24 Janeiro 2011 - 08:07

Governo de Alagoas incentiva ações de inclusão digital

Thiago Sampaio
Projeto E-tralha recicla o chamado lixo eletrônico, incentivando a preservação ambiental e garantindo inclusão digital

Alagoas tem a possibilidade de trilhar o caminho do desenvolvimento sustentável por meio de um projeto pioneiro, desenvolvido pelo governo de Alagoas, através da Universidade de Ciências da Saúde (Uncisal). Intitulado “E-tralha, Recicle essa ideia”, o projeto foi lançado no dia 5 de junho de 2009, Dia Mundial do Meio Ambiente.

O principal foco do projeto é a saúde pública da população, protegendo-a de resíduos tóxicos que os equipamentos eletrônicos liberam ao serem despejados na natureza sem os cuidados necessários. Esses equipamentos são também conhecidos por “lixo eletrônico”.

De acordo com o coordenador do E-tralha, o analista de sistemas Eraldo Alves da Silva, que atua no Centro de Tecnologia da Informação em Saúde (Cetis) da Uncisal com mais três analistas, ao mesmo tempo em que a sociedade se conscientiza da não agressão à natureza, ajuda também o Estado a desenvolver um projeto social – o da reciclagem desses equipamentos, que voltam ao ambiente, fomentando a inclusão digital.

“O IBGE fez um levantamento, há alguns anos, de que mais de 90% da população de Alagoas eram excluídos digitalmente. Baseados nesses dados, o Governo está desenvolvendo dois projetos que devem diminuir sensivelmente essa dívida social”, informa Eraldo.

Os projetos são o “Alagoas no Mapa” e o “DeRepente”, que consistem em levar as pessoas carentes ao mundo virtual. “Acreditamos que no início de 2011, já estejam implantados”, acrescenta Eraldo. Ele afirma que os projetos contam com o apoio da Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) e do Instituto de Tecnologia de Informática e Informação do Estado de Alagoas (Itec).

Eraldo aponta que são muitas as vantagens geradas a partir da doação dos equipamentos de informática aparentemente “sem utilidade” e “guardados” em casa. “Há acréscimo do ciclo de vida do equipamento, promovendo a inclusão digital com a doação para que alguém possa reutilizá-lo, principalmente dentro desse projeto”, destaca.

Material reciclável e “ouro bruto” para a ONU

Segundo o analista de sistemas, há um dado ainda mais surpreendente no assunto. “Cerca de 95% de todas as peças de um computador ou de material eletrônico são recicláveis. Nos Estados Unidos, por exemplo, isso não é tratado como lixo ou desperdício como no Brasil, mas como uma joia”, informa. “Isso aqui no Brasil e em Alagoas é um lixo caro”, afirma Eraldo.

O analista de sistemas cita uma frase proferida durante reunião da Organização das Nacões Unidas (ONU). “Em um desses encontros na ONU, foi constatado que existe mais ouro em uma tonelada de placa-mãe do que em uma tonelada de minério de uma mina de ouro”, avalia.
Em um ano, quase duas toneladas de material eletrônico

Dentro do projeto da Uncisal desenvolvido há mais de um ano, já estão prontos e devidamente recuperados, através das doações de equipamentos “inutilizados”, o equivalente a 50 monitores. “Neste mais de um ano de projeto, já captamos cerca de duas toneladas de equipamentos antes inutilizados”, informa.

Com a conscientização em tempos de aquecimento global do planeta, um dos pontos favoráveis é o impedimento de que o lixo eletrônico seja jogado em lixões ou vá parar em aterros comuns e contaminar o solo e as águas.

Feita a reflexão de que não se deve jogar na natureza aquilo que ela não criou, Eraldo lista o que a população pode doar em termos de equipamentos que se acumulam em casa.

“Qualquer cidadão pode entregar ao projeto seu ‘lixo’ eletrônico, como microcomputadores, monitores, estabilizadores, teclados, mouses, celulares, baterias de celulares, pilhas, cabos de força, impressoras, disquetes, CPUs, cartuchos de impressora, CDs, DVDs, entre outros que estão entre os mais comuns, que as pessoas não sabem como dar uma destinação final e acumulam nas residências”, informa Eraldo.

De acordo com o portal da Uncisal, o grupo ambientalista Greenpeace estima que anualmente são produzidos 50 milhões de toneladas de lixo eletro-eletrônico composto de computadores e periféricos, celulares e eletrodomésticos, celulares e baterias, pilhas etc., cuja modalidade de poluente já representa 5% de todo o lixo gerado pela humanidade.

As pessoas acumulam inadvertidamente elementos químicos tóxicos utilizados em equipamentos eletrônicos associada aos danos à saúde, como o mercúrio, o chumbo, entre outros, que causam problemas muitas vezes irreparáveis.
Os equipamentos doados são recondicionados e se transformarão em computadores para Inclusão Digital em Telecentros Comunitários, Escolas e

Bibliotecas públicas

O projeto visa também reutilizar os equipamentos que podem ser usados de forma adequada dentro de outras instituições sociais como as empresas privadas que se interessem pelo reaproveitamento dos equipamentos. O formulário para solicitação de equipamentos está disponível no site do projeto, http://www2.uncisal.edu.br/gtin/?pagename=formulario-para-doacao.

As pessoas que tiverem o lixo eletrônico em casa podem doá-lo no prédio sede da Uncisal, no Trapiche, das 8h às 17h ou por meio do telefone 3315-6777.

Malefícios causados por elementos contidos no lixo eletrônico

Chumbo – Causa irritabilidade, tremores musculares, lentidão de raciocínio, alucinação, insônia e hiperatividade.
Mercúrio – Problemas de estômago, distúrbios renais e neurológicos, alterações genéticas e no metabolismo que podem gerar até o câncer.
Cádmio – Agente cancerígeno, afeta o sistema nervoso, provoca dores reumáticas, distúrbios metabólicos e problemas pulmonares.
Zinco – Provoca vômito, diarréia e problemas pulmonares.

 

por Agência Alagoas

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