Maria Núbia de Oliveira

Maria Núbia de Oliveira

Escritora e poeta, integrante da Academia Penedense de Letras

Postado em 23/10/2012 16:40

Naufrágio

Deve ser desesperador, em meio a tempestade em alto mar, sem bóias, à mercê dos perigos, um barco ser atingido pela força poderosa de uma inevitável e gigantesca onda.
A situação fica ainda mais dramática quando o tal barco não se preparou para os eventuais fenômenos da natureza.

O que fazer nesse momento? Entrar em pânico? Pular do barco antes do tempo? Abandonar aqueles que confiaram na sua capacidade? É difícil precisar. O momento crítico enfraquece o homem, desamarra os laços da amizade, se fundamentada em bens materiais. No momento da queda, a arrogância, o esnobismo, as promessas de segurança vão ao chão ou no caso, à água. Os mais vulneráveis, antes, com os olhos fixos no comandante, perdem o encanto pelo seu guia, e em nome da sobrevivência, decidem, sem orientação, pelo que é melhor.

Esse desejo de sair imune, estimula o pulo. Aquele barco já não é o lugar seguro de outrora... As correntes se quebraram e os elos, antes fortalecidos, se romperam e cada um deles se distanciou daquilo que antes era uma corrente que impedia qualquer outra de adentrar no barco e que não se preocupou em tirar a sujeira da bússola que em cada navegação se precipitava para o naufrágio...

O homem ainda não aprendeu a distinguir o sentido do "ser" e do " estar". O ser dura toda a existência. O estar é um período. Não podemos nos apegar ao barco, pensando que ele será sempre nosso. Um dia teremos de entregá-lo nas mãos de outro comandante e que essa entrega seja tão digna e feliz pelo dever cumprido.

O barco a que me refiro é a Prefeitura Municipal de Penedo! O comandante, é cada Prefeito que vai assumindo através dos séculos. Cuidar desse barco é dever de cada um que vai chegando. O que não pode acontecer é querer tomar posse, se aboletar e em nome não sei de quem, lutar desesperadamente para não sair, apelando pra todos os meios inimagináveis. E quando não consegue, descarregar toda a revolta nos tripulantes, deixando-os sem meios para sobreviverem, tirando-lhes todas bóias.

Depois das eleições é visível a mudança em nossa cidade. Lixo por toda parte, postos sem atendimento, funcionários sem seus vencimentos. O paraíso encantado acabou! A alegria do poder virou sombras. O ideal pela cidade voou para bem longe! Quando se ama, jamais se abandona o amor no momento em que a estrela deixa de brilhar! Pelo contrário, qual guardião, fiel ao palácio, o comandante deveria brilhar ainda mais, esperando a saída do último tripulante, apertando sua mão e agradecendo pela presença na tripulação. Assim é que deve ser! Mas não está sendo. Que pena! Sejamos como aqueles músicos do TITANIC , que tocou violino até o navio afundar!

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  • DEU SONO!!! A IDADE CHEGA E ESQUECEMOS DE MUITAS PASSAGENS...PAREMOS DE SER DEMAGOGOS(AS), TUDO ISSO JÁ EXISTIU ABAIXO DO SOL, NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE ACONTECE O NAUFRÁGIO, E CENAS ABSURDAS FORAM VISTAS NO BARCO E COM OS TRIPULANTES...É A LEI DO PODER, VÃO UNS, VÊM OUTROS...FALAR DE AMOR? HÁ O AMOR...UTOPIA !
  • DONA DOROTÉIA...JESUS, MARIA, JOSÉ... Nobres são os que pensam, refletem. Parei pra pensar...como ir de encontro as minhas crenças? a minha religiosidade?..tapar meus ouvidos ao condutor do rebanho? me deixar levar por idolatria? enfim...poema? por que vangloriar? é trocar 6 por 1/2 dúzia...é fácil falar em verso e prosa,será?DEMAGOGIA!
  • DO MAL Quero dizer aos DO BEM, que eles estavam do lado errado, isso que está sendo feito com o povo de Penedo é uma grande falta de respeito, a população como um todo, não tem lado nessa hora, ela tem que ser respeitada, tenham a certeza de que grande parte de cidadãos, eleitores do 45, desaprova isso.
  • CARA NUBIA, MT VERDADEIRO O SEU TEXTO, E INFELIZMENTE OS "MUSICOS" DO NAUFRAGIO SÃO OS SERVIDORES EFETIVOS QUE AGUENTAM AS REBORDOSAS DOS QUE SAEM E DOS QUE ENTRARÃO, KKKKKK "c`est la vie !!!!!