03 Julho 2012 - 14:03

AL: Mais da metade dos municípios não conta com um delegado de Polícia

O concurso público da Polícia Civil de Alagoas, anunciado pelo governo estadual, para este ano, pode não apenas não resolver o problema da segurança pública como criar distorções mais difíceis de serem resolvidas. Desde 2008, a própria direção da instituição enviou proposta para a realização de concurso com a abertura de 74 vagas de delegados, 150 escrivães e mais de 1.000 agentes de polícias. O certame anunciado oferece apenas 40 vagas para o cargo de delegado, 120 para escrivão, e 250 para agente de polícia, com expectativa de que haja a formação de cadastro de reserva.

O presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Alagoas – Adepol, Antônio Carlos Lessa, alerta que esse número não conseguirá sequer repor a quantidade de delegados que estão se aposentando. “O Estado precisa atualmente de mais 80 delegados que possam estar em todos os municípios alagoanos e assim atuar com mais eficiência no esclarecimento de crimes. Isto significa que mais da metade das cidades alagoanos não tem delegados, ou aqueles que fazem o serviço acumulam até quatro delegacias. Assim, fica impossível atender à população na apuração adequada dos crimes”, acrescenta.

Lessa afirma que, atualmente, não existem delegados suficientes para atuar em todas as delegacias. A sobrecarga de trabalho é um dos principais problemas das polícias para enfrentar efetivamente a criminalidade em Alagoas. A opinião é do presidente da Adepol-AL, Antônio Carlos Lessa, alertando que os índices de violência não serão reduzidos se não houver mais investimentos governamentais na área segurança pública. “O momento é de a sociedade organizada se unir e pedir aos governos estadual e federal que, realmente, invistam na segurança de Alagoas porque, senão, a tendência é piorar cada vez mais”.

“Os delegados estão sobrecarregados e acumulam até quatro delegacias sem receber acréscimo nos salários, embora a lei mande que a categoria receba horas extras, mas o governo se nega a pagar”, protesta.

A carência no quadro de pessoal faz com que inquéritos fiquem encalhados nas delegacias sem uma solução, e a maior prejudicada é a sociedade. Além disso, no interior, um delegado é obrigado a tirar até cinco plantões e os policiais civis são obrigados a trabalharem tomando conta de presos, ao invés de realizarem sua missão de investigar. Esse problema foi resolvido na capital, mas continua nas cidades do interior.

“Tem casos em que o delegado dispõe somente de um agente para executar os trabalhos na delegacia, como intimação, investigação e custódia de presos. Como a Polícia Civil pode trabalhar assim? A realização de um concurso que realmente aumento o efetivo da instituição é uma questão de emergência. A sociedade e os profissionais de segurança não aguentam mais”, diz Lessa.

O presidente da Adepol reclama ainda da falta de estrutura das delegacias, onde delegados, policiais e presos correm risco até de contraírem doenças tal o estado de precariedade das instalações. “Falta investimentos na segurança e o governo precisa encontrar uma solução”, salienta.

Ele lembra que a os delegados de polícia, por meio da Adepol/AL, já reivindicaram que haja mais investimentos na área de segurança pública de Alagoas. “Desde 2007, a Adepol apresentou um plano para a melhoria da segurança em Alagoas ao governador Teotonio Vilela Filho, na época, recém-empossado em seu primeiro mandato. Infelizmente, passados todos esses anos, as nossas sugestões não foram consideradas e os problemas continuam”, lamentou.

O presidente da Adepol concluiu, apontando a falta de efetivo, as precárias condições de trabalho e falta de valorização dos policiais civis, além da péssima estrutura das delegacias – especialmente no interior do Estado – como principais dificuldades enfrentadas para que o trabalho possa ser executado com eficiência pela Polícia Civil alagoana.

por Assessoria

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