11 Janeiro 2013 - 12:04

Simpósio aborda o aspecto da brincadeira nas manifestações folclóricas

Assessoria
Foram apresentados registros antigos das manifestações

A cultura popular e o aspecto da brincadeira presente nas mais diversas formas de manifestações folclóricas. Foi esse o pensamento central que conduziu as palestras e o debate na manhã do segundo dia da programação do Simpósio do 38º Encontro Cultural de Laranjeiras. O evento, realizado no auditório da UFS em Laranjeiras, reuniu mestres de grupos folclóricos do Estado, estudantes e pesquisadores.

Com o tema ‘A Lúdica nas Manifestações Culturais: O brincar e os brincantes’, as palestras foram proferidas pela pesquisadora Beatriz Góis Dantas, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o antropólogo Wagner Chaves, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e por Edmilson Mendes que fundou o grupo ‘Reisado Sergipano do Guarujá’, em São Paulo.

No início de sua fala, Beatriz Góis saudou os brincantes presentes no auditório e lembrou o homenageado do Simpósio, o pesquisador Luiz Antonio Barreto. “Ele tinha um espírito inovador e inquieto e viu com muita seriedade as brincadeiras do povo e contribuiu enormemente para a realização do encontro”, ressaltou.

Beatriz apresentou registros antigos das manifestações de Laranjeiras, em especial dos Lambe-Sujos, São Gonçalo e Taieira, mostrando a evolução dessas brincadeiras que hoje atraem centenas de espectadores e o interesse de diversos estudiosos. A pesquisadora destacou que a sacralidade e diversão são dois aspectos que andam juntos na grande parte das manifestações folclóricas e fez uma bela homenagem aos responsáveis pela manutenção dessa arte: os chefes de brincadeiras do município de Laranjeiras.

O sagrado e o profano manifestados através da lúdica dos folguedos também foi destaque na fala do antropólogo Wagner Chaves. “Dentro de uma visita da Folia de Reis tem várias lúdicas e não há a separação do que é sagrado e profano”, acrescentou o pesquisador, que se ateve à apresentação do seu estudo sobre a Folia de Reis.

Segundo Chaves, a lúdica, como propõe o tema do simpósio, carrega um poder comunicante que pode ser constatado na Folia através dos seus rituais. “O poder dessa comunicação não se dá necessariamente através das palavras. Na Folia de Reis, por exemplo, tem vários momentos, como a tirada do chapéu, o canto, a afinação, dentre outros”, explicou.

Além disso, a lúdica das manifestações populares carrega um poder de transmitir legados, como bem exemplificou o brincante Edmilson Mendes. Discípulo do sogro, conhecido como Mestre Zacarias, de São Cristóvão, e foi através dele que Edmilson levou a raiz do Reisado sergipano para o interior de São Paulo e fundou o grupo ‘Reisado sergipano do Guarujá’.

“Eu carrego o ensinamento do Mestre Zacarias com uma grande honra. Fazer essa brincadeira é um prazer para a gente. Quando subimos no palco, além de brincar, estamos passando conhecimento”, enfatizou. Como uma forma de homenagear o Mestre que lhe transmitiu a arte popular, Edmilson conta que foi criado o grupo de Reisado Mirim ‘Mestre Zacarias’, que ao lado do grupo de adultos tem se apresentado em diversos eventos em São Paulo, encantando o público paulista.

Essa foi a primeira vez que Edmilson pode conferir de perto o Encontro Cultural de Laranjeiras e participar do Simpósio ao lado de estudiosos da cultura popular. “Fiquei muito feliz pelo convite e só tenho a agradecer a oportunidade”, ressaltou.

Realização

O Simpósio é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de Laranjeiras, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-SE), Conselho Estadual de Cultura, Comissão Sergipana de Folclore e a Universidade Federal de Sergipe, através da do campus Laranjeiras e do Núcleo de Pós-Graduaçãoem Geografia (NPGEO), que realiza o II Fórum Patrimônio e Festas de Sergipe, durante o evento. 

por Agência Sergipe

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