com a adesão de músicos das extintas corporações musicais Euterpe Ceciliense e Carlos Gomes.

A agremiação passou a funcionar provisoriamente no Monte Pio dos Artistas e depois no sobrado onde residia o músico e mestre Edson Porto. Para a sua construção, a entidade contou com a colaboração da Prefeitura Municipal na gestão do prefeito Alcides Andrade, além do repasse de verbas pelo então deputado federal Antônio de Freitas Cavalcanti, certamente o grande baluarte de sua história mais remota.

Na galeria de presidentes figura os nomes dos senhores Mário Themistocles – Edson Porto Fausto Pereira Pinto – Homero Tomaz – Ernani Carvalho – Padre Luiz Soares - Gerson Espinheira - João Fernandes Lessa – Luiz Vitorino Guimarães - José Andrade Alves - Onofre Monteiro - Afonso - Epaminondas Rocha - Evaldo Araújo – Antônio Carlos Belo – José Belias – Horácio Mangabeira - Paulo Moraes Calumby – Sebastião Ramos e Weliton Mota. Já no quadro de figuras ilustres e colaboradores, são alvo de destaque o prefeito Tancredo Pereira, patrono da sociedade, o jornalista Wilson Lucena e o contador Paulo.

O seu elenco de regentes teve como precursor o carismático maestro Edson Porto, seguido de Fausto Pereira Pinto - Manoel Pedro - Antônio Porto - Homero Thomaz - Luiz Freire e o mestre vitalício e de honra Nelson Silva, recentemente falecido e maior referencial da agremiação. Em sua fase contemporânea, a Musical Penedense contou com os trabalhos profissionais dos conhecidos oficiais militares reformados Eraldo Trindade, Raimundo Santos e Jonas Duarte.

A pioneira banda da Sociedade Musical Penedense tinha a seguinte constituição: clarinetas: Manoel Amaral - Nelson Silva - Eduardo Montenegro (Sessenta) - Manoel Gomes e Elias Gomes; trompetes: Leonardo Marques - Elisio Souza - Antônio Porto - José Santos José Eduardo; trombones: Homero Thomaz - Thomaz Barbosa; Sax alto: José Vaz - Gerônimo Vieira; trompas: Abílio Pereira - José Cassiano - Ricardo Souza - Moacir Porto; Bombardino: José Cunha; contrabaixos: Mauro Silva - Avelino Ricardo (Lindor) - Tinô Camarão (hélicon); percussão: Tarciso Thomaz - Francisco Catarino - Miguel Oliveira e Aguinaldo Oliveira.

Outros grandes e tradicionais músicos passaram pelas suas hostes: Armando – Benício dos Santos - Aldo – Adriano – Wilson Barbosa – Genésio - João de Celso – José Ramos - José Carlos - Carlos Alves – Sérgio Alves - Emílio – Claudionor ( Nô) – Elízio Ramos (Tininho) - Luiz Carlos (Luiz Scania ) - Manoel Alves – Sargento Nilton – Fausto Pereira - Paulo Batista (Mainha) – Bonerj Bezerra - José Araújo – Antônio Bezerra – Lindomar – Joan – Sandra - Amado Caldas – Emanoel Rocha - Edson Moura - Sebastião Ramos – João Faustino – Alfredo Santos, dentre outros.

Com a sua programação festiva já tradicional, no dia 19.07.2009, a Sociedade Musical Penedense comemorou os seus 65 anos de inestimáveis serviços prestados à causa musical de Penedo. Através de sua escolinha, imortalizada na figura do lendário mestre e maestro Nelson Silva, centenas e centenas de músicos foram formados. A sua tradicional banda de música sempre participou de eventos religiosos e cívicos em Penedo, assim como em outras localidades do Baixo São Francisco.

No entanto, como já de praxe, a agremiação atravessa mais uma crise. Em matéria recente em jornal local, o maestro Wellington Mota, na prática o governante de fato da Musical Penedense, teceu os contumazes protestos pela falta dos repasses financeiros da Prefeitura. Mas, isso constitui apenas uma parte da questão. O imóvel da sociedade, o maior do gênero no Estado, é grande, ocioso e dispendioso de manutenção. Inexistem sócios contribuintes. A atividade social se limita ao jogo de baralho noturno. Por dissidência com a maneira de administrar do aludido dirigente, boa parte do pequeno grupo de adeptos está afastada. Carecem de completa reformulação a escolinha e a banda de música. Em suma, a entidade prescinde de uma diretoria mais coesa e representativa que possa promover as necessárias e vitais mudanças em prol de seu soerguimento.

Fenômeno histórico, artístico e sociológico, não obstante todas as dificuldades para subsistir e o descaso governamental, a banda de música nunca deixou de ter uma presença marcante na comunidade em seus momentos mais caros e solenes, funcionando como um verdadeiro conservatório popular. Ainda é a mais antiga instituição ligada à criação e preservação da tradição musical brasileira, desenvolvendo, notadamente nas pequenas localidades interioranas, importante trabalho educativo e social, através do qual propicia oportunidade de uma vida mais digna a centenas de jovens carentes. Por isso, convém que as lideranças municipais tenham um pouco de maior sensibilidade para tão relevante causa.

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  • José Felix Brilhante trabalho de pesquisa!! Parabéns a organização por apoiar a cultura!
  • Zuildson Ferreira Alves Meu pai , João de Celso , falecido, dedicou grande parte de sua vida musical à Banda de Música da Sociedade Musical Penedense. Trompetista reconhecido em todo estado de Sergipe , Alagoas e outros. Excelente trabalho. Parabéns!!!!!!