22 Setembro 2018 - 21:36

Preconceito é entrave para a contratação de pessoas com deficiência

Após ser aprovado no concurso público para professor da rede estadual do Rio de Janeiro, João Carlos Carreira Alves foi barrado no exame médico. “O médico alegou a surdez em si, que isso seria um impeditivo para eu exercer o magistério”, conta. Ele recorreu e acabou conseguindo assumir a vaga.

Ensinou geografia a estudantes surdos por quatro anos. “Um cego passou pelo mesmo problema. Mas ele recorreu ao judiciário e consegui ser contratado. Eu não tinha consciência nem que tinha o direito de ter direito”.

Isso ocorreu em 1978. De lá para cá, segundo Alves, muita coisa mudou, mas ainda há barreiras a serem superadas para ampliar a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Essa é uma das bandeiras lembrada hoje (21), no Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência.

“No geral, a situação melhorou. Mas há muita gente esperta. Porém, são espertezas dentro da lei. Por exemplo, muitos surdos são contratados por somente quatro horas, que é o mínimo exigido por lei para contratação com carteira assinada”, explica.

Hoje, aos 63 anos, Alves trabalha como analista de tecnologia da informação. O que viveu aos 24 anos o marcou tanto que ele criou Comissão de Luta pelos Direitos do Deficiente Auditivo. “No quesito acessibilidade, a situação melhorou, mas falta atender os surdos que não falam e usam a língua de sinais”, diz.

De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil são mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Sendo assim, essa data representa quase um quarto da população brasileira, cerca de 24%. Em 1991, a Lei de Cotas, Lei 8.213, passou reservar cargos em empresas para pessoas com deficiência.  

por Agência Brasil

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