Após vencer um concurso de poesias nacional, voltado para escritores com deficiência visual em 2020, Agora, Felipe Neves, estudante do curso de Letras, publica seu primeiro livro solo, Dezconstrução, no próximo dia 7 de julho. Vendido exclusivamente na Amazon, o livro é composto por dez contos e marca a estreia do escritor nesse gênero.
No mesmo dia, às 19h, será feita uma live de lançamento no Instagram de Felipe [@peregrino_cego]. A transmissão será acessível em Libras, feita com o apoio da Permear Arte E Acessibilidade. Segundo o autor, a inspiração do livro surgiu numa aula de Literatura, no 2° período da graduação, na qual o professor analisava alguns contos com a turma.
“Segundo ele [o professor], as temáticas da maioria dos contos giravam em torno dos dez mandamentos ou dos sete pecados capitais. Foi quando pensei: será que já existe um livro de contos somente com os temas dos dez mandamentos? Fiz uma breve pesquisa e descobri que não. Rapidamente selecionei alguns contos que já estavam guardados e escrevi outros, todos com uma proposta de desconstruir Os Dez Mandamentos, no sentido de não ser religioso ou de trazer lições morais, mas de construir dez narrativas para provocar, ironizar, devanear e espremer, expelir uma dor”, explicou.
O processo de edição foi feito pela Cia Das Ideias. Felipe explica que três amigos colaboraram auxiliando no aspecto estético e formal do livro. Ele também contou com o apoio da Permear Arte E Acessibilidade para construir a audiodescrição da capa, à qual se encontra nas primeiras páginas do livro; e com a participação da professora da Ufal Susana Souto, que fez o prefácio.
O livro
Cada conto inicia-se com uma referência direta a um fragmento bíblico, que segundo Felipe, habita o nosso imaginário. “Essa referência é, ao mesmo tempo, fio que liga os atos de ler e escrever e chave de leitura para aqueles que entram neste livro tenso” disse.
Os textos focam em temas como amor e violência. O estudante explica que no primeiro conto Não terá outros deuses diante de mim, o narrador em primeira pessoa descreve uma viagem em que dois adultos e uma criança enfrentarão os limites tênues entre amor e ódio, entre morte e vida. “O fim trágico da narrativa revela a ousadia do livro em abordar o que pode existir de mais violento no que chamamos de amor, no desejo de controle e de eliminação de tudo que possa se interpor entre uma personagem controladora e narcisista e o seu objeto de desejo”, revelou.
Ele enfatiza: “Em todos os demais contos, somos instigados a pensar sobre os limites e a possibilidade do ser humano. Assim, Dezconstrução é um exercício de escrita que revela um autor com coragem para expor narrativas duras e cruéis, que interpelam o sentido do humano, próximo ou distante do sagrado”.
por Ufal
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