Desde a divulgação de que a Agência Nacional de Águas autorizou um novo corte na vazão do Rio São Francisco, que já estava no nível mais baixo em 38 anos, os ribeirinhos vivem dias de incertezas e preocupados com as consequências que essa nova redução pode causar, principalmente para o Baixo São Francisco alagoano.
A diretoria colegiada da ANA argumenta que a medida foi tomada devido às condições hidrológicas desfavoráveis, registradas na bacia do São Francisco, e que a vazão reduzida também objetiva evitar que o reservatório de Sobradinho chegue ao chamado volume morto até o fim de 2017.
Para falar sobre o assunto, o presidente em exercício do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira, foi entrevistado na manhã desta quinta-feira, 20 de julho, pela radialista Martha Martyres, âncora do Programa Lance Livre, apresentado na Rádio Penedo FM (97,3 Mhz e www.penedofm.com.br).
De acordo com Oliveira, a situação é muito preocupante, ainda mais porque os municípios que serão diretamente atingidos por essa redução, em sua maioria, não estão preparados para fazer os investimentos necessários para garantir ao menos o abastecimento da população.
“Recebemos com muita tristeza a notícia desse novo corte na vazão em uma reunião realizada na última segunda-feira, 17 de julho. Nos posicionamos contrários a essa decisão até que o IBAMA apresente o relatório dos testes da vazão de 600 m³/s que ainda não foi apresentado, após isso que deveríamos nos posicionarmos. Estamos preocupados, principalmente com o abastecimento de água, ainda mais em municípios sem recursos para o abastecimento”, declarou o vice-presidente do comitê que ocupa, temporariamente, a presidência em virtude do afastamento por licença médica do presidente Anivaldo Miranda.
Maciel Oliveira declarou ainda durante a entrevista que na reunião da diretoria colegiada do comitê, realizada no dia 14 de julho, em Maceió, foram colocados em pauta e aprovados dois projetos emergências com vistas a minimizar os efeitos da salinização na foz do São Francisco. A iniciativa representa uma alternativa de solução para o conflito de uso que envolve a região estuarina do São Francisco e o problema da salinização na foz.
Oliveira destacou que um dos projetos consiste na construção de um reservatório de água bruta e ampliação da Estação de Tratamento de Água (ETA) no município de Piaçabuçu. O mesmo foi apresentado pela Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal). “Estamos fazendo nossa parte para amenizar os efeitos dessa redução. A situação é ainda pior porque o Governo Federal não repassa recursos para esses municípios afetados. A situação em Piaçabuçu é tão preocupante que o prefeito já chegou a decretar situação de emergência”, acrescentou Oliveira.
O outro projeto aprovado pela diretoria colegiada do CBHSF foi apresentado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e consiste basicamente na construção de um pequeno trecho de estrada que liga Brejo Grande a povoados, em Sergipe, para garantir o abastecimento da população através de carro-pipa.
O município de Penedo é uma das cidades ribeirinhas que mais deve ser atingida com essa redução na vazão. No entanto, assim como bem lembrou Maciel Oliveira, o diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Francisco Souza Guerra, já declarou que para não faltar água encanada para a população deverá investir, com recursos próprios da autarquia, a quantia inicial de R$ 200 mil, em sistemas flutuantes de captação.
Maciel Oliveira falou também sobre a questão da proibição de captação de água nas quartas-feiras, consideradas como “Dia do Rio”, e também sobre outros aspectos ligados ao assunto. Clique no player acima e confira o áudio na integra!
por Redação