Martha Martyres

Martha Martyres

Radialista, diretora da rádio Penedo FM, âncora do jornalismo no Programa Lance Livre

Postado em 28/10/2009 11:33

Penedo e seu futuro

Falar sobre Penedo tem sido um exercício diário nos quase vinte e cinco anos em que, desde a Emissora Rio São Francisco, o rádio possibilitou-me a oportunidade de expor idéias e tecer opiniões sobre seu passado, presente e futuro.

Penedo e seu futuro, a princípio, parece um tema extremamente subjetivo, afinal, futuro sempre foi associado a destino, sem essa concepção dinâmica que o presente nos oferece, até que surgiu o famoso e tão decantado planejamento.

Hoje, talvez seja possível vaticinar sobre o futuro de Penedo. O que essa cidade tão linda e amada nos reserva e que destino estamos planejando para ela?
É impossível pensar em Penedo de forma dissociada de seu inequívoco patrimônio hoje tombado pelo Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Cidades privilegiadas como Penedo, Marechal Deodoro e Piranhas, consideradas patrimônio do Brasil, merecem muito mais do que serem detentoras do orgulho de representantes vivas da história de nosso povo e de nosso país. É urgente e imprescindível viabilizar um futuro que exige alicerce no passado, consciência do potencial existente no presente e arrojado projeto futurista.


Em minha modesta opinião, as perspectivas de Penedo têm duas vertentes: educação e turismo ecológico e cultural.

Pela sua localização geográfica e recursos ambientais/hidrológicos disponíveis, Penedo pode transformar-se em um destino turístico dos mais encantadores, desde que haja, por parte dos governos e da iniciativa privada um investimento robusto com infra-estrutura de serviços disponíveis à população local e flutuante, com hotéis de qualidade, valorização da cultura gastronômica, formação de mão-de-obra especializada, utilização sustentável das oportunidades empresariais que o Rio São Francisco e a Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Marituba e a desconhecida Zona Rural do município oferecem, entre outros.

Pela sua história e tradição, pela importância do Penedo na história do Brasil Colonial e na história universal, a cidade pode desenvolver, a partir de um projeto cultural sólido, concebido a partir do resgate de tradições seculares e do atual potencial artístico material e imaterial, o turismo cultural que é uma das maiores fontes de faturamento do mundo. Basta voltarmos os olhos para a Europa, onde a história da humanidade, a cultura, o patrimônio arquitetônico e cultural são o chamariz para a região mais visitada do planeta.

A outra vertente é a educação. Penedo dispõe de redes de ensino, municipal, estadual e privada de fazer inveja a qualquer cidade desse estado. De Moxotó a Maragogi, de Piaçabuçu a Estrela de Alagoas, poucas cidades alagoanas têm a estrutura educacional de Penedo. Por que não transformar essa cidade em um pólo educacional, uma Cidade de Estudantes?

Temos a maior escola do interior do estado de Alagoas: o Colégio Estadual José da Silva Peixoto, superada apenas pelo complexo CEPA em Maceió, que reúne várias escolas. A Universidade Federal de Alagoas – UFAL é uma realidade. Há trinta e oito anos dispomos da Fundação Educacional do Baixo São Francisco Raimundo Marinho, revigorada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Faculdade de Ciências Jurídicas de Alagoas e estamos na iminência do início das obras do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia, antigo CEFET, que em um futuro breve será transformado em universidade. Há idéias em gestação para a instalação da Universidade de Ciências da Saúde – UNCISAL, da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL e já contamos com a presença das faculdades à distância, além do Centro de Educação Integral e Aplicada Don Jonas Batinga.

Na rede particular de ensino temos o Colégio Diocesano de Penedo, uma das mais tradicionais instituições de ensino do estado, por onde passaram figuras eminentes da história de Alagoas; o Colégio Imaculada Conceição, Cooperativa Educacional de Penedo-Coopepe, Escola Sagrado Coração de Jesus, Escola Jean Piaget, Escola São José, Escola Pingo de Gente e inúmeras outras entidades educacionais que engrandecem a nossa cidade.

Não se poderia então transformar Penedo em um centro de formação da mão-de-obra tão carente em nosso país e principalmente em nossa região, interferindo na economia e gerando progresso para a nossa cidade?

Infelizmente, temos acompanhado ao longo dos anos por parte dos nossos governantes a execução de uma política que confunde crescimento com desenvolvimento. Os gestores públicos em suas administrações, o empresariado e a sociedade vêm realizando ações de forma lírica, sentimental, desprovidas do senso de realidade tão comum nos dias atuais.

A modernidade que se precisa imprimir às ações que vão viabilizar o futuro de Penedo é a mesma que vai substituir o explorado e escravizado cortador de cana pela máquina. E dentro de alguns anos, quando isso acontecer, o que será desse trabalhador? Que perspectivas ele tem de sobrevivência? O sonho de que alguém vai cair do céu e implantar aqui uma nova indústria para que ele continue sendo apenas e simplesmente mais um operário? É sonho. Apenas isso: sonho. E sonho mau!

É chegada a hora de produzir uma nova safra em nossa cidade, mas uma safra de trabalho sério, esforço coletivo, decisão política e visão macro que podem estar aliados aos sonhos sim, mas capazes de criar, inventar, discutir, repensar, modificar conceitos pré-concebidos, enraizados e apodrecidos que não se concretizam e têm impedido o progresso de nossa cidade.

Penedo precisa valorizar o seu passado expurgando os males antigos, combatendo os companheiros do ter e do poder, valorizando o ser e o dever e seguindo, confiante, em um futuro à altura de seu título de “Mui nobre e sempre leal”.
 

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  • ROBERTO É isso Martha, Penedo tem de tudo para ser uma Cidade mais próspera, gerar renda, valorizando seu patrimônio e chamando a atenção de todas as regiões do Brasil. E para isso não precisa de muito não, pouca coisa mesmo,seria o suficiente para dar aquele embalo na situação, é difícil ver a Cidade de Penedo na mídia nacional,e quando passa chama muito a atenção, por sua beleza natural, ah! outra coisa a infra instrutura é pequena ou não é divulgada a atento.Mas temos cidades vizinhas que tem seu minuto garantido nos meios.Por isso quem sabe um dia isso torne realidade. EM29OUT09 R O B E R T O.
  • José Claudio Pereira Parabens pela sua visão sistemica sobre Penedo. Neste sentido penso parecido com você sobre Penedo com apenas alguns detalhes. Primeiro acho que Penedo só irá desenvolver em outros aspéctos (renda por exemplo) Quando a sociedade daqui romper com esse conceito que só pode conduzir os destinos desse lugar quem tem sobrenome de peso, ou grande empresário, ou melhor gente de fora de Penedo. Pois acredito que é ai que tudo começa no poder público. Depois intenção sem ação é exatamente igual a nada, basta olhar no passado recente de Penedo dos ultimos quinze anos, quem nos representou principalmente nos poderes Legislativo e Executivo, as intenções e as atitudes e se perguntar será que houve comprometimento dessas pessoas e se houve com que? A sociedade de penedo quer colher frutos de algo que não planta e consequentimente penedo não tem direção, e quem não sabe para onde quer ir todo caminho é bom, talvez estejamos no caminho certo. Obrigado por este espaço democrático.
  • JOSE HONORATO E POR FALAR EM FUTUROLOGIA ... Prefeito de Penedo é recordista em processos judiciais Alexandre Toledo é acusado de desviar recursos do Fundef com alunos fantasmas, notas fiscais falsas e pagamento de agiota com dinheiro público MARIA SALÉSIA E RÓDIO NOGUEIRA O prefeito do município de Penedo, Alexandre Toledo, PSDB, é recordista alagoano em processos judiciais, relacionados a suas gestões anteriores e a atual. Pesa sobre ele denúncias de desvio de recursos do Fundef com alunos fantasmas, notas fiscais falsas, pagamento de agiota com di-nheiro público, ajuda a pessoas "carentes" a exemplo da filha de um ex-prefeito do município. O "assalto" aos cofres públicos, prota-gonizado por Toledo, é considerado histórico e contou com a complacência da primeira dama, Ivana Toledo. Para se ter uma ideia das falcatruas apenas no censo escolar de 2004 foi detectado pela comissão de inquérito quase dois mil alunos fantasmas. A fraude veio à tona em 2006, após denúncia, onde o procurador geral do município, Ednaldo Mariano de Lima, abriu inquérito administrativo, através da Portaria nº 0626. "O número de alunos informados no questionário do censo era superior ao número de alunos relacionados nas atas de resultado final", diz o documento em poder do Extra. Isso só foi possível porque os diretores escolares eram obrigados a preencher cadernos do censo a lápis, mas teriam que assinar os mesmos com caneta. Quando algum profissional questionava a prática, a justificativa era que seria para evitar rasu-ras no documento. Em depoimentos a comissão de inquérito, todos os diretores afirmaram que nunca souberam que teria acontecido algo de errado no censo. VEJA MAIS NO JORNAL EXTRA NAS BANCAS