11 Abril 2009 - 08:01

Estresse é uma patologia que pode até ter início no nascimento

O estresse é uma reação adaptativa do organismo frente as alterações – físicas, emocionais ou cognitivas – do ambiente. Nos tempos atuais, em que as pessoas estão expostas a uma avalanche de desafios a cada instante, o que não faltam são alterações no ambiente doméstico e corporativo. Quando esse sistema de resposta no corpo passa a ser requisitado de forma muito frequente e intensa, há aumento na produção regular dos hormônios adrenalina e cortisol, de forma contínua, podendo configurar uma doença. Sendo assim, o estresse acontece quando o processo adaptativo é solicitado continuamente, gerando respostas do corpo, que fica em constante “estado de alerta”.

Ao nascer as crianças podem já desenvolver ou evoluir para o estresse, conforme aponta um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), realizado pelo psiquiatra Marcelo Feijó de Mello, coordenador do ambulatório de atendimento às Vitimas de Violência e Estresse Pós-Traumático (Prove).

A pesquisa foi realizada durante dois anos, com bebês entre seis meses e um ano de idade, que nasceram prematuros. Logo após o nascimento essas crianças foram divididas em dois grupos, de acordo com o método de cuidado e manutenção da temperatura corpórea: o primeiro foi mantido em incubadora, enquanto o segundo ficou perto do corpo da mãe, através da técnica Mãe-Canguru. O estudo concluiu que os recém-nascidos mantidos na incubadora imediatamente após o nascimento produziam o hormônio cortisol – diretamente ligado ao estresse – em maior quantidade do que o habitual. Além disso, o desenvolvimento físico dessas crianças foi menor do que aquelas tratadas pelo método Mãe-Canguru.

“Se as crianças, enquanto bebês, são expostas a um nível considerável de estresse como apontou o estudo, ao se tornarem adultas a chance de desenvolverem essa patologia quando submetidas a situações desafiadoras é consideravelmente maior”, analisa Feijó.
Uma série de outras doenças pode ser desencadeada pela resposta excessiva aos estímulos de desafio, que é o estresse patológico. Os distúrbios psiquiátricos, como a depressão, os transtornos compulsivos e os transtornos ansiosos são alguns exemplos. Além disso, graus mais avançados do estresse patológico podem alterar o equilíbrio físico do organismo, desencadeando hipertensão arterial, doenças coronarianas (quando há alteração das artérias coronárias, que levam sangue ao coração), diabetes, hipertrigliceridemia (triglicérides em níveis mais altos do que os normais) e colesterolemia (colesterol em taxas superiores às normais).
De acordo com o psiquiatra, o diagnóstico não é tão simples quanto parece. Sintomas como sono alterado (ou não restaurador), cansaço persistente, alteração do apetite ou queda da imunidade podem indicar um quadro de estresse. Eles são sinais de alerta para o paciente e para o médico, a fim de impedir que o quadro se agrave. “Perceber a necessidade de ajuda profissional é muito difícil”, comenta Feijó. “Quanto mais tarde o tratamento for iniciado, pior será a resposta do paciente.”

Exames como dosagem de hormônios – cortisol, por exemplo – são capazes de confirmar o início dessa patologia, que chega de maneira insidiosa. É fundamental que os sintomas não sejam subestimados e sim valorizados, porque isso evita que o estresse patológico desencadeie outras doenças, como depressão, pânico ou hipertensão arterial (pressão alta), que em conjunto tornam-se mais difíceis de serem controladas.
Controle Possível.

O estresse patológico e os distúrbios psiquiátricos têm tratamento e controle. Eles podem acontecer por meio de psicoterapia (terapias individuais, em grupo ou familiares) e também, em alguns casos, com medicamentos. Entre as principais medicações utilizadas estão os antidepressivos e os ansiolíticos.
Segundo Feijó, é possível ainda prevenir o estresse patológico ao prestar atenção à rotina, equilibrando trabalho e lazer. Também é importante dormir aproximadamente oito horas a cada noite para recompor o organismo do cansaço diário, fazer exercícios físicos e manter uma dieta saudável, com poucas gorduras e frituras.





 

por Rafael Medeiros com assessoria

Comentários comentar agora ❯