A era da juventude opaca e inerte
Atualmente estou me sentindo um tanto quanto revoltado com os problemas sociais que estão afligindo nossa nação, porém, me deixa mais revoltado a forma como nós, especialmente a juventude, estamos encarando os fatos.
Apaixonado por história do Brasil e muito curioso que sou, recordo-me claramente dos fatos que antecederam a atual geração juvenil. Muitos destes fatos aconteceram em épocas quando eu era apenas um sonho dos meus pais, todavia, percebo em livros e documentários o quanto a juventude da época era “agitada”, preocupada com o seu futuro e o futuro da sociedade. Percebo também que aquela geração juvenil não era muito de calar e consentir diante dos graves problemas que existiam.
Devemos todos concordar que as gerações que nos antecederam eram muito mais críticas e mais exigentes que a atual. No decorrer da história brasileira podemos notar algumas destas características associadas aos acontecimentos. Durante o regime militar, por exemplo, muitos jovens, em sua maioria estudantes, tiveram suas vidas ceifadas devido as constantes lutas e críticas ao sistema político estabelecido na época. Podemos notar também, a total participação estudantil em movimentos que eram contra toda a problemática que ocupava o Brasil à época. Estudantes, músicos, jornalistas, jovens que passaram da opacidade e da morosidade para uma efervescente batalha em busca de um Brasil mais justo e igualitário.
Ao ler as páginas dos livros de história, percebo também a presente atuação juvenil nos grandes escândalos políticos, como no caso do Impeachment do governo Collor, onde os “caras pintadas” foram às ruas exigir que o gestor da época deixasse o cargo. Neste caso, não acredito que essa massa juvenil foi a principal responsável pela mudança do gestor, afinal muitos deles só lá estavam por conta de alguns litros de refrigerante e outras coisas que só Deus sabe. Mas pelo menos eles deram a cara à tapa. Mas isso não vem ao caso.
Causa-me grande indignação ver que todos esses esforços feitos por aqueles que nos antecederam foram em vão, afinal, não estamos dando o devido valor a todos esses anos de luta, e bem mais que isso, àqueles que até hoje suas famílias esperam noticias sobre o seu “desaparecimento”. Isso nos mostra uma atual geração de inertes, de sedentários, esperando que a solução para toda essa violência, para a deficiência na saúde e para a educação capenga, caia dos céus.
Ao encerrar este pequeno artigo, recordo dos versos de Geraldo Vandré, - que teve suas cordas vocais retiradas pela força do Regime Militar - na música “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, onde sabiamente ele dizia: “Vem, vamos embora! Que esperar, não é saber. Quem sabe, faz a hora. Não espera acontecer".
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