20 Fevereiro 2014 - 19:56

Estrutura das Clínicas de Saúde surpreende médica cubana

A médica cubana Yoándria Marin Laera não imaginava encontrar no Brasil uma estrutura física de trabalho como a que encontrou quando chegou ao município de Poço Redondo há quase quatro meses. "A estrutura daqui é muito boa", disse, em um dos consultórios da Clínica de Saúde da Família (CSF) Erionaldo Correia Pereira, um prédio inaugurado em dezembro de 2011 na sede do município do Alto Sertão.

Ela conta que, nos preparativos para vir para o Brasil, o professor de Português "nos mostrava imagens não muito bonitas do que íamos encontrar. Eram imagens de muita pobreza e de locais com grandes necessidades de ajuda na atenção primária", lembrou a médica. Yoándria Laera disse ainda que as deficiências de recursos humanos na atenção básica se confirmaram "apesar de o Brasil ter bons médicos", ressaltou, mas a da estrutura deficitária, não.

Na CSF a médica tem a sua disposição o tensiômetro e o glicosímetro que precisa para atender os usuários. Tem também disposição para ouvir com paciência as queixas dos pacientes, alguns deles, sem a menor intimidade ou experiência com uma consulta médica.

Esperança de melhora

O trabalhador rural Antônio Rodrigo dos Santos tem 65 anos e não se lembra de quando esteve no médico. Na semana passada, ele foi acompanhar a esposa e gostou do que viu e ouviu. "A doutora olhou minhas mãos e mandou eu vir depois para me consultar", falou ao mostrar as mãos com manchas extensas de vitiligo, uma doença que se manifesta na despigmentação da pele e que, em Cuba, o tratamento desponta como referência mundial. Ele era um dos pacientes à espera da primeira consulta.

O trabalho da "doutora de Cuba", como é conhecida na sede de Poço Redondo, vem conquistando admiradores. "Ouvi dizer que tinha chegado uns médicos de fora. Vim e fui atendida. Ela me ouviu, passou uns exames e mandou eu ‘tirar' a pressão todos os dias aqui na clínica e voltar depois com o resultado dos exames e da pressão. Disse que só vai passar remédio com isso tudo nas mãos. Ave Maria! Médico como ela aqui, nunca vi não", disse a dona de casa e paciente de Yoándria Laera, Claudiane de Oliveira.

Ação preventiva

O município de Poço Redondo está a 184 quilômetros de Aracaju e tem uma população de 32.949 mil habitantes, a maioria na zona rural. A cidade foi contemplada com cinco médicos do programa Mais Médicos, todos cubanos. Até março, outros deverão se somar às equipes locais. O prefeito do município, Roberto Araújo, é só elogios para o Mais Médicos.

"É o melhor programa do mundo. Caiu do céu. Pra nós foi uma revolução na saúde", disse. Tanta exaltação tem seus motivos que o gestor faz questão de relacionar. "Tínhamos um posto reformado em Santa Rosa do Ermírio com todos os equipamentos, mas não tinha médico. A ambulância saía quatro vezes por dia em direção a Poço. Hoje sai duas vezes na semana, quando tem um caso mais grave. Todos os atendimentos são feitos por lá. Isso mostra que a população só precisava mesmo da atenção básica", falou.

Roberto Araújo destacou, também, a carga horária dos médicos cumprida integralmente. "Hoje, nós temos médicos que trabalham de segunda à sexta-feira e que moram no município. Isso dá uma tranquilidade muito grande. Queremos é mais médicos", apelou ao enfatizar que a luta de agora é para trazer mais três médicos e completar oito equipes do PSF, cobrindo 90% do município.

Ele lembrou também do trabalho preventivo realizado pelos profissionais do programa lançado em julho do ano passado pela presidente Dilma. "A doutora fez uma palestra sobre o câncer de próstata. Reuniu muita gente e você precisava ver que beleza. Muitos voltaram para fazer o exame", disse Roberto Araújo.

Resolutividade

A resolutividade do programa dentro do próprio município reflete na capital. Segundo Roberto Araújo, em 2013 foram prestados 22 mil atendimentos médicos. Desse total, apenas 2% precisou ser transferido para o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), na capital. "Isso é um fato", disse. O prefeito acrescentou que os investimentos do Governo do Estado nas Clínicas de Saúde da Família, na UPA e no hospital favoreceram a formação de uma boa estrutura física de saúde "e isso, com certeza, contribui para desafogar o HUSE", testemunhou o prefeito.

Mais médicos, mais unidades de saúde

Ainda segundo Roberto Araújo, o município vai ganhar mais cinco postos de saúde. Os recursos já estão assegurados e na semana que vem, a ordem de serviço será dada. O dinheiro para a construção virá do Ministério da Saúde com a contrapartida do Governo do Estado e do Município. Segundo Roberto Araújo, até o final deste ano, essas unidades estarão em pleno funcionamento. "A nossa estrutura de saúde já é boa. Temos o hospital, a clínica e os postos, mas vai ficar ainda melhor", falou.

por Agência Sergipe

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