24 Abril 2009 - 07:04

Produção industrial pode cair 4,5% em 2009.

Ilustração

O “Radar: Produção, Tecnologia e Comércio Exterior”, mais novo boletim lançado hoje pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aponta que a indústria brasileira pode registrar uma contração de até 4,5% na produção, caso se mantenha a queda registrada neste primeiro trimestre nas exportações.

 

O primeiro artigo do boletim, “Impactos da queda nas exportações sobre a produção doméstica”, de Fernanda De Negri, Gustavo Alvarenga e Carolina Santos, mostra que, na média, a exportação industrial caiu 26% no primeiro trimestre de 2009 comparado com 2008; e o setor mais atingido foi o automotivo, com redução de 51% nas vendas para o exterior.

 

No segundo artigo do Radar, “Considerações sobre a evolução recente do investimento no Brasil”, o autor Luiz Dias Bahia conclui que “a redução da taxa Selic, mesmo que aprofundada, provavelmente terá influência apenas em 2010... Assim, resta manter o nível interno de atividade, pois o externo provavelmente será reduzido, apesar da desvalorização cambial, já que a retração do comércio internacional será significativa − principalmente quanto aos EUA e à União Europeia, nossos principais mercados. Para tanto, são variáveis-chave o emprego e o consumo das camadas de menor poder aquisitivo − que poupam menos”.

 

O terceiro artigo, “Planejamento das infraestruturas de logística e transporte”, de Josef Barat, alerta que, “se o modal ferroviário deu suporte ao ciclo de desenvolvimento baseado na exportação de produtos primários (1880-1930) e o rodoviário ao da consolidação de complexa economia urbano-industrial (1930-1980), competirá às cadeias logísticas multimodais dar suporte ao próximo ciclo, no longo prazo. Este será baseado nos aumentos de escalas no mercado interno, na nova inserção na economia mundial e na maior agregação de valor e competitividade das exportações”.

 

O Radar é fruto do trabalho dos técnicos de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos Setoriais (Diset) do Ipea. “A publicação será bimestral e é um periódico de análise da nossa economia e da qualidade do nosso desenvolvimento, que pretende contribuir para uma agenda brasileira de desenvolvimento de longo prazo”, explicou o diretor Marcio Wohlers.

 

Definida, no ano passado, pelos servidores do Ipea, num amplo processo de planejamento estratégico, a missão do instituto é “produzir, articular e disseminar conhecimento para aperfeiçoar as políticas públicas e contribuir para o planejamento do desenvolvimento brasileiro".

 

Foram definidos também sete grandes eixos de pesquisa, a partir dos quais se organizou o plano de trabalho do instituto:

1) Inserção internacional soberana;

2) Macroeconomia para o pleno emprego;

3) Fortalecimento do Estado, das instituições e da democracia;

4) Estrutura produtivo-tecnológica avançada e regionalmente articulada;

5) Infraestrutura e logística de base;

6) Proteção social e geração de oportunidades e

7) Sustentabilidade ambiental.

 

Vale destacar que a numeração dos eixos cumpre apenas mera contingência formal de enunciação. Não há qualquer juízo de prioridade nos eixos, posto que o desenvolvimento depende da plenitude das sete premissas.
 

por Rafael Medeiros com IPEA

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