Valfredo Messias dos Santos

Valfredo Messias dos Santos

Procurador de estado, defensor público e membro da Academia Penedense de Letras

Postado em 12/01/2011 11:36

Tudo Velho no Ano Novo?

As comemorações da virada para o Ano Novo deveriam ser de reflexão, de análise do que fizemos de bom ou de ruim no ano que está ficando para trás. Deveriam ser revestidas de um simbolismo que representasse um renascimento de idéias , de comportamento, de novas conquistas. Entretanto, o que acontece é uma série de acontecimentos negativos ocasionados por acidentes nas estradas por excesso de velocidade, em razão da alta ingestão de álcool ou por outras inúmeras formas de imprudências ,obrigando aos que fazem a segurança das estradas a intensificarem a fiscalização para que seja, a cada ano, diminuído o número de óbitos e danos materiais a patrimônios conquistados com muito sacrifício. Outros, surpreendido pelos efeitos danosos da bebida provocam brigas, espancam mulheres, se desmoralizam e, ao invés de estarem junto de seus familiares rompem a barreira de um ano para o outro trancafiados em prisões, ou nos túmulos, anulando tudo o que foi planejado com tanta expectativa.

Por ocasião da contagem regressiva, abraços são dados, gritos de euforia são ecoados pelo ar, muitos pedidos de perdão e de desculpas além de muitas lágrimas que rolam pelos rostos de muitos pela emoção do momento mágico. A festa regada à peru e outras iguarias, acompanhada por um bom uísque ,champanhe ou vinho e a tradicional cerveja , continua nos lares mais abastados; nos mais simples, a festa também acontece nas portas de suas casas com aperitivo e uma boa pinga. Outros vão para as praias assistirem à queima de fogos e permanecem ali durante grande parte do dia seguinte se deleitando com a brisa do mar sendo despertados com o calor dos raios solares que anunciam uma manhã de um novo dia e de um ano novo.

Ainda não paramos para refletir sobre o verdadeiro sentido desses acontecimentos que enaltecemos como importantes: o nascimento de Jesus e a celebração da chegada do novo ano. Da forma como comemoramos, estamos a dizer que são momentos comuns, idênticos aos carnavais fora de épocas e outras festas regadas à muito regue, Aché, e ingestão de álcool e de outras drogas.

No interior de cada um de nós, o que mudou? Será que pela simples mudança de dia de um calendário é possível haver transformação de nossas mentes, de nossos sentimentos? Ou, ao abrirmos os olhos no dia seguinte, e pormos os pés no chão, ao encaramos a realidade, não vemos, no espelho da vida, a mesma imagem refletida no ano anterior?

Não adianta festejarmos a passagem de um ano para o outro se não nos esforçarmos para promover as transformações interiores, extirpando sentimentos ruins como a mágoa, a tristeza, o ódio, a inveja, e continuando a ofender os outros, a criticar por criticar, a torcer pelo insucesso daqueles que elegemos nosso inimigo. Se continuarmos assim, para que serviu a celebração da chegada de um Ano Novo, se dentro de nós permanecem as mazelas do Ano Velho?

Precisamos entender que é muito tempo esperar o final de cada ano para nos conciliar com os outros, para pedirmos perdão, desculpas, para abraçarmos fortemente, como a querer passar uma energia positiva. A vida é traiçoeira e não sabemos se no final deste ano estamos vivos para por em prática as ações que nos aproxima que nos tornam amigos, que nos tornam irmãos. Que a busca da felicidade possibilitada pela melhoria do nosso eu interior, seja um exercício constante, diuturno e real e não apenas um momento no final de cada ano.
 

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  • Sheyla Este é meu querido professor... Pessoa excepcional que muito me ensinou! Um cidadão,pai e homem de valor! Que Deus continue te abençoando professor!! De sua ex aluna que sempre será uma atual cidadã e amante da vida!