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Wilton Lisboa Lucena

Wilton Lisboa Lucena

Professor da Faculdade Raimundo Marinho e integrante da APL

Postado em 26/01/2011 17:13

Uma Nova Caminhada

Chegamos à segunda década do Século XXI, prosseguindo mais uma caminhada neste novo ano de 2011. Para os astrônomos e os físicos, a passagem de um ano significa que o planeta Terra chegou ao ponto que ocupava há 365 dias antes, ou seja, completou o seu movimento de translação em volta do Sol, e agora voltou a realizar a mesma trajetória gravitacional. Entretanto, para os indivíduos comuns, esta passagem se reveste de grande simbolismo, e, conforme a tradição, mais uma vez, foi comemorada com queima de fogos de artifícios, shows musicais, troca de brindes e felicitações, etc. Para outros essa transição causa dúvidas e temores sobre o futuro. Nessa época, os astrólogos e cartomantes aumentam o seu faturamento, pois são procurados por muitas pessoas ansiosas em saber o que vai acontecer no ano novo. As praias do litoral brasileiro como acontece em todas as viradas de ano, ficaram repletas de gente, trajando roupa branca, símbolo da paz, e levando oferendas a “Iemanjá”. Houve também as chamadas “simpatias”: Acender todas as luzes da casa e abrir as janelas para saírem às energias negativas e entrarem as positivas. Colocar uma cédula dobrada dentro do sapato, calçá-lo e entrar o ano novo pisando com o pé direito para atrair muito dinheiro”.

Todavia, para aqueles que, acima das crendices e das superstições depositam a sua confiança no “Pai Eterno”, a chegada de mais um ano traz a renovação da fé e da esperança na sublime promessa de Jesus Cristo, antes de sua ascensão do Monte das Oliveiras: “... E, eis que estou conosco todos os dias e até a consumação dos séculos”. Os seus fiéis não precisam de prognósticos sobre o futuro, como os antigos povos que chegavam a abrir as entranhas de pássaros e animais procurando sinais para as suas indagações, porque mais necessário do que saber por antecipação, o que vai acontecer nessa nova caminhada, é ter a certeza em todos os momentos da presença divina. Lembro-me da história de um garoto que estava fazendo uma viagem de trem, e despertou a atenção de um senhor que também viajava na mesma composição. Este se aproxima do menino e pergunta-lhe: “Está viajando sozinho meu filho? Sim, senhor, responde o garoto. Até onde você está indo? Até o fim da linha. Você não tem medo de fazer toda esta viagem sozinho? Não, não tenho. E por quê? Porque o meu pai é o maquinista deste trem”. A firmeza desta resposta é uma demonstração da confiança que o garoto depositava em seu pai no comando da locomotiva. Por sua vez, o pai sabia que o seu filho estava tranquilo em alguma parte da composição.

É necessário crer que o “Pai Eterno”, está no controle de todas as situações e Ele sabe onde estão os seus filhos em qualquer lugar deste planeta. Sobre o cuidado divino escreveu o Rei Davi nos Salmos 101.6: “Os meus olhos procuram os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, este me servirá”. O erudito apóstolo São Paulo, quando expunha na cidade de Atenas, as verdades do Evangelho para os filósofos gregos, declarou que: “O Deus Criador não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tão pouco é servido por mãos humanas, como que necessitando de alguma coisa, pois Ele mesmo é quem dá a vida a todos e a respiração e todas as coisas; E que Deus não está longe de cada um de nós. Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos”.

Ao perceber uma grande ansiedade de seus discípulos em relação ao porvir, Jesus os exortou dizendo-lhes: “...Olhai para as aves do céu, que nem semeiam nem segam, nem ajuntam em celeiros, e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E quanto ao vestido, porque andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem, não trabalham nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Não andeis, pois inquietos, pois o Vosso Pai Celestial sabe que necessitais de todas estas coisas. Mas buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.

Crendo sem restrições nessas promessas infalíveis e fiéis do Pai Eterno, sejamos agradecidos pelas dádivas recebidas no ano findo, e, prossigamos essa nova caminhada com toda a nossa confiança no Deus Soberano, já que é graças a Ele que a vida continua.

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  • gracinha Um belo artigo professor, tiro o chapeu para o senhor que tanto admiro Deus te abençoe sempre.
  • ricardo vasconcelos Meu Caro Professor Wilton! Suas palavras não poderiam ser melhores. Seu escrito é repleto de história, cultura e religiosidade, como bem é sua pessoa. Um nobre cidadão penedense que muito nos orgulha. Meus parabéns. Ricardo Vasconcelos
  • solon dos santos ferreira Irmão wilton, que o Senhor Jesus continue agindo em você dessa forma maravilhosa, que a sua voz seja ouvida nos labirintos dos penedenses..
  • Fernando Canuto Profº Wilton Lucena, sinônimo de competência, chega neste portal eletrônico para contemplar o mesmo, com a competência que lhes é peculiar. Parabéns Professor.
  • Zuildson Ferrreira Alves Somos viajantes.De onde viemos,onde estamos e para aonde iremos é um segredo guardado a mil chaves . A via láctea,a nossa galáxia,com bilhões de estrelas parecidas com o nosso sol se movimenta freneticamente em direção a nossa vizinha, a Andrômeda(com o dobro do tamanho da via láctea-cerca de 220 mil anos luz de diâmetro) que se movimenta também. E ambas fazem parte do Grupo Local.Já pensou a terra um bloco, viajando pelo universo?.Qual o sentido da vida? A qualquer momento um asteróide pode colidir com a terra? Segundo a maioria dos astrônomos, o extermínio dos dinossauros foi ocasionado por um asteróide.Ficamos a observar a noite e contemplamos a beleza do universo. A imensidão do universo.O que nos dizem os religiosos, os poetas e astrônomos? Muita reflexão.Ninguém é dono da verdade,tudo pode ser discutido.Excelente o seu texto. Zuildson,Vila Velha/Es.
  • Michelline Britto Caro, Irmão Willton: Como é bom termos a certeza que Jesus Cristo estará conosco todos os dias de 2011, 2012, 2013 ... até a consumação dos séculos. Glória a Deus, pois é esta presença maravilhosa, através do seu Espírito Santo, que faz a grande diferença nas nossas vidas! Que Deus continue lhe usando para falar do seu amor!!! Que Deus lhe abençoe ricamente, juntamente com sua família, neste novo ano!!! Atenciosamente, Michelline Britto.
  • Mari Sr. Wilton, suas palavras renovam a minha fé, o Pai Eterno te deu essa missão com toda certeza. Suas palavras transmitem a mesma confiança do menino no trem! Te admiro muito, o senhor é um homem sábio e iluminado. Que o senhor Jesus esteja contigo. Sempre...
  • Gisleide Prof. Wilton Que Deus possa sempre dar-lhes sabedoria para que o senhor continue escrevendo estas mensagens de paz para todos nós.
  • irmao carlinhos Que belo exemplo de homem de Deus. Acrescentando o salmo121 relata sobre as expectativas diante dos desafios apresentados pela vida (v. 1)\\\"Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro.? Ao iniciar um novo ano, este mesmo conflito se coloca diante de nós. De onde vem a nossa esperança,onde depositamos nossas expctativas? Nota-se que as pessoas estão colocando sua confiança sobre outras bases, que não no Senhor,quando pensam no seu futuro. A certeza de que Deus caminha conosco é a grande fonte que alimenta a nossa vida, por isso o ano que vem não será guardado com ansiedade e temor, mas com expectativa e regozijante esperança. Já no (v. 8) O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada em cada ano .
  • ESDRAS MATOS querido amigo e irmão, DEUS TE ABENÇÕE SEMPRE.
  • MARIA NÚBIA DE OLIVEIRA Como é bom ter a certeza de que estamos seguros durante uma viagem, seja de trem, navio, avião, onibus ou outro transporte qualquer. Aquele garoto citado no artigo de Wilton Lucena, estava tranquilo, confiante. Seu pai era o condutor do trem. A certeza de que Jesus Cristo está à frente do nosso transporte, seja ele qual for, nos encoraja a irmos até o final da linha. Parabéns, Wilton, pelo seu belíssimo texto. Maria Núbia de Oliveira.
  • Regina Flores Wilton, como sempre vocesempre surpreendendo com seus ensinamentos e sua fé. Parabéns, me orgulho de ter trabalhado muitos anos na mesma empresa que voce, onde aprendi a te admirar. Penedo deve orgulhar do filho que tem. Um grande abraço e minha admiração. Regina Flores - Barreiras-Bahia
  • Tatiane Belo artigo, irmão Wilton. É maravilhoso saber que Deus está cuidando do nosso futuro, e que, crendo e confiando nEle, podemos descansar em suas promessas, que, certamente, são infalíveis. Deus o abençoe sempre mais.
  • Wilson José Lisboa Lucena Parabenizo o mano Wilton pelo excelente texto, misto de sapiência e de fé. Valeram as inúmeras menções elogiosas. Um abraço cordial do mano Wilson.
  • Maria Socorro dos Santos Profº Wilton Que Deus continui derramando em vós suas bençãos e dando-lhe esse dom maravilhoso da palavra, porque assim você poderá levar para muitas pessoas essas palavras que servem como bálsamo para aqueles que encontram-se aflitos. Parabéns!
  • Joel de Oliveira Parabéns irmão Wilton pelo belo e oportuno artigo e que muitos e muitos leitores deste meio de comunicação possam ter o privilégio de ler artigos ricos e necessários como este. Nesta nova caminhada, muitos estão precisando de uma palavra como esta. Parabéns. Estamos na espera de mais artigos como este sejam publicados pelo senhor.
  • Junior Quero parabenizar nosso irmão Wilton pelo belo artigo, que Deus continue te abençoando.
  • marcelino cantalice companheiro Wilton: paz e bem ! Foi um prazer e uma graça ler o seu artigo. Homem de fé ! Sua autenticidade cristã é a sua força o nosso alento. A lembrança da constante presença do Pai é uma segurança. Grato pelas suas palavras, que são confirmadas pelo seu exemplo d vida. Abraços. Do: m14cOarcelino.
Luiz Paulo Reis Galvão

Luiz Paulo Reis Galvão

Médico Gastroenterologista e Endoscopista

Postado em 22/01/2011 17:02

Um trem de volta pra casa

Do 20º andar contemplo a noite da grande cidade que um dia me acolheu. Um oceano de concreto, antenas e luzes. Um Airbus passa ao longe a piscar e uma abelha ronda a flor na jardineira da minha varanda. Onde será sua colméia? Estará perdida a esta hora da noite. Por perto passa um veiculo com a sirene ligada. Alguém será salvo, ou será preso. Há um murmúrio contínuo dos motores da cidade que nunca dorme nem dormirá jamais. De tão constante se parece com o silêncio dos abismos, das quedas d’água, dos oceanos. Ligo o som, e nele o guitarrista Pat Matheny sola a musica “The Last Train Home”. O som da guitarra tendo ao fundo o ronco noturno da grande cidade, me conduz a um vertiginoso insight que me leva a uma viagem aos meus passados a bordo do “Ultimo Trem pra Casa”. É como se a musica me houvesse ligado a um grande cordão que estivera sempre atrelado ao meu destino, firmemente amarrado a minha adolescência, tempo em que deixei minha “cidade coração” no interior do meu interior. Essa grande linha viria a traçar a rota do meu destino como uma espécie de pegadas dos meus sentimentos, uma trilha da minha historia. E agora passados os cinqüenta e tantos anos de vida, algo houvesse dado um toque naquele cordão, sugerindo uma volta, um trajeto inverso da vida. Embarco nesse trem, numa estação virtual, e nessa viagem imaginária não sei como reagirei ao me deparar, na paisagem da estrada com uma a uma das cenas do meu passado, minha ingênua credulidade, minha emotividade, meus medos. Serão eles ainda tão medonhos vistos assim às avessas, ou serão eles que se amedrontarão agora diante de minha figura mais calejada, grisalha, mais serena? E quando eu cruzar em uma das curvas com a empáfia dos meus vinte e poucos anos? Cumprimentá-la-ei com humildade sem deixá-la perceber que a rejeito agora.

Lhe direi que o passarinho não se esforça pra voar, apenas voa. Que a planta não tenta crescer, apenas cresce. Que sol nascerá amanhã quer queiramos ou não, e que o homem é apenas um pequeno inseto diante da imensidão do Universo. Ao chegar à minha cidade descerei pelas ladeiras da minha infância como uma criança, recriando o encantado, reformulando antigos sonhos, escorrendo vida a fora no sentido inverso há tantos anos do presente. Na certa choverá forte e a água descerá em profusão pela guia da rua de paralelepípedo secular morro abaixo em direção ao Rio São Francisco. Dessa vez colocarei na correnteza minha canoa de brinquedo com velas de pano e a acompanharei correndo pela rua, ou quem sabe nela embarcarei o meu imaginário, na minha rota de redescobrimentos, de redefinições, ladeira abaixo na minha cidade coração. Abrirei com cautela o grande portão de ferro de minha velha casa do fim do Século XIX com as iniciais do meu avô no frontispício e onde hoje não mora ninguém. Do grande quintal nosso cachorro “Leão” latirá as boas vindas quando sentir meu cheiro. Descerei as escadas para alisar sua cabeça, e também eu sentirei o cheiro da minha infância que virá do Jasmim. Ai andarei extasiado por sobre o chão vermelho das flores caídas do Jambeiro. No interior da casa enorme andarei a passos lentos pelo assoalho cruzando suas portas altas. Farei uma oração no santuário e na biblioteca lerei o Tesouro Juventude, agora de óculos. Recitarei a “Historia de um Cão” de Luis Guimarães, e na certa chorarei. Mais uma vez.

É claro que mandarei consertar o velho gravador de rolo Akai de meu pai, e nele ouvirei com melancólica bondade as poucas fitas do nosso meteórico conjunto de Rock (The Greens). Rezo para que o tempo não as tenha desmagnetizado, nem que tenham sido vitimas da avidez das traças que moram no porão da velha casa há tantas gerações. Recomprarei minha guitarra Phelpa com distorcedor e o meu bom amplificador True Reverber. Solarei “O milionário” dos Incríveis, e colocarei mamão na gaiola do passarinho. A noite descerei a ladeira da Corrente na minha bicicleta Merck-Swiss azul metálico. Encostarei o dínamo no pneu e o farol criará um feixe de luz na neblina e na brisa noturna que vem do Rio. Ao longe Nelson Gonçalves interpreta “Escultura” num serviço de alto falantes de um lugar indefinido.

No dia seguinte irei à feira comprar passarinho. Às 10 horas sentarei na balaustrada do cais e esperarei a lancha azul e branca. A bordo virá meu pai depois do expediente no ambulatório da fabrica da Passagem na margem oposta. Com ele me abraçarei “até me sentir seguro”. Com ele voltarei pra casa e irei cavar buracos no quintal na esperança de chegar ao Japão. Sonhos “topográficos” de menino. No fim da tarde verei o sol amarelo se afogar no outro lado do rio e me alegrarei ao ver brotar do chão da praça o antigo parque de diversões onde brincarei até não mais poder. Cansado dormirei no meu quarto de três portas gigantes por onde na calada da noite, entrarão os fantasmas que eu temia e que jamais vieram.Com eles trocarei idéias sobre a eternidade. Ao amanhecer irão embora com medo sol.

Minha mãe me acordará com uma toalha e um sabonete Eucalol. No café manga rosa recém colhida e banana amassada com Farroz. Pego minha raquete BocklaFlex com cordas de nylon, uma caixa de bolas Mercur e subo até o Penedo Tênis Clube jogar com meus amigos na quadra de saibro. Mais tarde sessão de cowboy no Cine Penedo. Roy Rogers, Rocky Lane, Rex Allen, alem de um monte de índios, bandidos e mocinhas.

Já a noite irei a missa da Catedral e farei parte do coral. “O senhor é meu pastor nada me faltará...” Na saída meus amigos me convocarão para uma seresta na praça junto ao coreto. Pegarei meu violão Giannini , um Tan-Tan e um pandeiro e viajaremos de Altemar Dutra a Cartola com uma pequena passada por Renato e seus Blue Caps. No auge da cantoria meu pai virá me chamar. O Dono do tempo está estação e mandou avisar que eu tenho mais 30 minutos no passado. Descemos de imediato e o encontramos olhando o rio do mirante da Rocheira. Meu pai fala com ele para aguardar mais um pouco, antes de retornar seu filho para o futuro, mas não tem acordo. Argumenta que pra se manter alguém no passado exige um grande dispêndio de energia. Meu pai rebate citando Einstein e a teoria da relatividade. O dono do tempo se irrita e diz não tem tempo para ficar dando explicações. Meu pai fica de bate-boca com o dono do tempo na frente da catedral:

- Deixe o rapaz ficar mais um pouco!
- Mas ele já tem 59 anos!
- Sim, é verdade, mas não nesse momento!...
- Dou mais 5 minutos... - fecha o “Tempo”

Irritado se dirige para a Estação. Eu e meu pai descemos a ladeira do Convento até nossa velha casa. Vou ao janelão dos fundos e de lá vejo o Senhor do Bonfim no morro do Oiteiro. A lua, quase cheia, ressalta o branco do Cristo que parece flutuar no espaço. Sinto o calor do abraço do meu pai. Cochilo olhando os meus passados nas paredes da velha casa. Já estou viajando para o presente.

Abro os olhos e revejo o oceano de concreto, luzes e antenas. Outro airbus pisca ao longe, agora em sentido contrario. A abelha já levou seu própolis pra casa mas deixou um rastro de mel na flor da jardineira. No ar permanece o ronco dessa bela metrópole que me acolheu em seu seio e me deu tudo que tenho e sou. Apago a madrugada e adormeço em paz. Amanhã tem exames...


*Dedico o texto a um velho médico, meio músico, meio poeta Luiz Peixoto Galvão, meu saudoso pai.
 

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  • Robson lessa Parabéns Luís Paulo. É sempre bom reviver a nossa Penedo de outrora. Você fez isso de forma ímpar e trazendo à tona, personagens bem familiares do seu e do nosso dia à dia. Um forte abraço e até o \"Ovo da Madrugada\", quanto nos encontraremos com certeza, e a nostalgia voltará aos palcos dos nossos sonhos.
  • Hélio Lopes Como amigo, colega e contemporâneo do homenageado Luiz Galvão, fiquei emocionado na lembrança do seu filho Luiz Paulo, em recordar com sentimento aqueles lugares da nossa Penedo, que marcaram para sempre os nossos caminhos.
  • João Pereira Júnior Grande texto. uma forte carga emotiva traduzida pela linguagem poética muito bem trabalhada. textos assim nos dão a certeza de que o penedismo existe, de fato. acomete-nos em arroubos de nostalgia, toma-nos pela mão e nos conduz em passeios virtuais conforme o poeta se referiu. nesse caso, fomos conduzidos ao interior daquela casa branca e azul em frente ao quintal do convento e parece que D. Mirian e Dr. Luiz estavam a esperar o leitor com aquela educação diferenciada mostrando os cômodos aos inebriados viajantes. parabéns ao poeta/cronista pelo arruamento propostoe e pela poesia em prosa com que brindou a todos nós penedenses, principalmente, os que residem fora dessa nostálgica cidade.
  • Alberto Oliveira Galvãol Luis Paulo ,tio Luiz eh muito mais do que vc falou. Alem de irmão foi confidente e companheiro de papai(Sebastião).A lembrança que guardo de você é de um meniino,pois faz mais de 46 anos que não o vejo.Sobre Penedo, repito uma pequena estrofe de uma música do dr.Alfredo leahy que diz: \"Penedo vives em mim, Penedo enquanto eu viver\" postado por Alberto Galvão em 23/01/2011
  • Mario Jorge Athayde Maravilha de texto! lendo me emocionei com as lembranças. Parabéns Luiz Paulo.
  • MARIA NÚBIA DE OLIVEIRA Robson, o que acabei de ler, não é um texto, não é um artigo. É um autêntico poema envolto em vida e lembranças. Que coisa linda! Que emocionante! Como é belo registrar no papel o que está escrito na alma! Parabéns! Alma de poeta, coração de poeta, sentimentos de poeta! Fantástico! Maria Núbia de Oliveira.
João Pereira

João Pereira

Advogado, escritor e atento observador da política

Postado em 19/01/2011 13:30

Papeando Sobre a Liberação das Drogas

Se o consumo de drogas continuar a subir gradativamente e chegar a atingir elevado e incontrolável patamar infernal, como poderá ser revertido quadro tão dantesco? Podemos imaginar algo mais terrível, assombroso e insuportável do que a imagem que nos pintam do inferno? Chegando a esse ponto, qual terá sido o tamanho do rastro de calamidades que ficou para trás? Quanto sangue e lágrimas terão sido derramados? Quantas cenas de horror teremos de suportar? Estaremos num beco sem saída e chegando a esse ponto, não há outra alternativa senão tomar caminhos extremos e arriscados. Concorda? Antevendo esse quadro, você é a favor da liberação das drogas? Não tínhamos ainda nos sentado, Plato lançou-me essa metralha de perguntas como pretexto para definir o tema da nossa conversa.

Não é fácil uma posição firme a respeito, respondi-lhe. Com a liberação ou não, as perdas serão grandes. Essa guerra não será uma guerra dos cem anos, mas do sem fim. E pergunto, o que leva alguém a fazer uso das drogas? Mesmo que saibamos as razões, que são inúmeras, não significa que a posse desse conhecimento seja um porto seguro com suficiente lastro para combater tamanha pandemia que se abate sobre a quase totalidade dos países. E o mais curioso é que o seu consumo, desgraçadamente, é o mais democrático, abrangendo todas as classes sociais.

É verdade, concordou Plato. O usuário, em geral, quer sentir os agradáveis efeitos alucinógenos. Acontece que toda moeda tem duas faces. Para alguns, no entanto, o efeito descamba para as desagradáveis consequências diabólicas das alucinações. Os prazeres em excesso, como acontece com todos os extremos, secretam os opostos, tornando-se quem boba sabe presas de uma inexorável lógica que os conduz às tentações do crime.

O curioso, observei, é que sabemos que não somente as drogas, como a cocaína, por exemplo, tem o dom de protagonizar os dramas e tragédias. O álcool, em doses exageradas e na pessoa errada, pode ensejar os mesmos males acima. Por que o álcool não é proibido? Certamente duas razões autorizam seu uso, o direito adquirido pela antiguidade e o entendimento de que o homem sente a necessidade de fugir, de vez em quando, do mundo real. Essa carência, de ordem psicológica, tem origem na curiosidade que por sua vez ganha força na proibição, que faz despertar o apetite para ser violada. Assim são as proibições, elas carregam dentro de si o destino para serem transgredidas. Se assim não fosse, a imposição das leis não tinha razão de existir.

Acho que podemos concluir, disse Plato, que a curiosidade e a tentação são as principais forças que conduzem os jovens ao consumo das drogas. Não foi exatamente a desobediência, diz-nos o Antigo Testamento, a causa da expulsão do homem do paraíso? Uma bela expulsão, vez que despertou no homem o fogo do desejo de conhecer e assim justificar-se como a coroa da criação. Não podemos suprimir do homem essa panela fervente com os ingredientes da curiosidade, tentação, dúvida e o desejo de satisfazer as tentações. Essa guerra interna termina com a rendição definitiva de alguns que afundam no vício e de outros que, tendo cedido no início, conseguem depois escalar o muro da prisão e fugir para a liberdade.

- De tudo isso que você acaba de falar, que não destoa da verdade, constitui todo o obstáculo, que me parece intransponível sem uma ousada e corajosa experiência, para o governo vencer uma guerra entre mocinhos e bandidos.

- E qual seria essa experiência? Quis saber Plato.

- Como não acredito numa solução pela força, acho que a liberação seria a única saída. E quais seriam as consequências imediatas? Certamente, o aumento do consumo. Mas seria um aumento contínuo ou logo depois arrefeceria? Haveria um meio para fazê-lo ceder? Acho que o comércio, às claras e legalmente estabelecido, o governo faria incidir sobre a venda um pesado imposto. Independente desse fator, a liberação aplicaria um golpe muito forte sobre a curiosidade e a tentação, que passaria de uma atraente diva, para uma reles prostituta.

- Você deixou de realçar que se houvesse uma tentativa de acabar com o narcotráfico na América do Sul, essa ação só teria sentido se houvesse uma união de todos os países envolvidos com o mesmo, através de uma ação coordenada das forças militares. Mesmo assim, se uma vitória houvesse, seria transitória. Os países, além de territorialmente grandes, possuem áreas de difícil acesso onde o plantio remanescente daria continuidade e tudo voltaria à estaca zero. Por outro lado, na hipótese da liberação geral, também se fazia necessário que todos os países fizessem o mesmo. Não seria interessante que o Brasil sozinho bancasse iniciativa tão corajosa. O nosso país se transformaria num aspirador de pó de cocaína e um gigantesco fumódromo de crac e maconha. O mais importante, teríamos um decréscimo de homicídios, da guerra entre gangues e destas com a polícia. Esta, por sua vez, estaria isenta de ser corrompida.

- Quando você fala na diminuição da perda de vidas por um lado, é bem provável que pelo outro exista o aumento da violência, decorrente do alto nível de consumo das drogas.

- Sem dúvida. Diz o ditado popular que não se pode fazer omelete sem quebrar os ovos. A liberação só pode ser avaliada, seja no sentido positivo ou negativo, vendo para onde pende a balança, devendo prevalecer os ganhos.

- Qual o tempo que seria necessário para essa avaliação? Somente o tamanho do impacto poderá delimitá-lo. Curto, se monstruosamente catastrófico e definitivo se suportável. É de se perguntar, vale a pena tamanho sacrifício? Acho que sim. Sem audácia e coragem, ficaremos estáticos sem qualquer horizonte de esperança.

- Um papel fundamental, imprescindível mesmo é que com a liberação, os governos federal, estadual, municipal e a sociedade como um todo se envolva, participem através do esclarecimento. A publicidade nos meios de comunicação, especialmente no rádio e televisão será intensa, inteligente e persuasiva.

- Você acha que isso será suficiente?

- Haverá sempre usuários e viciados em drogas. Mas a informação é tudo o que os governos podem fazer. O que não pode é servir de babá para os recalcitrantes e irresponsáveis com a própria vida. Devemos excetuar os problemáticos de natureza mental, emocional e os menores. Nesse ponto, lembro-me de Platão, grande filósofo mas de ideias nada humanas no campo da política, dizia ele que não cabia à república tratar de um doente que hoje está bom e logo amanhã está novamente doente, sem condições de prover a própria sobrevivência. Não indo tão longe – tomo meu último gole de cerveja – como vivemos num país democrático, todos temos o direito de escolhermos como viver e morrer, inclusive empanturrados de drogas, se assim decidirem. É preciso ter coragem de tentar e enfrentar cerrada oposição. Mais vale suportar, no início, uma enorme tragédia que imagino de curta duração, do que vê-la perpetuar-se sem o mínimo de esperança para assistir ao seu funeral.

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  • nego drama Estás completamente engabelado, elementar colunista. Donde tirastes esta tese de liberação? Nem o mais radical expoente deste tema trata dessa forma, o que se propõe é a descriminalização, da maconha, em restrito. Achas que um indivíduo em sã consciência proporia a liberação do crack? E se o fizesse a cargo de que ou quem ficaria a distribuição dos mega traficantes ou das multinacionais, do Estado? Cobrar imposto sobre a atividade danosa resolve o problema? SIM, o problema de grandes economias em crise, mas jamais o sanitário. Em \\\"A República\\\", Platão censura a propagação de más composições ou tragédias na arte. Então te aprofundas neste tema pesquisa outras abordagens solucionadoras do problema das drogas, quais os interesses por trás da \\\"liberação\\\" e só assim volta a tratar de tema tão delicado.
Públio José

Públio José

Jornalista, publicitário, escritor e atento observador da vida

Postado em 17/01/2011 09:26

A Mentira

A cena se passa numa das novelas da tv. Na sala de uma casa o telefone toca. A empregada doméstica vai atender, enquanto a dona da casa dialoga com o filho na faixa dos dez anos. A empregada tira o fone do gancho. Do outro lado da linha uma mulher se identifica e pergunta se a dona da casa está. Ao ouvir o nome da pessoa que está ao telefone, a patroa gesticula para a empregada, orientando-a a dizer que ela não está. O menino assiste à cena meio intrigado. Se a sua mãe está, porque dizer à empregada que não está? Cenas iguais a essa se repetem diariamente em todos os lugares do mundo. Tendo por base a mentira, as pessoas tentam, de todas as maneiras, se desvencilhar das dificuldades e vicissitudes que encontram pela frente. A saída, normalmente, é se livrar do problema entranhando-o de mentira. Nunca o encarando com coragem, firmeza, determinação. Porque será?

A mulher da novela é só um exemplo da maneira desonesta, irresponsável e inconsequente que adotamos, na maioria das vezes, para resolver problemas do dia-a-dia. O pior é que nos esquecemos das pessoas que estão ao nosso redor, nos analisando, nos observando e nos adotando como modelo a seguir. Futuramente, o que a mãe que mente diante do filho, ainda pequeno, quererá dele quando tiver que vê-lo enfrentando suas próprias dificuldades? Que ele as enfrente esgrimindo a espada da verdade? Que ele pratique comportamentos que nunca presenciou em casa adotados pelos pais? Como, se diante de si teve sempre adultos como exemplos, como referenciais, mentindo, distorcendo, trilhando o caminho da mentira? Como, se assiste, diariamente, adulto já profissionalizado, o chefe na repartição utilizar-se prioritariamente da mentira para resolver o que surge no seu escaninho?

Pela televisão também assistimos as lideranças políticas darem um verdadeiro show no emprego da mentira, da falsidade, da dissimulação, quando tentam justificar seus maus feitos na vida pública. Porque o ser humano mente tanto? O mundo dos negócios, o das atividades esportivas e comerciais, por exemplo, também não ficam atrás. Nesse terreno é dado por inteligente, competente, sagaz, o que sabe utilizar, com o máximo da maestria, os instrumentos da mentira, da matreirice, do engano. Quando se ouve dizer “Fulano é competente” é porque, na maioria das vezes, o elogio está ligado ao uso descarado, pelo elogiado, da falta da verdade. O interessante, acima de tudo, é que aprendemos desde cedo, nos bancos escolares, no catecismo católico, nas escolas dominicais das igrejas evangélicas, que devemos nos valer da verdade sempre – defendendo-a e empregando-a ao longo da vida.

A respeito da questão, a Bíblia nos ensina que, para o cristão, o sim é sempre sim e o não é sempre não. Nos esclarece, ainda, que os mentirosos jamais herdarão o reino dos céus. Jesus salienta, também sobre o assunto, que o Diabo é o pai da mentira. Logo, quem se utiliza rotineiramente do seu uso está fazendo o jogo daquele que, segundo Jesus, só veio para matar, roubar e destruir. O interessante é que, ao sairmos da inocência da infância para o jogo bruto do aprendizado profissional, somos sempre instruídos a fazer da mentira um instrumento valioso para o alcance do sucesso. Esse comportamento vai deixando seqüelas irreparáveis ao longo de nossas vidas e criando, ao nosso redor, seguidores fiéis, aprendizes capacitados a se exercitarem na prática da mentira. Ah, a mentira. Como se livrar do seu veneno? Como deixar de vê-la nos outros e de usá-la no dia-a-dia?

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Valfredo Messias dos Santos

Valfredo Messias dos Santos

Procurador de estado, defensor público e membro da Academia Penedense de Letras

Postado em 12/01/2011 11:36

Tudo Velho no Ano Novo?

As comemorações da virada para o Ano Novo deveriam ser de reflexão, de análise do que fizemos de bom ou de ruim no ano que está ficando para trás. Deveriam ser revestidas de um simbolismo que representasse um renascimento de idéias , de comportamento, de novas conquistas. Entretanto, o que acontece é uma série de acontecimentos negativos ocasionados por acidentes nas estradas por excesso de velocidade, em razão da alta ingestão de álcool ou por outras inúmeras formas de imprudências ,obrigando aos que fazem a segurança das estradas a intensificarem a fiscalização para que seja, a cada ano, diminuído o número de óbitos e danos materiais a patrimônios conquistados com muito sacrifício. Outros, surpreendido pelos efeitos danosos da bebida provocam brigas, espancam mulheres, se desmoralizam e, ao invés de estarem junto de seus familiares rompem a barreira de um ano para o outro trancafiados em prisões, ou nos túmulos, anulando tudo o que foi planejado com tanta expectativa.

Por ocasião da contagem regressiva, abraços são dados, gritos de euforia são ecoados pelo ar, muitos pedidos de perdão e de desculpas além de muitas lágrimas que rolam pelos rostos de muitos pela emoção do momento mágico. A festa regada à peru e outras iguarias, acompanhada por um bom uísque ,champanhe ou vinho e a tradicional cerveja , continua nos lares mais abastados; nos mais simples, a festa também acontece nas portas de suas casas com aperitivo e uma boa pinga. Outros vão para as praias assistirem à queima de fogos e permanecem ali durante grande parte do dia seguinte se deleitando com a brisa do mar sendo despertados com o calor dos raios solares que anunciam uma manhã de um novo dia e de um ano novo.

Ainda não paramos para refletir sobre o verdadeiro sentido desses acontecimentos que enaltecemos como importantes: o nascimento de Jesus e a celebração da chegada do novo ano. Da forma como comemoramos, estamos a dizer que são momentos comuns, idênticos aos carnavais fora de épocas e outras festas regadas à muito regue, Aché, e ingestão de álcool e de outras drogas.

No interior de cada um de nós, o que mudou? Será que pela simples mudança de dia de um calendário é possível haver transformação de nossas mentes, de nossos sentimentos? Ou, ao abrirmos os olhos no dia seguinte, e pormos os pés no chão, ao encaramos a realidade, não vemos, no espelho da vida, a mesma imagem refletida no ano anterior?

Não adianta festejarmos a passagem de um ano para o outro se não nos esforçarmos para promover as transformações interiores, extirpando sentimentos ruins como a mágoa, a tristeza, o ódio, a inveja, e continuando a ofender os outros, a criticar por criticar, a torcer pelo insucesso daqueles que elegemos nosso inimigo. Se continuarmos assim, para que serviu a celebração da chegada de um Ano Novo, se dentro de nós permanecem as mazelas do Ano Velho?

Precisamos entender que é muito tempo esperar o final de cada ano para nos conciliar com os outros, para pedirmos perdão, desculpas, para abraçarmos fortemente, como a querer passar uma energia positiva. A vida é traiçoeira e não sabemos se no final deste ano estamos vivos para por em prática as ações que nos aproxima que nos tornam amigos, que nos tornam irmãos. Que a busca da felicidade possibilitada pela melhoria do nosso eu interior, seja um exercício constante, diuturno e real e não apenas um momento no final de cada ano.
 

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  • Sheyla Este é meu querido professor... Pessoa excepcional que muito me ensinou! Um cidadão,pai e homem de valor! Que Deus continue te abençoando professor!! De sua ex aluna que sempre será uma atual cidadã e amante da vida!