Isabel Fernandes

Isabel Fernandes

Bibliotecária Especialista e Contadora de Historias

Postado em 02/04/2011 12:36

O que falar?

Você passa por uma situação de assalto, os ladrões levam sua bolsa e as pessoas lhe dizem: “Agradeça a Deus por não estar machucada”. Agora eu pergunto o que falar para a família enlutada do Capitão Macário? Assassinado brutalmente por “assaltantes” em plena luz do dia, em sua residência, quando saiu em defesa de sua família.

Então, que diremos aos pais idosos que perderam um filho tão querido, à esposa que ficou sem seu esposo amoroso, aos filhos que nunca mais sentirão o seu abraço forte, dando-lhes a segurança tão necessária, aos irmãos que não terão mais seu carinho e aos amigos que sentirão muita saudade de uma pessoa tão estimada. 

A violência campeia a solta em nosso Estado e já se tornou algo banal. Andamos assustados nas ruas. Nossa casa deveria ser nosso porto seguro. Todavia, pode ser invadida a qualquer hora, tanto faz seja dia ou noite, nada intimida mais os malfeitores. Para eles atingirem seus objetivos, uma vida a mais ou a menos não faz a menor diferença.

Por que chegamos a esse ponto? A resposta pode estar lá atrás, na formação sócio, histórica, política, econômica e cultural brasileira. Os índices alarmantes da violência em Alagoas também estão presentes em todos os Estados da federação, às vezes em proporção menor, provocados pela falta de educação, cultura, emprego, geração de renda, enfim de políticas públicas eficazes no combate e prevenção dessa mácula em nossa sociedade.

Enquanto houver crianças passando fome, sem escola, sem lazer, sem acesso às artes e educação, não haverá perspectivas melhores em relação à segurança para nós pessoas dignas, honestas, trabalhadoras e contribuinte de impostos, que se diga de passagem nossa carga tributária é uma das mais altas do planeta.

O criminoso não nasceu criminoso, uma série de circunstâncias o levou por esse caminho. É preciso termos consciência também dessa realidade como cidadãos que somos e sermos participativos de alguma forma, seja nos engajando nos movimentos a favor da paz, cobrando posicionamentos dos nossos governantes, enfim nos envolvermos mais com os problemas do nosso Estado. A crítica é importante, mas não soluciona os problemas, a participação sim, poderá ser a solução. Precisamos que Estado e sociedade civil busquem juntos o caminho da PAZ.

E agora, o que falar para a família enlutada do Capitão Macário?
Devemos dizer que siga em frente, já que os seres humanos têm a enorme capacidade de superação. Será o bastante?

Sabemos que nada trará o ente tão querido de volta e que só o tempo diminuirá tamanha dor. Mas, dependendo do nosso posicionamento daqui por diante, talvez ele não seja mais um que tombou em vão.

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  • Zuildson Ferrreira Alves Uma série de fatores levam as pessoas ao mundo da violência sem fim.educação,cultura,aspectos econômicos,religiosos,éticos.uma infinidade,mas fico com a impunidade.a certeza da impunidade.as leis existem mas têm que ser cumpridas rigidamente.a certeza absoluta da punição rígida sem nenhuma possibilidade de fuga deve por um freio a essa situação que atinge a todos os estados brasileiros.todos nós estamos sujeitos a violência.algo tem que ser feito.a situação está insuportável.Parabéns pela reflexão.
  • Luani Bel, Nós precisamos é voltar a ter o direito de abrir as nossas casas, de ter segurança pública, o que precisamos é da separação do joio do trigo perante a sociedade alagoana. Parabéns e muita luz.
  • janilton tavares É PRECISO ARREGAÇAR AS MANGAS!!! olá srª izabel! tenho apenas 20 anos de idade, e o que vejo no nosso mundo atual, é uma grande massa de jovens sem esperança e sem pespectiva nenhuma de futuro, e ainda tem a outra parte que vivem no mundo da banalidade.Por tanto en nada me surpreende tanta violência, pois são as consequências da juventude \\\"mal aproveitada\\\" e de certa forma \\\"despresadas\\\", veja por exemplo: o progamas para a juventude do governo federal como o \\\"prójovem\\\" será que de fato eles estão surtindo o efeito esperado pelos idealizadores? ou seja, será que estes projetos estão realmente tirando os jovens do mundo das drogas e da crimilidade? pelo menos aqui em penedo não. pois vejo que pra maioria dos jovens o que interessa é a bolssa(auxilio de S$ 100,000 reais) que a eles são dadas, e nas escolas? será que \\\"os formadores de cidadãos\\\" estão preocupados en ensinar aos alunos não só o conteúdo de suas respectivas disciplinas, mas sim ÉTICA, MORAL,HONESTIDADE en fim CIDADANIA?, e nós cidadão? que estamos fazendo para combater essas mazelas que nos afrigem diáriamente? será que na hora de votar nós pensamos nessas \\\" mazelas\\\"? e quando decidimos apoiar algum candidato? são N\\\'s os questionamentos que devemos fazer porque enquanto ficarmos apenas á lamentar e críticar NADA VAI MUDAR! ,é preciso nos cosciêntizarmos de que o mundo en que vivemos só pode ser mudado por nós.Então está mais do que na hora de nos preocuparmos mais com a socuedade en que vivemos ou iremos lamentar a vida inteira...