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Wilton Lisboa Lucena

Wilton Lisboa Lucena

Professor da Faculdade Raimundo Marinho e integrante da APL

Postado em 18/05/2011 09:28

O Princípio da Sabedoria

Selecionei atitudes e frases atribuídas a personalidades do meio artístico, político e cientifico, que em dado momento de suas existências, sentiram-se humanisticamente auto-suficientes e esqueceram-se de suas “finitudes”. Nos anos 60, John Lennon, jovem compositor e vocalista da banda de rock “The Beatles”, quarteto inglês, que no auge da fama, declarou numa entrevista: “O cristianismo vai se acabar, vai se encolher, vai desaparecer. Eu não preciso discutir sobre isso. Eu estou certo. Jesus era legal, mas suas disciplinas são muito simples. Hoje nós somos mais populares do que Jesus Cristo”. Dias depois, John Lennon era atingido por 4 dos 5 tiros desferidos por um de seus fãs chamado Mark Chapman. Amigos do criminoso testemunharam que a admiração do fã pelo ídolo transformou-se em ódio alimentado pelas várias afirmações do cantor sobre Deus, consideradas como blasfêmias por Chapman.

No Brasil, o cantor Cazuza, ícone de milhares de jovens brasileiros, ao realizar um show no Canecão – Rio de Janeiro, de repente, acende um cigarro de maconha, dá uma tragada, solta a fumaça para cima e declara: “Deus, essa é pra você”. Ao adoecer com sintomas de pneumonia, Cazuza é internado e um teste revela que o cantor é portador do vírus HIV. Após vários tratamentos no Brasil e nos Estados Unidos Cazuza, totalmente debilitado, vem a falecer.

Na campanha da eleição indireta para a presidência do Brasil, um momento marcante da nossa história, quando após 20 anos de ditadura militar o povo brasileiro ansiava pela volta da democracia, o carismático candidato Tancredo Neves, que conseguira unir toda a oposição com aquele objetivo, sentindo-se fortalecido pelo apoio recebido, declarou a amigos: “Se eu tiver 500 votos do meu partido (PDS) nem Deus me tira da presidência da república”. Tancredo obteve os votos necessários e foi eleito. Todavia, não chegou a tomar posse. Acometido de uma grave enfermidade intestinal, foi assistido pelas melhores equipes médicas dos hospitais de Base de Brasília e do Instituto do Coração de São Paulo. Durante os 38 dias de agonia do presidente, brasileiros de diferentes credos religiosos uniram-se em vigílias e correntes de oração. No entanto, no dia 21 de abril de 1985, a Nação consternada ouvia com profunda tristeza a nota oficial do falecimento de Tancredo.

A idolatrada atriz americana Marilyn Monroe, símbolo sexual dos anos 60, antes de seu falecimento foi visitada pelo prestigiado reverendo norte-americano Billy Graham, e tendo ouvido a mensagem do evangelho, disse ao mesmo: “Não preciso de Jesus”. Uma semana depois, foi encontrada morta em seu apartamento vitimada por uma overdose química.

Conta-se que Thomas Andrews, arquiteto naval responsável pela construção do famoso navio transatlântico Titanic, ao ser questionado por uma repórter, sobre a segurança da embarcação, teria dito: “Minha filha, nem Deus poderá afundar este navio”. Na viagem inaugural o Titanic colidiu com um iceberg que rasgou o seu casco e, duas horas e quarenta minutos depois, o grande navio submergiu levando consigo Andrews juntamente com mais de 1.500 passageiros.

Em nossa histórica cidade de Penedo, quando ainda garoto, vivenciei um episódio inesquecível. Era uma fase de início de trovoadas e lembro-me de ter pedido uns trocados ao meu saudoso pai, Wilson Lucena, que na época tinha o seu escritório contábil num antigo sobrado na Avenida Comendador Peixoto. Satisfeito, fui comprar uns “boizinhos de cerâmica” para brincar em minha “fazendinha de fundo de quintal”. Entretanto, o preço cobrado pela vendedora foi maior do que o valor que eu dispunha. Desapontado, resolvi retornar para o escritório do meu pai, quando inesperadamente, um grande clarão iluminou toda a orla seguido de um formidável estampido de trovão. Ficou gravado em minha mente, a cena da mulher apressada, arrumando as mercadorias para ir embora, e dizendo-me: “Venha meu filho, me dê o dinheiro que você tem aí e pode levar os bois, pois, com as coisas de Deus não se brinca”. O tempo foi passando e no decorrer da minha trajetória de vida, a expressão simplista daquela mulher nunca saiu da minha memória, principalmente, depois de encontrar nas páginas do Livro Sagrado as afirmações de que “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e a humildade precede a honra”.

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  • JOÃO PEREIRA JÚNIOR Grande Wilton, concordo em tudo com o seu texto. Conta-se que em Penedo houve um agricultor (não me recordo o nome) que, ao perder todos os peixes que tinha em seus viveiros por conta de uma enchente, bradando e gesticulando muito, desafiou a Deus a enfrentar o cabo de seu revólver. Resultado: morreu definhando pouco a pouco em situação de miséria e abandono. Deus não se deixa zombar, essa é que é a verdade! Grande abraço e Deus o abeçoe.
  • Regina Flores É isso mesmo Wilton... as pessoas perderam a noção do valor de DEUS, ser único de nossa existencia. Muito boa essa materia, quem sabe as pessoas, principalmente os jovens consigam refletir um pouco sobre isso. Parabéns!!!! Mesmo de longe, estou sempre acompanhando as noticias de Penedo que foi minha cidade por muitos anos. Que Deus continue iluminando seus passos sempre. Um grande abraço!!! Regina
  • Marcelino Cantalice Prezado consócio, Wilton: pax et spes ! Só n´Ele, existe paz e esperança. Ele é o Amor. Merece toda a nossa retribuição. Gratidão. Respeito. Nunca se deve \\\"brincar\\\" ou zombar do que é santo... Existe a liberdade, mas também existe a responsabilidade. A Fé é a maior riqueza que possuimos. É triste, sim, alguém afirmar que não tem fé... Tem o quê ? Ore. Peça. Ele dará. // Parabéns pela sua oportuna reflexão. Marcelino.
  • Nadja Maria Professor Wilton seu artigos é muito bom e nos faz refletir sobre o respeito, gratidão e humildade, eu peço sempre a Deus serenidade para aceitar tudo aquilo que não pode e não deve ser mudado. Dá-me força para mudar tudo o que pode e deve ser mudado. Mas, acima de tudo, dá-me sabedoria para distinguir uma coisa da outra.\" A fé em Deus nos faz crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível.\" Obrigada pelo momento de reflexão.
  • Um amigo Caro amigo, é verdade tudo isso que está escrito. Só poderia sair de uma mente maravilhosa e de um coração de tamanha sencibilidade. Só me permita com muito respeito fazer uma observação relacionada ao titanic:É que eu não creio que Deus por causa da arrogância e ignorância de uma pessoa só, castigaria inúmeras outras que alí se encontravam, inclusive crianças e idosos. Perdão, mas será que não há uma outra explicação para que tivesse havido tamanha tragédia? Poderíamos justificar dizendo que houve alguma falha por parte de alguém ou de alguns que conduziam o navio: Ou até mesmo na sua própria estrutura... Um abraço.
  • eliene mello Wilton, Parabéns! Seu artigo é lindo. Deus é amor, humildade, enfim sabedoria. O Deus que sinto é de paz, perdão, paciência. Eu entendo que Deus nos dá liberdade, mostra o caminho, orienta e deixa seguir, quando precisamos sempre contamos com seu amor. Sempre que precisei \"Ele\"nunca me faltou.
  • MARIA NÚBIA DE OLIVEIRA Prezado consócio Wilton: Pax et Spes Fiquei encantado com o seu artigo. O santo temor de Deus deve ser uma constante em nossa vida! Só Ele é o Senhor de tudo e nós nãpo podemos nada sem o TUDO DELE! Não adianta querer competir com Deus, o Criador de todas as coisas.; Tudo o que somos e tudo o que temos vem DELE! Nossa atitude deverá sempre está voltada para a gratidão, jamais para a arrogância. Quem tem a certeza de que daqui a alguns minutos ainda está respirando? Quem pode afirmar: Nem Deus poderá adiar os meus planos? Quem? NINGUÉM!!! Parabéns, pelo belo texto! Maria Núbia de Oliveira.
  • Thairiny Vieira É verdade as pessoas não dão o valor suficiente e brincão com as coisas de Deus, mas Ele é justo e digno de fazer infinitamente mais além de tudo quanto pedimos ou pensamos. Graças à Ele por existir pessoas iguais a você. Deus te abençoe!!!.
  • Roberto Estamos vendo tudo aquilo que nossos avós falavam, e que até nós duvidava e de hoje em diante fatos incívéis virão a tona como prova de fogo, nação contra nação, moléstias que não tem curas ,pais contra filhos e filhos contra pai, desobediência tremenda contra a lei da natureza é o fim de um começo minha gente. Parabéns pela lembrança de um belo texto.
  • Wilza Carla Ouvi uma frase outro dia que falava exatamente assim, Quanto Mais se estuda mais humilde fica... Essa frase vai fica pra sempre no meu coração.... igual o trovão que caio na orla quando você era criança.
João Pereira Junior

João Pereira Junior

Advogado, Professor de Direito e Membro da Academia Penedense de Letras

Postado em 15/05/2011 09:19

O Casamento Real e a" Insustentável Pobreza do Ser"

AFP
O Casamento Real e a" Insustentável Pobreza do Ser"

Os cães ladram enquanto a carruagem passa. Esse ditado me veio à mente ao ver uma reportagem sobre as pessoas que, com alguns dias de antecedência, já se encontravam acampadas numa via privilegiada de Londres para poder garantir lugar que avistasse a carruagem real dos nubentes Willian e Kate. Não posso deixar de registrar que isso me causou perplexidade, a despeito de vivenciarmos uma realidade onde as futilidades estão na ordem do dia, movendo toda uma indústria de entretenimento nocivo. Nesse sentido, quando o “BBB” ou “A Fazenda” conseguem fabricar manchetes de jornais, revistas e sítios importantes da internet; quando torcedores de times de futebol procuram se auto-afirmar em brigas pelas ruas ou pelas arquibancadas; quando a Xuxa tem status de rainha, Luan Santana é escolhido para entoar o Hino Nacional na Fórmula Indy, em São Paulo, quando o bizarro grupo Restart ganha vários prêmios musicais da MTV, por que me impressionar com a alienação das pessoas que acordaram cedo para assistir ao tal casamento real?

Definitivamente, acho que por medo; medo de constatar que a realidade já é demais para muita gente que não passa fome e nem vive prostrado numa cama. Ora, como é que algo tão fora de moda, tão destoante das ondas revolucionárias que assolaram a Modernidade e a Idade Contemporânea consegue despertar o interesse das pessoas? Além de fora de moda, cá pra nós, a família real britânica não tem graça nenhuma. São feiosos, distantes, frios e não parecem felizes. Em troca de morarem num castelo e terem títulos que pouquíssimas pessoas na Terra podem ter, deixam de ser gente e passam a ser uma instituição que dá lucro e glamour ao “reino” (é só atentar para os dividendos decorrentes de direitos de transmissão do casamento pela TV). Serão eles felizes com tantas limitações que lhes são impostas? Tenho minhas dúvidas, como a maioria dos leitores também tem.

Kate, para se tornar princesa, como todos já viram em jornais de televisão e na internet, terá de cumprir algumas exigências que vão além do razoável e, que do ponto de vista de utilidade, soa como um zero à esquerda: não poderá exercer uma profissão, não poderá carregar bolsa (algo impensável no universo feminino), não poderá brincar de banco imobiliário, não poderá comer mariscos, não poderá terminar sua refeição caso a rainha termine primeiro que ela, não poderá andar (em ocasiões oficiais) ao lado do marido, mas alguns passos atrás dele, enfim, uma miríade de tolices que nos fazem indagar se tudo isso não foi inspirado numa história da Carochinha. Mas, o que é que eu tenho a ver com isso? Nada. Absolutamente, nada.

E, por isso, mesmo não assisti ao tal casamento e creio que nenhum brasileiro tinha motivo relevante para não agir da mesma forma, portanto, volto a insistir na pergunta: por que o fascínio dos pobres de espírito por este evento, a ponto de acordarem cedinho a fim de não perder um só detalhe? Vou ousar e tentar responder: o inconsciente das pessoas é impregnado de imagens e histórias que lhes foram contadas na infância (castelos, princesas, duques, condes, cavaleiros, fadas, etc.). O que a mídia faz, ao usar a família real britânica, é mostrar às pessoas que esse mundo existe de verdade e é levado a sério tanto pelos súditos como pelo poder público, dando-lhe um ar de sanidade. Nesse sentido, se uma cerimônia de casamento mexe com o imaginário das pessoas, máxime das mulheres, o que dizer, então, da “sorte” de uma plebéia que teve a oportunidade de se unir, em matrimônio, a um príncipe que, de fato, existe?

Infelizmente, a realidade, ao que parece, está sem graça demais para muitas pessoas que não sabem o que é fome, miséria, guerra e outras mazelas, por isso, comportam-se como nômades de si mesmos ao curtir a vida alheia que está sendo contada num mundo à parte, mas que é “real”. No vazio e na pobreza espiritual em que se encontram, buscam em outras vidas, sejam reais ou até mesmo as encenadas em filmes e novelas, aplacar uma incompletude que não pode ser sarada pela apreciação da vida privada de outrem, ainda que pessoas públicas, já que o seu vazio estará sempre a sua espera quando voltar do passeio embriagante e que se esvanece em tão pouco tempo.

Realmente, a fuga da realidade é um subterfúgio dos miseráveis, dos desafortunados da sorte e dos depressivos, mas, também, é o subterfúgio daqueles que já não suportam a si mesmos. Enquanto naqueles há uma força centrípeta (a hostilidade do meio vai de encontro a suas vidas), nestes, há uma força centrífuga, é o vácuo espiritual que vai de encontro ao meio e, ali, também nada encontra, senão, na vida do próximo, uma espécie de mendicância existencial da qual não têm a menor consciência. É lastimável e é impressionante.
Não imaginava isso, mas a humanidade ainda consegue me assustar. Parodiando Milan Kundera, eis “a insustentável pobreza do ser”.

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  • Eliene Mello Parabéns! Mas infelizmente, a maior parte do ser humano, vive de fantasias dos contos de fadas, das vidas que não lhe pertecem, porque precisam pra sabreviverem. Somos criados com essa cultura. Reverência ao poder é uma questão ainda de status . Ser honesto, trabalhador, não é visto como bom exemplo. Eliene Mello
  • Roberto Como mortais, é o que nos resta para chegar ao nada e a nossa diferença não faz a diferença.
  • Bom Estes seus comentários seriam relevantes em um país como o Brasil, onde a nossa República de farsantes vive nos pilhando desde 1889...A Monarquia e o Poder Real sustentam a Inglaterra, um país de primeiro mundo, ao contrário do nosso...Dos 10 países mais ricos do mundo, sete são monarquias; os 10 mais pobres são repúblicas! Lamento que você tenha uma visão míope da realidade. Deveríamos lamentar o dia em que nos tornamos República, um sistema falido que tem levado o nosso povo a um desastre e à miséria.
  • João Pereira Júnior Prezado \\\\\\\\\\\\\\\"Bom\\\\\\\\\\\\\\\", a questão central do artigo não é sobre se a monarquia é ou não a melhor opção. Se vc enxergar melhor, minha preocupação é comportamental, psicológica e, não, política. Mas, já que vc falou em política, a sua lista em nada prova que a monarquia seria melhor para o Brasil, não só pelo fato de que quando a monarquia ruiu, em nosso País, teve como causa a sua própria insustentabilidade, pois havia perdido apoio da base latifundiária e militar pela péssima administração (extremamente autoritária) e nada habilidosa.Vale a pena lembrar que o Brasil era agrário e atrasado, ou seja, sob o pálio da monarquia o Brasil ia muito mal. Na verdade, fizemos a mesma opção que os EUA, simplesmente o país mais poderoso do mundo, deixando claro que a cultura de um povo é determinante para a sua prosperidade, não importando se monarquia, república, enfim. Se a monarquia fosse ruim para Grâ-Bretanha, já teria caído há muito tempo, se não caíu é porque é positiva política e economicamente falando, de modo que o tal casamento real, para eles, é importante, sim, já que reoercutirá no futuro do Reino, mas, para nós, não. Em suma, vc, por quatro vezes enxergou mal as letras do texto: a primeira, quando não entendeu o leit motiv do artigo; a segunda, quando entendeu que meu artigo faz apologia ao fim da monarquia na Grâ-Bretanha; a terceira quando acredita que a monarquia é a panacéia política para o mundo e, finalmente, a quarta, quando não entendeu a frase \\\\\\\\\\\\\\\"fora de moda\\\\\\\\\\\\\\\". Não se engane, quando eu escrevo \\\\\\\\\\\\\\\"fora de moda\\\\\\\\\\\\\\\", pois refiro-me a nós, brasileiros, e à esmagadora maioria das nações mundo a fora, não aos bretões. Quanto às tolices que eu mencionei, não retiro uma só palavra, pois são tolices sim. Assim sendo, só podemos extrair uma conclusão disso tudo: realmente há uma miopia, afinal, quatro vezes num só texto não é um número desprezível.. Saudações.
  • Bom Prezado João Pereira Júnior, concordo com vc quando fala sobre os modismos, pois infelizmente o nosso povo, por falta de um referencial positivo, adota as modas de outros países, principalmente da atual potência hegemônica. Por que será que os argentinos nos chamam de \'macaquitos\' ??? Em suma, há um vazio atualmente nas pessoas, fruto, talvez, da solidão e do sistema perverso em que vivemos. Quanto aos seus comentários sobre a monarquia haver perdido apoio dos latifundiários e militares pela \"péssima administração\" demonstra, no mínimo, um conhecimento distorcido da história de nosso país. Talvez vc tenha ouvido falar da \"Doutrina Monroe\" e do \"Destino Manifesto\" dos EUA, que influenciaram os republicanos, principalmente os jacobinos, xenófobos da pior espécie. Se no Império havia estabilidade, instituições estáveis e respeito à coisa pública (res pública), o mesmo não aconteceu na República, a saber por um dos primeiros atos do Marechal Deodoro da Fonseca: dobrar o seu próprio salário. O 15 de novembro foi isso....um triste golpe militar que, após mais de 120 anos ainda nos coloca em um patamar inigualável de atraso, descaso, desrespeito e pobreza. Mais uma vez, lamento pelos seus comentários infelizes. Esse Império, o Dragão do Sul, que vc chama de \"agrário e atrasado\" e onde o Brasil ia \"muito mal\", possuía a segunda maior Marinha de Guerra do Mundo; a imprensa nunca gozou de tanta liberdade e o Imperador D. Pedro II reinou por quase meio século, consolidando o país-continente que possuímos hoje. Recomendo fortemente a leitura e a reflexão para o entendimento da importância da Monarquia no nosso país; mas por favor, evite aquelas leituras de cunho marxista-republicanas. Isso, definitivamente, está \"fora de moda\".
  • JOÃO PEREIRA JÚNIOR Olá, Bom. Fico felizpelo fato de vc ter lido e interagido. Isso significa que, de algum modo, o texto lhe chamou a atenção, seja positivamente ou neativamente. Percebo que, no mínimo, vc gosta de História e, por isso, mais uma vez, parabéns. Quato à questão por vc suscitada, considero muito difícil especularmos, a essa altura do campeonato, se teria ou não dado certo a monarquia em nosso Brasil. Tudo o que viermos a falar não passará de mera aposta, concorda? Obrigado pelos comentários e, sempre que possível, continue interagindo, será um prazer. Quanto à minha leitura, não tenho afinidade com publicações marxista ou marxiana (agora tem mais essa), nada obstante alguns professores que tive na universidade. Até mais.
  • Zuildson Ferrreira Alves Todo ponto de vista e\\\\\\\' a vista de um ponto.Karl Marx,um dos maiores pensadores de todos os tempos,amado por uns e odiado por outros, mas sempre presente.Deixou uma obra fundamental para compeensão de como funciona o capitalismo e novos rumos    para um sistema mais justo.Economista,Sociologo,Filosofo,etc.    
  • Bom Prezado João Pereira Júnior, agradeço os seus comentários e o parabenizo pelos excelentes textos. Obrigado também pela oportunidade deste pequeno debate. Muito sucesso e felicidades.
  • O PESCADOR Na verdade, o que uma nação realmente deve ter é uma boa educação para assegurar que um sistema venha a dá certo, isso é um critério indispensável para consolidar o objetivo almejado, pois, com este instrumento é mais provavel que se chegue ao ápice do objetivo independente do sistema escolhido. Sabemos que os corruptos se encontram em qualquer nação, em maior ou menor grau, porém, a educação de uma nação é um fator prepoderante que impussiona para mover de maneira mais abrupta a renegação deste fato \"corrupção\". Sabemos também, e melhor do que ninguém que a corrupção é o câncer que vem destruindo muitas nações. Portanto, eu acho que essa questão comportamental e de um sistema seja ele Democracia ou Monarquia é uma assunto muito relativo!
  • Gabriela Gostei muito do que li,porque veio de encontro com o que penso.Liguei a tv de manhã,e só se via a transmissão do casamento,como se fosse mudar as nossas vidas aqui.
  • JEAN LENZI João você é formidável! Texto muitíssimo interessante! Parabéns!
  • Maria Núbia de Oliveira Enquanto na Inglaterra as carruagens de luxo, as coroas cravejadas de diamantes, os títulos mais elevados, são uma constante e impulsionam o país, economicamente, no Brasil, o carro de bois, a carroça conduzida pelo jumento, o agricultor, o professor e outros, tentam girar a roda atolada na lama da injustiça... Vamos lá Brasil, sem coroa, sem rei, sem carruagem, vamos tentar fazer o moinho girar!
Valfredo Messias dos Santos

Valfredo Messias dos Santos

Procurador de estado, defensor público e membro da Academia Penedense de Letras

Postado em 11/05/2011 14:52

O Espelho da Vida

Seja exemplo para você mesmo. Olhe-se no espelho da vida e faça a sua própria auto-análise.O ser humano é dotado de um dispositivo inato e infalível capaz de lhe mostrar as suas fragilidades,egoísmo,sentimentos de inveja, o senso crítico direcionado ao bem ou ao mal.

Olhe-se nesse espelho não como a bruxa olhava para o espelho mágico querendo que ele dissesse que era bela mesmo sabendo que era feia. Olhe-se nele, mas não interfira no que ele refletir. Seja real com você mesmo, não distorça a imagem e vislumbre os caminhos que se apresentarão à sua frente.

Há o caminho que lhe conduzirá a ser um ator real no palco da vida, passando por ela com dignidade e respeito daqueles que dividem o mesmo espaço social, ou o de ser, dentro desse palco, um palhaço, que prefere levar uma vida encoberto pela máscara do insucesso, preferindo esconder-se dentro de si mesmo, destilando no seu mundo inferior e solitário o veneno que destrói, que denigre e que fere, como produtos de sua inferioridade.

Olhar-se no espelho da vida, reconhecendo que a imagem disforme ali refletida é um despertar, é que fará o ser humano melhor, deixando o velho modelo e optando pelo novo transformando-se interiormente, renovando suas idéias.

Não se permita enganar-se, olhando-se nesse espelho mágico. Se a imagem que ele refletir não for a que esperava,veja ,olhando para os episódios pretéritos, onde está a causa e a conserte.

Seja exemplo para você mesmo para que os outros se espelhem em você. Não é o discurso, as palavras bonitas nem as ações fingidas que o tornará exemplo, mas a sua própria conduta, a sua própria dignidade, o seu próprio exemplo.


 

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  • MARIA NÚBIA DE OLIVEIRA Que bom seria, Dr. Valfredo, se eu pudesse ser um espelho para os outros... Mas como é difícil ser espelho da luz, diante de tantas injustiças, de tanto egoísmo, de tantas mentiras e de tanta ganância. Como é difícil refletir a paz, a alegria e o perdão. Mas, ainda é possível. É só fechar os olhos, tapar os ouvidos e calar a voz. Não vendo nada, não ouvindo nada, não falando nada, eu, tu, ele, nós vós, eles e elas, seremos espelhos. Espelhos do silêncio!
  • Eliene Mello É muito difícil ser um espelho, principalmente se for para refletir os nossos defeitos. Nós usamos os reflexos ruins no próximo, para nos enganar. Sabe, Dr. Valfredo, a verdade não é qualquer um que a enfrenta, tem que ter carater, existem poucos conhece e usa dignamente. Prefere colocar uma cortina enfrente ao espelho e seguir a vida, portando um falso reflexo de exemplo de bom moço. Eliene sandra de mello
  • Anjo Dr. Valfredo seu artigo como sempre é fantástico, sou sua fã. Gostaria muito que as pessoas que tem o poder de transformar as vidas de outras pessoas pudessem se olhar no espelho da vida e se sentisse orgulhosa de si mesmo pela oportunidade que Deus lhe deu para ajudar e fazer o bem ao próximo, ao em vez de se enganar achando que fez ou faz o Maximo de si, esse artigos sobre o espelho da vida ele reflete em nossa vida, pessoal e profissional, hoje olhe para o espelho da minha vida e refleti acho que posso mudar ainda muita coisa em mim obrigada Dr. Valfredo por mim dar esta oportunidade.
  • Um amigo Muito interessante e preciso esse texto. Mas isso acontece em todas classes sociais sem deixar de fora nenhuma. O que mais vemos nesse mundo é hipocrisia. Pior ainda é vermos pessoas apontando uns aos outros e não analisa a si próprio. O que falta na humanidade é um pouco de humildade.
  • Marcelino Cantalice Companheiro Valfredo: seja um espelho de luz ! A imagem do espelho é muito rica. E enriquecedora. Feliz de quem sabe aprender as suas lições. Você a apresenta de uma maneira muito simples e muito direta. Ele sempre diz - e nos mostra - como somos, de verdade. Saber usar o \\\"espelho da vida\\\" é um dom. Muita gente tem medo de \\\"se contemplar\\\"... Como é. Sem retoques. E como é preciso fazer isso ! O seu apelo terá atendentes... Abaços. Do: Marcelino.
João Pereira

João Pereira

Advogado, escritor e atento observador da política

Postado em 08/05/2011 08:22

O Senhor Alagoas e Alagoano Desabafam

Casualmente, deparei-me com o personagem acima que, dada a sua singular postura a chamar-me a atenção, procurei dele aproximar-me para tentar uma conversa e ver se podia captar algo interessante, a seu respeito. O local era praia de Jatiúca, em Maceió. A maré estava alta e o vento soprava suavemente. Era relativamente idoso. Vestia uma roupa surrada de tecido ordinário, cor indecifrável, uma aparência arredia à limpeza e barba por fazer. Apesar dessa imagem avessa à boa aparência e higiene, dava-me a impressão de possuir uma forte vida interior, não sei se por uma disposição natural do seu temperamento ou talvez resultante do trágico a marcar a sua existência. Tinha o olhar fixo no mar de águas limpas, transparentes e esverdeadas a esbanjar toda a sua beleza. Essa contemplação, notei, dava-lhe uma paz e fazia-lhe esquecer, transitoriamente, os percalços de um destino amargo e cruel.

Despertado do seu transe contemplativo, virou o rosto e percebeu a minha presença. Aproveitei o momento, tomei a liberdade de sentar-me a seu lado e, de chofre, perguntei-lhe de onde era. Respondeu-me, calmamente, que era a transfiguração do Estado de Alagoas. Veja como estou vestido a rigor, para caracterizá-lo. Tudo resumido em total desventura. Diabos, pensei, estou diante de um louco.

Lamento profundamente o seu terrível fado, disse-lhe. Confessei a minha condição de alagoano e, como tal, sentia os efeitos da sua tragédia. Que tinha o raro prazer de saber das coisas boas a respeito dele e a desventura de suportar a monotonia de ouvir, ver e ler os mesmos discursos, as catilinárias que noticiam homicídios, desmandos na administração, malversação do dinheiro público, carências, pobreza e miséria. Você, permita-me dizer-lhe, nasceu, azaradamente, no signo da perua e, como é da natureza dela, ela só sabia cantar: pior, pior, pior! Como o pior atrai o pior, ficamos, pobres alagoanos, a lamber os lábios como crianças ingênuas, à espera do melhor, o passageiro que nunca chega. Você é um barco furado a fazer água por todos os lados. Recentemente, na mesma edição de um jornal, li duas notícias que beiram à incredulidade. A primeira, dizia da possibilidade de você ter de mandar para os estados vizinhos seus doentes, consequência do caos hospitalar. Quê absurdo! A Segunda, velha notícia cantada a La Perua, concedia aos servidores o irrisório reajuste de 5,91%. Se não bastasse isso, concedido em duas parcelas. É zombar demais! Afinal de contas, Alagoas, quando você será capaz de nos conceder o prazer de sentir os fluidos positivos da alegria, do otimismo e esperança? Se você não tem o departamento dos milagres, como disse seu vice-governador, deveria, no mínimo, ter o da vergonha.
- Você disse muito bem. Sabemos que o milagre é quase uma impossibilidade, mas não a vergonha, bem mais fácil de tê-la e sequer a temos, uma das principais causas do meu infortúnio. O que devo esperar? Se de um lado solfejo o canto da perua, pelo outro, com o sentimento da desolação, e desespero, sinto os efeitos da bebedeira do peru em véspera de Natal. Sinto que tudo está perdido.

É compreensível, meu ilustre Alagoas. Apesar dos pesares, você é respeitável pela maioria dos bons alagoanos. O xis do problema são os parasitas que infestam o seu corpo, os chamados cientificamente de piolhus corruptus que, com sua antropofagia, reduziu ou quase extinguiu a nossa sensibilidade aos seus efeitos predatórios. Notícias cabeludas a seu respeito já não nos causam indignação, mas apenas a chatice de uma música repetitiva. Isso não deixa de ser um perigo, pois, se as leis têm nos costumes uma de suas fontes, não tardará que a corrupção seja, entre nós alagoanos, letra morta no Código Penal, passando a fazer parte do rol das virtudes surrealistas.

- Meu filho, fiquei muito atento às suas palavras que, paradoxalmente, foram duramente amenas face aos males que corroem toda a minha estrutura. Tenho viagem marcada para Brasília, a fim de tentar, com o habitual pires na mão, conseguir mais recursos para os meus cofres, que muito bem são chamados de saco sem fundo. Já não faço isso como um dever, mas como um castigo eterno semelhante ao que foi infligido ao mitológico Sísifo, condenado a rolar uma enorme pedra até o cume de uma montanha. Aí chegando, a pedra escorregava até o solo e ele era obrigado a repetir infinitamente o mesmo trabalho. A verdade é que me encontro desgastado e agastado. A minha condição humana ou sub-humana sob o aspecto ético, encarregou-me de anestesiar-me o espírito. Vergonha e o amor próprio perderam-se na poeira do tempo. Sou objeto de depreciação e chacota. O que posso fazer? Os meus ouvidos, antes suscetíveis às críticas desabonadoras a meu respeito, encontram-se surdos como uma parede. Os superlativos que informam ser o mais violento, sinto ser uma condição permanente. Esta pequena amostra, entre outras, fez-me enraizar o sentimento e a convicção de que sou um ser desprezível, esquecido, abandonado pelo criador e sem qualquer expectativa de redenção. O que me resta fazer? Imagino, em meus devaneios, se as águas cristalinas que banham parte do meu corpo, não seriam capazes, após oferenda aos deuses, resgatar a miséria, incutir vergonha aos meus políticos e todos os demais pecados a mim atribuídos. E haja divagações, o único lenitivo, que à sombra dos restos mortais do otimismo vislumbra tão-só a utopia como única salvação. Fantasias à parte, cheguei a inspirar-me nas lamentações do profeta Jeremias. Procurei outro caminho, amparado na força da fé, das orações e sacrifícios.

Fui ao deserto, fiz um longo jejum, rezei aos brados que ecoavam em todas as direções, profanando a sua paz, a quietude e o silêncio. Se infinita é a sua bondade, Senhor, por que não me concede um pouco do Seu amor, o suficiente para livrar-me do infeliz carma que me persegue e secar as lágrimas do meu rosto, emanadas de perenes dores e sofrimentos? Comi gafanhotos, dormiria numa cama de pregos ou qualquer outro sacrifício que enterrasse o meu passado e começasse a enxergar uma tênue luz de otimismo e esperança. Meus negócios, como você sabe, estão entregues aos cuidados da trindade que rege as modernas democracias no mundo, isto é, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Acontece que essa trindade é bichada, tornando-se difícil saber qual delas é a que apresenta a pior decomposição. Há muito joguei a toalha no chão. Tenho a completa sensação que tudo está perdido e acabado. Como o que não tem remédio remediado está, nada me resta senão esperar o sono letal que me leve para o repouso eterno. Tchau!

Abro os olhos e desperto com toda clareza deste pesadelo sobre duas almas penadas. Na mesinha de cabeceira encontrava-se o jornal do dia. Levantei-me e, influenciado pelo pessimismo do sonho, não tive nenhum desejo ou curiosidade para manuseá-lo e o envelopei na cesta de lixo.

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  • janilton tavares IMAGINEM ENTÃO EU, QUE SOU UM JOVEM SONHADOR! Uma realidade triste, pois além de ver o que acontece de mais ruim em nosso estado e o que não mais acontece de bom e decente, vejo muito pouca perspectiva de mudança, uma vez quen, a pouca juventude consciênte sonhadora que ainda existe, já não tem mais tanto ânimo nem muito menos o atrevimento nescessário para ir de encontro á um sistema que além de podre já está enraízado na cultura da maioria dos alagoanos, pois como disse disse a colega eliene melo em seu pertinente comentrio á cima, nós vivemos em um estado e até um país onde \\\\\\\"ser trambiqueiro é ser inteligênte\\\\\\\". Imaginem a que pé está a incosciência dos \\\\\\\"alagoanos/ eleitores\\\\\\\", que pena! pois ainda sou um dos poucos JOVENS SONHADORES!!!
  • Alexandre Tancredo Pereira Ribeiro É um conto metafórico mesclado de cultura retratando a nossa realidade, pois também sou alagoano, com todos os Vs da verdade. Nada me espanta vindo de Vossa Senhoria. Alexandre Tancredo
  • eliene mello É pura realidade do nosso estado de águas cristalinas e políticos desonestos. Aqui a costituição é rasgada a todo momento. Estamos nas mãos de representantes que esqueceram do que é \"moral\". Estamos no estado onde ser trambiqueiro, quer dizer ser inteligente. Onde o poder está acima de qualquer valor moral. Parabéns!
  • gerson carlos estavá eu assistindo um dvd(pirata) tristeza do jeca -mazzaropi e vi neste dvd á atualidade de hoje dos nossos politicos,antes era os coroneis e os currais das grandes fazendas. Hoje temos pastores,delegados,advogados e escritores com tanta leitura,mais com os mesmos objetivos de manobrar as grandes massas e roubar o dinheiro do povo deixando-os sem saúde,segurança e educação e trabalho. parabens pelo artigo,pena que os jovens interneteiros não usam esta ferramenta para o seu aprendizado de cidadania.
  • fUtpZFLOiAMWwv IÂ’m not wrohty to be in the same forum. ROTFL
Maria Núbia de Oliveira

Maria Núbia de Oliveira

Escritora e poeta, integrante da Academia Penedense de Letras

Postado em 04/05/2011 09:06

Cortinas de Tijolos

Cone Freire - aquiacontece.com.br
Cortinas de Tijolos
Cais de Penedo

Debrucei-me sobre o cais, procurei o meu rio e não o encontrei. Um turista estava comigo, com uma telinha nas mãos, naquela árvore,em frente ao prédio da Marinha. Ele queria pintar uma tela em cima de um poema de minha autoria, intitulado: Rio São Francisco. Não deu certo. Ricardo foi procurar outro ângulo e eu permaneci ali, absorta, impaciente. Precisava ver o rio. Construções foram erguidas, quais cortinas de tijolos, impedindo o meu olhar de ver as águas do São Francisco...

Mas, entre uma construção e outra, deixaram um bequinho, pelo qual eu pude visualizar um pedacinho do meu querido rio. Era um fiozinho de água que acenava para mim, dizendo que se eu saísse do cais e descesse a rampa, que fica em frente às cortinas de tijolos, poderia vê-lo inteiro! Os meus minutos de contemplação estavam no fim e eu tinha outro compromisso. Aquele fiozinho de água continuou seu percurso por entre os tijolos e ainda brilhava, refletindo os raios dourados de um crepúsculo. Ricardo chegou com um esboço rabiscado na tela, todo feliz, dizendo que tinha conseguido visualizar uma parte do rio. Grande vitória! Ele viu o rio... A tela vai ficar linda, dizia ele.

Voltei para casa, aproveitando os bequinhos para me despedir do meu espelho dourado. Às vezes se escondia e reaparecia, de acordo com o movimento da minha caminhada. Talvez aquele camarote branco parecido com uma renda, já não me sirva mais. Preciso procurar outro ângulo, outro lugar para continuar assistindo o espetáculo das águas mudando de cor, em sintonia com a rotação do planeta que "geme de dores de parto e agonia", conforme o tema da Campanha da Fraternidade deste ano.

Não posso perder o entardecer, quando o dourado do pôr do sol derrama seus raios sobre as águas franciscanas. Parece que todas as minas do mundo trazem os seus ouros naquele momento crepuscular, e os jogam nas águas desse rio, transformando-as em luminosas correntes, ricas e ocultas por Cortinas egoístas, com cheiro de concreto.

O espetáculo, para ser visto, precisa de amplidão e é por isso que as cortinas se abrem majestosamente, saudando a platéia. O bailar das águas, a penumbra do entardecer, a revoada dos pássaros retornando aos seus ninhos, o pescador solitário que volta para o lar, enfim, todo esse ritual da natureza, não pode ficar oculto, envolto em tijolos, confundido com os sons destoantes, ferindo a música divina de uma despedida crepuscular. O pior é que pode. Os homens podem tudo! Até quando?
 

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  • marciel Núbia não mim canso de dizer que você é maravilhosa e extraordinária em tudo que faz.Lindo seu artigo parabens minha escritora e poeta nota 1000.
  • Alexandre Tancredo Pereira Ribeiro Ver, companheiros; todos conseguem. Mas, só uma sensibilidade privilegiada; Vislumbra os versos que se escondem; E por entre tijolos e becos brilhavam. Parabéns, Núbia. Abraços; Alexandre Tancredo.
  • Maria Núbia de Oliveira Obrigada, meu amigo! Fico feliz por ter gostado do texto.
  • MARIA NÚBIA DE OLIVEIRA Parabéns, Alexandre pelo seu belo comentário poético. Obrigada!
  • Eliene Amiga, Só uma pessoa tão especial, consegue descrever o que o coração sente. Vc e um ser iluminado de amor, solidariedade. Tudo que escreve é lindo pq sua sensibilidade é grande. Parabéns! Vc tem todas as qualidades que falta a muitos para respeitar mais o meio ambiente. Sempre será minha poetisa, escritora e amiga preferida. Beijos.
  • Marcelino Cantalice Prezada Núbia: boa tarde ! Mais uma interessante artigo produzido por você... Já o título bastante curioso. Cortina de tijolos é algo um tanto esquisito, embora você prove que não é... Toda cortina pode ser aberta. Achei mais indicada, porém, a atitude do pintor: preferiu mudar de ângulo. Foi o mais acertado e, como você mesma constatou, conseguiu um bom esboço de paisagem. Sem cortina. Contemplando a serenidade do Velho Chico. Isto nos dá uma advertência: \\\"duro com duro não dá bom muro\\\". Valeu !
  • Maria Núbia de Oliveira Meu querido Marcelino: Gostei da sua advertência e da colocação afirmando que \"toda cortina se abre.\" Mas, meu querido sábio, se a cortina é de tijolo, não se abre. Concorda? De qualquer maneira, agradeço -lhe pelo interessante comentário.