A imprensa que cria mitos e monstros
Vamos colocar os pingos nos is: a culpa, muitas vezes, é da imprensa, sim!
E isso porque é a imprensa, feita por gente de carne e osso, com ódios e paixões, predileções ou antagonismos, movidas por todos esses e aqueles sentimentos que são inerentes aos seres humanos e que fazem o mundo girar, a responsável pelo conceito que define uma pessoa e a sua existência nas relações sociais e políticas.
A imprensa cria mitos porque sobre determinada pessoa, por incontáveis motivos, faz relatos extraordinários de sua natureza e de suas obras. Na maioria das vezes, reconheço, sem comprovação prática ou uma análise mais minuciosa, mas com uma fé inabalável na esperança de que um sonho possa tornar-se realidade.
É claro que a imprensa, formada por pessoas, por gente, também é movida por outros interesses, sejam eles de poder político ou econômico, até mesmo de dominação ou vaidade, mas não conheço nada que se compare à mola propulsora da fé e da esperança.
Por isso a imprensa amplifica, através do imaginário das pessoas, as qualidades em que aposta para a execução das ideias e dos sonhos. E assim são criados os mitos.
Criamos mitos de bondade, de honradez, de competência, de honestidade e de tantas qualidades quantas forem necessárias para determinar as propriedades ou características da realidade que desejamos concretizar. Lembrem-se de que, para isso, contamos com os institutos de pesquisa.
O bom, é que às vezes dá certo. Não é assim muito comum, mas ainda é gratificante constatar que a maioria dos valores que aprendemos entre um puxão de orelhas e outro, quando crianças, ainda prevalece.
No entanto, quando dá errado, criam-se os monstros.
A definição de monstro é de um ser disforme, contrário à natureza, ameaçador, desumano e cruel, que pode adquirir diversas formas, ou seja, um ser frio e hipócrita, capaz dos atos mais atrozes sem nenhuma indulgência ou remorso.
Mas, o monstro tem uma característica singular: ele é capaz de tornar-se irreconhecível, de fantasiar-se, de mascarar-se e tomar as formas mais virtuosas.
Assim sobrevivem os monstros políticos. Fantasiando-se, mascarando-se e cometendo os mais cruéis atos contra o povo que os prestigiou e privilegiou.
Os monstros são traiçoeiros. Fantasiados de mitos, espertos, usam a imprensa como escudo e iniciam uma batalha para tomar o poder. Escondem suas verdadeiras intenções em falsos laços de amizade; manipulam os colaboradores para que se comportem de acordo com a direção de seus objetivos; adulteram resultados, apropriam-se dos bens públicos, subtraem direitos, usurpam ideias, menosprezam as conquistas dos outros e desdenham as virtudes alheias.
Os monstros da política enganam o povo e só deles se aproximam para que sirvam de escravos na construção de sua pirâmide de poder. Tem nojo, medo do abraço e do aperto de mão e disfarçam o asco que o povo lhes causa com a pálida, às vezes rósea desculpa da timidez.
Os monstros da política fazem de conta que administram, fazem de conta que entendem das necessidades e carências da população e a tudo respondem com desprezo e ironia, como se estivessem prestando um grande obséquio, uma indulgência até.
Os monstros, nascidos muitas vezes mitos por culpa da imprensa, perpetuam o analfabetismo e a fome. Promovem a prostituição e o crime fomentando a miséria humana.
E a miséria humana está nas escolas desmontadas, nos professores mal remunerados, na falta do atendimento médico e na falta do remédio que cura a doença, nos hospitais destroçados, enfim, nas cidades devastadas, abandonadas pela incompetência, pela insensibilidade, pela irresponsabilidade, pela improbidade e por uma desonrosa indignidade.
A culpa, muitas vezes, é da imprensa, sim!
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