Violência, um tema recorrente
Estamos vivendo um tempo onde a violência tomou rumos inadmissíveis em razão da omissão do Poder Público. Uma omissão caracterizada pelas alegações de falta de recurso,quando na verdade, o que se observa é a falta de uma política eficaz, com pessoal competente, estruturas condignas e preparação continuada. Não se combate a violência apenas com falácias, com mudanças de autoridades na área da segurança pública, mas sim com empenho, determinação e com os meios necessários para que o gestor planeje e execute.
A morosidade da Justiça é também um gargalo que precisa ser removido, mas não apenas isso. Os juízes são aplicadores das leis que, de certa forma, tem favorecido à impunidade com a utilização de inúmeros recursos postos à disposição dos transgressores, sob a alegação de que a todos, é assegurado o direito constitucional, do contraditório e da ampla defesa.
Enquanto as discussões em torno do óbvio acontecem,a violência cresce,encurralando os cidadãos dentro de suas casas, que apesar de ser, também, um refúgio garantido constitucionalmente, vem sendo desrespeitado, violado, por aqueles que se especializaram em contrariar as regras de conduta impostas a todos.
É estarrecedor constatar, pelos noticiários, pelos jornais, enfim pela mídia, o descaso pelo sistema penitenciário brasileiro. Os presos são tratados como animais sem dono em um ambiente que, pela lei, deveria ser destinado à recuperação, à ressocialização,ou seja, à uma política executada por profissionais competentes, com o objetivo de promover uma transformação daquele ser humano , que por vários motivos , transgrediram às normas penais, devolvendo-o à sociedade, ao final do cumprimento de sua pena, com idéias novas, com novas perspectivas de futuro e com desejo de perseguir sonhos .
Ao invés disso o que se vê são homens que apesar de terem cometidos crimes sem maior importância, se revoltarem dentro das penitenciarias, por terem tratamento igual aqueles que cometeram crimes hediondos e que, por serem portadores de índole má, dificilmente serão recuperados. Verdadeiras gangues são formadas dentro do próprio sistema aterrorizando os demais presos, impondo-lhes um regime ditatorial, tão infame, que se tornam senhores da vida e da morte.
Como aceitar que pessoas reclusas, transgressoras das normas regedoras da sociedade, imponham seu poder no ambiente público fiscalizado e gerido por agentes públicos? Como aceitar sem acreditar que haja omissão, seja por temor, por aceitação voluntária ou por corrupção?
Em várias Delegacias de Polícia deste país homens e mulheres dividem o mesmo espaço, como se as pessoas que infringem a lei, perdessem a sua condição de pessoa humana e se desnudasse da sua dignidade, não sendo destinatárias das garantias constitucionais. Recentemente foi noticiado que uma escrivã foi obrigada a tirar toda a roupa diante de dois delegados de polícia sob o pretexto de que seria revistada cujas imagens foram lançadas na internet.
Sabe-se que “violência” é um tema recorrente, mas não devemos esquecê-lo para não nos acostumarmos com a situação presente e acharmos que tudo está dentro da normalidade.
Para nós, cidadãos ou não, integrantes da sociedade, cumpridores das obrigações e tementes à lei, restam apenas o desejo, o sonho e a esperança, de que um dia as autoridades, os gestores, que têm a obrigação, conferida por nós, e pela lei, para promover o bem comum,se acordem e percebam, de uma forma bem clara, que na barbárie, serão eles e suas famílias os alvos mais desejados pelos bandidos.
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