Penedo e seu futuro
Falar sobre Penedo tem sido um exercício diário nos quase vinte e cinco anos em que, desde a Emissora Rio São Francisco, o rádio possibilitou-me a oportunidade de expor idéias e tecer opiniões sobre seu passado, presente e futuro.
Penedo e seu futuro, a princípio, parece um tema extremamente subjetivo, afinal, futuro sempre foi associado a destino, sem essa concepção dinâmica que o presente nos oferece, até que surgiu o famoso e tão decantado planejamento.
Hoje, talvez seja possível vaticinar sobre o futuro de Penedo. O que essa cidade tão linda e amada nos reserva e que destino estamos planejando para ela?
É impossível pensar em Penedo de forma dissociada de seu inequívoco patrimônio hoje tombado pelo Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Cidades privilegiadas como Penedo, Marechal Deodoro e Piranhas, consideradas patrimônio do Brasil, merecem muito mais do que serem detentoras do orgulho de representantes vivas da história de nosso povo e de nosso país. É urgente e imprescindível viabilizar um futuro que exige alicerce no passado, consciência do potencial existente no presente e arrojado projeto futurista.
Em minha modesta opinião, as perspectivas de Penedo têm duas vertentes: educação e turismo ecológico e cultural.
Pela sua localização geográfica e recursos ambientais/hidrológicos disponíveis, Penedo pode transformar-se em um destino turístico dos mais encantadores, desde que haja, por parte dos governos e da iniciativa privada um investimento robusto com infra-estrutura de serviços disponíveis à população local e flutuante, com hotéis de qualidade, valorização da cultura gastronômica, formação de mão-de-obra especializada, utilização sustentável das oportunidades empresariais que o Rio São Francisco e a Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Marituba e a desconhecida Zona Rural do município oferecem, entre outros.
Pela sua história e tradição, pela importância do Penedo na história do Brasil Colonial e na história universal, a cidade pode desenvolver, a partir de um projeto cultural sólido, concebido a partir do resgate de tradições seculares e do atual potencial artístico material e imaterial, o turismo cultural que é uma das maiores fontes de faturamento do mundo. Basta voltarmos os olhos para a Europa, onde a história da humanidade, a cultura, o patrimônio arquitetônico e cultural são o chamariz para a região mais visitada do planeta.
A outra vertente é a educação. Penedo dispõe de redes de ensino, municipal, estadual e privada de fazer inveja a qualquer cidade desse estado. De Moxotó a Maragogi, de Piaçabuçu a Estrela de Alagoas, poucas cidades alagoanas têm a estrutura educacional de Penedo. Por que não transformar essa cidade em um pólo educacional, uma Cidade de Estudantes?
Temos a maior escola do interior do estado de Alagoas: o Colégio Estadual José da Silva Peixoto, superada apenas pelo complexo CEPA em Maceió, que reúne várias escolas. A Universidade Federal de Alagoas – UFAL é uma realidade. Há trinta e oito anos dispomos da Fundação Educacional do Baixo São Francisco Raimundo Marinho, revigorada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Faculdade de Ciências Jurídicas de Alagoas e estamos na iminência do início das obras do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia, antigo CEFET, que em um futuro breve será transformado em universidade. Há idéias em gestação para a instalação da Universidade de Ciências da Saúde – UNCISAL, da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL e já contamos com a presença das faculdades à distância, além do Centro de Educação Integral e Aplicada Don Jonas Batinga.
Na rede particular de ensino temos o Colégio Diocesano de Penedo, uma das mais tradicionais instituições de ensino do estado, por onde passaram figuras eminentes da história de Alagoas; o Colégio Imaculada Conceição, Cooperativa Educacional de Penedo-Coopepe, Escola Sagrado Coração de Jesus, Escola Jean Piaget, Escola São José, Escola Pingo de Gente e inúmeras outras entidades educacionais que engrandecem a nossa cidade.
Não se poderia então transformar Penedo em um centro de formação da mão-de-obra tão carente em nosso país e principalmente em nossa região, interferindo na economia e gerando progresso para a nossa cidade?
Infelizmente, temos acompanhado ao longo dos anos por parte dos nossos governantes a execução de uma política que confunde crescimento com desenvolvimento. Os gestores públicos em suas administrações, o empresariado e a sociedade vêm realizando ações de forma lírica, sentimental, desprovidas do senso de realidade tão comum nos dias atuais.
A modernidade que se precisa imprimir às ações que vão viabilizar o futuro de Penedo é a mesma que vai substituir o explorado e escravizado cortador de cana pela máquina. E dentro de alguns anos, quando isso acontecer, o que será desse trabalhador? Que perspectivas ele tem de sobrevivência? O sonho de que alguém vai cair do céu e implantar aqui uma nova indústria para que ele continue sendo apenas e simplesmente mais um operário? É sonho. Apenas isso: sonho. E sonho mau!
É chegada a hora de produzir uma nova safra em nossa cidade, mas uma safra de trabalho sério, esforço coletivo, decisão política e visão macro que podem estar aliados aos sonhos sim, mas capazes de criar, inventar, discutir, repensar, modificar conceitos pré-concebidos, enraizados e apodrecidos que não se concretizam e têm impedido o progresso de nossa cidade.
Penedo precisa valorizar o seu passado expurgando os males antigos, combatendo os companheiros do ter e do poder, valorizando o ser e o dever e seguindo, confiante, em um futuro à altura de seu título de “Mui nobre e sempre leal”.
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