Telinha
Depois de um dia exaustivo, sento-me em frente à TV. O mundo inteiro surge na telinha. Países de todos os Continentes vão revelando sua história, crises, vitórias e luta pelo poder.
Surge o Brasil... Um misto de decepção e esperança se apodera de mim. Homens de terno e gravata, tentam explicar o inexplicável e justificar suas caminhadas, seus feitos e desfeitos. Ocultam o essencial e enaltecem o mínimo que foi feito. Rios de dinheiro escondido nas malas, nas meias, nas cuecas e sabe-se lá aonde mais. E continua o desfile: Miss Brasil, luxuosos edifícios, miseráveis moradias. Quando chove, lá em cima o pára-raios absorve o perigo e lá embaixo o pessoal desaparece e o barraco vai embora com as águas... É o contraste social.
Chega um engravatado na telinha e parabeniza o povo brasileiro pelo aumento do salário mínimo... Continuo o meu "passeio " pelos canais. Vem a ficção das novelas: gente querendo subir, encontrar um cantinho para "se socar" e beber da fonte dos ricos. Outro começa a filosofar quando diz que " é um viajante do deserto que encontra a água pura e límpida, mas que não pode bebê-la, pois é fruto proibido..." Fruto proibido é o acesso a uma vida digna, com moradia, trabalho e lazer. Águas límpidas que ainda não saciaram a sede dos que estão em busca de uma vida melhor, igual para todos, pois todos somos herdeiros e filhos do mesmo DEUS!
Começa a propaganda política. Não pisco, olhando cada rosto, ouvindo cada promessa. Tem candidato que fica lendo o que está à sua frente para não esquecer nada, temeroso de desencantar o eleitor. Candidato de fala mansa e olhar profundo, só falta atravessar a tela da TV. Candidato de fala apressada, quase se engasgando para dizer tudo de uma vez, preocupado com o limite do seu tempo.
Tem candidato que chora, relebrando sua história de pobreza e de sacrifício. E o que dizer daquele candidato que vira anjo da guarda? Preocupado com os pobrezinhos, com as criancinhas, com os velhinhos, enfim com todos! É proteção pra dar e vender! A venda do " peixe" prossegue. Cada um que grite mais alto, mostrando seus feitos, passando a rasteira no outro que está em destaque. É a lei selvagem da campanha política eleitoral. Candidato comendo pastel duro e frio nas ruas, tomando café em copo descartável, queimando os dedos em prol de votos... Tudo vale a pena! Pra eles é claro!
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