12 Fevereiro 2014 - 16:39

SE inicia sistematização do ‘Brasil Sem Miséria’ no Alto Sertão

Para elevar a renda per capita das famílias extremamente pobres, ampliar seu acesso aos serviços públicos e às oportunidades de trabalho e renda através de ações de inclusão produtiva, o Governo Federal com a participação do Governo de Sergipe, através da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário (Emdagro), vem desenvolvendo junto a agricultores familiares as ações inseridas no Plano Brasil Sem Miséria (PBSM).

Em Sergipe, sobretudo no Alto Sertão sergipano, o PBSM 1 assiste a 720 agricultores familiares que possuem renda per capita igual ou inferior a R$ 70,00. Realizado por meio de chamadas públicas, o Plano vem tratando questões relativas ao acesso às diversas políticas públicas, com enfoque para áreas de saúde, educação, habitação, segurança alimentar e nutricional; recursos hídricos e práticas agrícolas direcionadas para os projetos produtivos definidos pelos próprios beneficiários do PBSM.

Vale destacar que, para apoiar a inserção produtiva dos agricultores familiares, cada agricultor beneficiado recebeu recursos na ordem de R$ 2.400,00 para implantação de projetos produtivos orientados para as atividades de ovinos, suínos, aves e bovinos de leite no total de 720 projetos.

Unidade experimental

Como forma de apoiar os projetos em cada município a Emdagro implantou uma unidade experimental com plantios consociados destacando as culturas do milho, do feijão, da mandioca, da palma e gliricídia. Além disso, os beneficiários do Brasil Sem Miséria também foram contemplados com a distribuição de sementes e kits de hortaliças como forma de apoio, tanto aos projetos implantados como a produção de alimentos para o consumo familiar.

O trabalho inicial de sistematização dessa experiência aconteceu no período de outubro a janeiro do ano em curso, onde foram visitados os trabalhos nos municípios de Monte Alegre de Sergipe, de Poço Redondo e de Canindé de São Francisco. Naquela oportunidade foram compartilhados com os beneficiários e técnicos executores as ações desenvolvidas e seus resultados através de entrevistas, registros fotográficos e vídeos.

“Nas primeiras experiências visitadas sentimos de perto o nível de satisfação das famílias pela sua inserção na chamada e pelos avanços alcançados, principalmente com a implantação dos projetos produtivos através da liberação das duas primeiras parcelas do montante de recursos previstos”, ressaltou a Técnica da Emdagro, Abeaci dos Santos. Segundo a técnica as questões sociais também são destaques no PBSM, onde as equipes encontraram diversos problemas relacionados com as questões de saúde, educação, habitação, recursos hídricos, transporte, documentação, aposentadoria entre outros.

“Essas questões aos poucos estão sendo mapeadas pela Emdagro junto aos beneficiários e encaminhadas às instituições competentes dos municípios para que façam o cadastramento das famílias nos programas sociais e tomem outras providências”, disse a Técnica, reforçando que problemas como as questões de documentação através de campanhas, inserção das famílias no programa de habitação rural, procedimentos para aquisição de aposentadorias e inserção de deficientes no Programa de Benefício de Prestação Continuada (BPC) vêm sendo solucionados.

Experiências Exitosas

O Plano Brasil Sem Miséria é uma ação governamental de grande relevância social ao viabilizar mecanismos que possam reduzir a extrema pobreza no país. As suas ações têm relação estreita com diversos programas, projetos e atividades na região, tanto na esfera do governo estadual, como federal.

Exemplo disso é o Programa de distribuição de forragem desenvolvido pelo governo estadual através da Emdagro, Secretaria de Inclusão, Defesa Civil e prefeituras. Este caso é constatado na vida da agricultora familiar Rejane Bernardes Correia, da comunidade Barra de Baixo, em Canindé do São Francisco. Ela recebeu através do programa cinco sacos de 60 Kg de forragem, o que lhe garante uma alimentação animal para os próximos cinco meses e uma economia significativa na renda da família.

"O meu sentimento quando recebi a forragem foi de alegria porque eu estava comprando saco de soja de 83 reais, mas chegava aqui custando 86 reais porque pagava frete de Santa Rosa do Ermírio até aqui. Além disso, ainda pagava trinta e cinco reais do xerém moído. Então, quando as meninas da Emdagro trouxeram a notícia de que eu estava na lista para receber a ração foi um sentimento muito bom”, relatou a agricultora.

Segundo Rejane Correia o dinheiro que deveria ser revertido para a aquisição da alimentação animal foi destinado ao supermercado. “No dia que chegou essa ração, eu economizei 118 reais e essa economia já me ajudou na conta do mercadinho. Então, o dinheiro que era para eu comprar alimentação para os animais eu comprei alimento para minha família”, comemorou ela.
Além da doação da forragem, o PBSM 1 proporcionou à agricultora, através do repasse de recursos na ordem de R$ 2.400,00, para aquisição de ovelhas e construção de um aprisco.

Agricultura familiar

Situação semelhante foi a da agricultora do Povoado Lagoa dos Bichos, em Poço Redondo, Genilza da Conceição Cândido. Segundo ela, o PBSM ajudou inclusive a tratar de sua saúde. “O Plano Brasil Sem Miséria, além de aumentar a minha criação de galinhas, me deu oportunidade de fazer terapia, porque eu não tenho muita saúde e, lutando com essa criação, eu me sinto muito melhor”, explicou. Dona Genilza foi beneficiada com o mesmo valor da agricultora Rejane e adquiriu 91 galinhas. “Pretendo vender para ajudar nas despesas da família”. Ressaltou ela.

Já a agricultora Maria Jane dos Santos, do Povoado Baixa da Coxa, em Monte Alegre, acredita no que o plano pode lhe proporcionar. “Eu estou aproveitando muito a oportunidade que foi colocada em minhas mãos, pois estou crescendo. Comprei aves com a primeira parcela do recurso e investi bastante. Como eu já tinha um pouco de aves o meu pensamento foi só crescer e crescer cada vez mais”, disse, acrescentando que parte do dinheiro recebido investiu em saneamento básico em sua propriedade.

Apostando na criação de suínos, a agricultora Veraldina Oliveira Pereira Povoado Lagoa de Dentro, em Monte Alegre, diz que o PBSM fez seu sonho virar realidade. “Eu pretendia criar porco e agora vou ter condições de criar com o programa Brasil sem Miséria, e isso é uma grande ajuda pra gente. A gente quis plantar roça e também criar alguma coisa e nunca que tinha condições, mas agora chegou a hora esperada e espero crescer”.

As instalações físicas para criação de aves caipiras, suínos e ovinos é um aspecto que chama a atenção porque apesar de rústicos, expressam o bom gosto e o prazer dos beneficiários na sua construção. Já os que optaram pela bovinocultura de leite colocam a cultura da palma como parte importante para o sustento do rebanho.

Como foi o caso do agricultor José Tenório Filho, do Povoado Lagoa dos Bichos, em Poço Redondo. Como cria gado, o produtor se preocupou na produção de alimentação dos animais. “Minha novilha vai começar a dar leite daqui há um ano e é o tempo que a palma já está criada e boa para alimentar esse animal porque a palma é uma coisa que vale ouro. Fiquei satisfeito de ter recebido o dinheiro para plantar. Como choveu um pouquinho, eu já aproveitei e fiz um silo para alimentar a novilha enquanto a palma chega no ponto” , disse satisfeito.

Capacitação

O processo de capacitação dos beneficiários também tem sido importante na experiência pela oportunidade de compartilhamento de informações entre técnicos agricultores familiares e pela chance da ampliação de conhecimentos sobre diferentes temáticas do processo de desenvolvimento.

“O que mais aprendi foi aquele ensinamento dos plantios no terreno de Jane. Vamos supor que a gente tinha uma tarefa de terra pequena e a gente só plantava a palma, e ali dentro de uma tarefa eu aprendi que posso plantar muitas coisas, como palma e milho, mas a gente só plantava uma só, quando posso plantar quatro qualidades de plantas”, contou o agricultor Edvaldo Oliveira Santos, do Povoado Baixa da Coxa, em Monte Alegre.

Ele faz referência aos mutirões para implantação das unidades de experimentos quando foram realizados plantios consorciados com palma, milho, feijão de corda e gliricídia. Nesses primeiros municípios visitados estão à frente dos trabalhos os técnicos Maria das Graças Silva, Marcio Conceição Santana, Francisco de Oliveira Guimaraes, Janete Trindade Marques, Marize de Campos Lima e Lucia Maria Andrade com a Coordenação da Médica Veterinária Rita Selene Quixada Bezerra e apoio do gestor regional e assessores técnicos.

Sistematização

A sistematização de experiências das ações da Chamada Pública Brasil Sem Miséria, que vem sendo executada pela Emdagro no Território da Cidadania Alto Sertão, tem o objetivo de refletir as ações realizadas para organizar o que tem sido a trajetória e resultados da CPBSM 1, buscando nessa dinâmica explicar à luz de alguns teóricos o trabalho realizado. A sistematização de experiência não é apenas um relato, mas um processo de reflexão crítica de uma experiência concreta.

É um processo metodológico que se baseia na ideia de organizar ou de ordenar um conjunto de práticas, conhecimentos, ideias e dados que muitas vezes estão dispersos. Esse processo vem sendo elaborado pelas técnicas da Emdagro, Abeaci dos Santos, da Coordenação de Assistência Técnica e Extensão Rural, e Suzana Oliveira Leite da Assessoria de Comunicação, com o envolvimento dos beneficiários da chamada, dos técnicos executores, dos coordenadores e de todos que direta ou indiretamente tem contribuído com o processo, a exemplo do gestor regional e Nossa Senhora da Glória, Ary Osvaldo Bomfim, assessores técnicos, coordenadorias e diretorias da Emdagro.

A experiência da CPBSM1, no Território do Alto Sertão, contempla os municípios de Canindé de São Francisco, Gararu, Monte Alegre de Sergipe, Nossa Senhora da Glória, Poço Redondo, Porto da Folha. Ela ainda envolve nove técnicos executores e um coordenador distribuídos nos referidos municípios que desenvolvem as ações preconizadas pela PBSM, que estão centradas nos eixos garantia de renda, inclusão produtiva e acesso aos serviços púbicos. 

por Agência Sergipe

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