18 Outubro 2018 - 16:32

Principais entidades do audiovisual brasileiro lançam Cartilha Antiassédio

A Agência Nacional do Cinema – ANCINE participou, nesta quarta-feira (17), do lançamento do “Pacto de Responsabilidade Antiassédio Sexual no Setor do Audiovisual”, ocorrido dentro do 1º debate antiassédio no setor audiovisual, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

No evento foram discutidas formas de identificar o assédio e apresentada uma cartilha, com o objetivo de combater e prevenir o problema no meio audiovisual.

Participaram da mesa Debora Ivanov, diretora da ANCINE; Magda Hruza (SICAV - Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual); Daniela Muller (Juíza em direito da mulher); Silvana Andrade (Mestre pela FGV em carreiras e trajetórias de mulheres); Mariana Souza (APRO - Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais); e Leonardo Edde (SICAV), como moderador.

A diretora da ANCINE abriu a palestra ressaltando a importância da ação. “O assédio tem sido pautado na mídia e nas redes sociais. Mas do ponto de vista das empresas, pouco se faz. É a primeira vez que vejo em nosso setor uma ação conjunta, que demandou muito tempo de construção. Entre a ideia de se construir um pacto até se realizar, foram muitos meses de trabalho”, disse.

Ivanov também salientou que a cartilha foi uma iniciativa que reuniu várias entidades do meio. “Foi necessário observar as melhores práticas do mundo, e construir alianças entre as entidades. Entidades de norte a sul do país estão assinando este pacto. Para mim, é um momento histórico do setor audiovisual”, afirmou.

Leonardo Edde, presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual (Sicav), fez questão de lembrar de que se trata de uma cartilha, não de um conjunto de regras. “Cada empresa vai internalizar à sua maneira. O objetivo é trazer esclarecimentos e mudar uma cultura que é muito grave e ainda está enraizada na sociedade. Isso não é tarefa fácil”, reconheceu.

Para Mariana Souza, gerente executiva da Associação Brasileira de Produção de Obras Audiovisuais (Apro) e uma das formuladoras da cartilha, não se trata de uma caça às bruxas, mas sim de uma agenda positiva, a fim de educar e prevenir novos casos e situações constrangedoras. “A cultura foi permissiva durante muitos anos, mas hoje não é mais. Com o movimento Time’s Up, o PGA (sigla em inglês para Sindicato dos Produtores da América) distribuiu uma cartilha sobre assédio sexual, e então adaptamos para a nossa realidade e nossa legislação”, explicou.

Também presente ao debate, a juíza Daniela Muller explicou alguns fundamentos dos direitos trabalhistas ligados ao tema e enumerou medidas práticas a serem tomadas em casos de assédio, como ter sempre um canal de acolhimento para as possíveis vítimas, guardar provas e buscar orientação jurídica e psicológica. “Se queremos combater algo que está enraizado culturalmente desde o Brasil colonial, em que o senhor de engenho tinha acesso ao corpo de escravas, é fundamental não naturalizar o assédio”, completou.

Silvana Andrade comentou da importância dos movimentos “Agora é que são elas”, no Brasil, e “Me too”, nos Estados Unidos, já que ambos fizeram com que a mídia olhasse para casos de abusos dentro do entretenimento. “Nosso país é muito violento no que diz respeito às mulheres e a informação vai ser a nossa principal ferramenta. Uma cartilha vai ser fundamental para essa tomada de consciência. É uma informação valiosa e acessível para todos”, ratificou.

A segunda parte da palestra consistiu na apresentação da cartilha, com maneiras de como evitar e lidar com o assédio. Ao fim do evento, Mariana concluiu dizendo que a iniciativa quer estimular que homens e mulheres denunciem abusos. “Nós queremos garantir um bom ambiente dentro dos sets, das produtoras, e dentro desse universo audiovisual. Assédio é assédio, independente do gênero ou orientação sexual”, finalizou.

por Assessoria

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