21 Agosto 2012 - 09:17

Tradição da Cavalhada se mantém viva em Canindé do São Francisco

Carla Souza
A Cavalhada é uma tradição que passa de geração para geração dentro da própria família

Canindé do São Francisco, a 213 km da capital, foi o ponto de parada do projeto Agosto Para Todos, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) nesse domingo,19. O público que compareceu ao Parque de Vaquejada do município pôde conferir a apresentação da Cavalhada, uma manifestação cultural única no estado que tem origem na Península Ibérica e representa a luta entre cristãos e mouros.

A manifestação é a mais tradicional do município de Canindé e mobiliza famílias inteiras, como a de Dona Maria José, que levou filha, neta e sobrinho para prestigiar a apresentação. Ela conta que praticamente todos os componentes do cordão verde são de sua família. “Meu filho também faz parte, mas hoje ele não participou”, afirmou.

O público sempre escolhe um dos cordões, verde ou vermelho, para torcer. Aquele que pegar mais argolas se consagra o vencedor da disputa. No último domingo, 19, quem levou a melhor foi o pessoal do cordão verde, para felicidade de Dona Maria José, que não perde uma Cavalhada. “É uma diversão pra gente”, ressaltou.

Se para aqueles que só assistem o entusiasmo é grande, para aqueles que participam da apresentação sobre o cavalo é difícil descrever a emoção de protagonizar o espetáculo, sentimento que até hoje o seu Edinaldo Rodrigues não esquece. “A saudade é grande. Os olhos chegam a encher de água. Eu queria estar lá, mas é melhor não forçar já que a saúde não deixa”, declarou o senhor de 68 anos, que durante quatro anos assumiu a liderança do cordão vermelho.

Seu Edinaldo deixou a ‘brincadeira’, como ele mesmo chama a apresentação, por conta de um problema nos rins. A última vez que se apresentou foi em dezembro do ano passado, mês em que ocorre a apresentação oficial da Cavalhada. Ele conta que se não fosse o problema de saúde estaria lá em cima do cavalo comandando o cordão vermelho, numa função que é de extrema importância para o grupo.

“O matinador é aquele que dá as orientações para os outros integrantes. Quando a brincadeira começa não pode ter erro para não passar vergonha”, explicou o experiente Edinaldo. Durante os quatro anos em que esteve à frente do cordão vermelho, o verde não conseguiu ganhar uma disputa. “Para nós, já estava garantido. Foram quatro anos sem perder uma Cavalhada”, lembrou o saudoso Edinaldo.

Para Antonio Soares, que durante 30 anos foi integrante do cordão verde, a Cavalhada é uma tradição que passa de geração para geração dentro da própria família. Segundo ele, desde pequenas as crianças assistem e participam. “Minha netinha tem uma saudade da época que eu corria, porque era ela que segurava a lança. Eu também sinto muito falta. Há dois anos que eu não brinco, mas a vontade era estar lá no meio. Pelo menos os jovens estão aí para não deixar a tradição se acabar”, declarou o senhor de 64 anos. 

por Agência Sergipe

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