13 Maio 2013 - 09:48

Fumaça do tabaco contamina organismo com mais de 3 mil substâncias tóxicas

Ascom - Santa Casa
Simpósio contou com a presença da enfermeira Fernanda Fugulin

No tocante à dependência química, você sabe qual a diferença entre o uso de drogas ilícitas, como a cocaína e a heroína, e de drogas lícitas como o tabaco dos cigarros e charutos? Nenhuma. A única diferença é que a primeira é crime e a segunda ainda não. Ou seja, todas têm o grande poder de viciar o usuário.

“Os processos farmacológicos, psicológicos e comportamentais são caracteristicamente os mesmos”, disse o angiologista e assessor da Direção Médica da Santa Casa de Maceió, François de Oliveira. Ele explicou que para obter a nicotina, o fumante absorve junto todos os outros elementos tóxicos existentes da fumaça do tabaco, onde já foram detectados mais de 3.000 compostos.

“A fumaça é constituída de uma fase gasosa responsável por 60% das substâncias tóxicas, que são inaladas inclusive por fumantes passivos. Na fase gasosa, se encontram os perigosos monóxido de carbono, ácido cianídrico, óxido nítrico e outros aldeídos”, detalhou François.

A fumaça também possui uma fase de micro-partículas, onde existem corpos hidrossolúveis, como a nicotina, que provoca dependência química, e corpos lipossolúveis, como o alcatrão, entre outros hidrocarbonetos policíclicos, que provocam neoplasias malignas. A fumaça transporta também traços de metais nocivos ao organismo como o Cadmo, que podem afetar a retina e provocar até cegueira.

A principal preocupação dos especialistas é que os compostos tóxicos têm capacidade de produzir os temíveis radicais livres, elementos que possuem grande possibilidade de desenvolver vários tipos de cânceres.

Já o monóxido de carbono contido na fumaça do cigarro (5%) aumenta consideravelmente as taxas sanguíneas de carboxihemoglobina, substância que em não fumante tem uma concentração de 1% e no fumante chega a 10%. Decorre deste fato, a má oxigenação dos tecidos, levando a hipoxia crônica, com alteração do metabolismo tecidual e de grande aumento de radicais livres, nocivos aos tecidos, interferindo às vezes, em alguns elementos da coagulação predispondo à trombose.

Inflamação nas artérias

As substâncias inaladas ou ingeridas durante o ato de fumar também agem agressivamente sobre o endotélio vascular, ou seja, sobre a camada de células que revestem o interior dos vasos sanguíneos arteriais.

“O resultado é o espessamento das paredes das artérias, produzindo um processo inflamatório e provocando arterites (inflamação da artéria) graves. De igual forma, tais substâncias tóxicas agem na musculatura lisa da artéria reduzindo a contratilidade das mesmas. Em casos mais avançados, esses compostos podem desencadear a aterosclerose”, explicou o angiologista François Oliveira.

O pior cenário é que ao longo do tempo estas alterações vasculares (arteriais) podem ocasionar o entupimento dos vasos responsáveis por levar o sangue do coração para o resto do corpo. O resultado é a ocorrência de gangrena das extremidades, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico (derrame cerebral) entre outros.

“Em alguns casos, a arterite tabágica associa-se a outros riscos, desencadeando uma outra doença chamada “tromboangeíte obliterante”, em que as extremidades são as mais atingidas, levando, muitas vezes, o paciente a grandes mutilações.

O tabagismo crônico é responsável ainda por cerca de 90% dos casos de broncopneumopatias crônicas obstrutivas ou como causa, direta ou indireta, de cerca de 25% a 30% dos cânceres de diversos sistemas.

“O tabagismo, portanto, é um dos principais fatores de risco vascular nas tromboses arteriais periféricas e nas afecções coronarianas e cerebrais, o que o torna mais nocivo quando associado a outros fatores de riscos, como hipertensão arterial, dislipidemia, hipercolesterolemia, trigliceridemia, diabetes mellitus, obesidade e outros”, acrescentou François.

Para as mulheres, o tabagismo tem um agravante. Estudos mais recentes admitem que as alterações arteriais sejam mais acentuadas nelas do que nos homens, sobretudo quando associado ao uso de contraceptivos hormonais (anticonceptivos), favorecendo a trombose tanto arterial como venosa.

por Ascom - Santa Casa

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