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Maria Núbia de Oliveira

Maria Núbia de Oliveira

Escritora e poeta, integrante da Academia Penedense de Letras

Postado em 09/01/2011 13:09

Orelhão

Ainda existe um grupo seleto de pessoas que usam o orelhão, apesar da imensidão de celulares espalhadas no mundo inteiro, desde os mais simples aos mais sofisticados e com tecnologia altamente avançada.

São pessoas que precisam se comunicar com algum parente à distância e recorrem a essa orelha enorme, que apesar de resolver o problema, causa situações constrangedoras. Eu mesma já necessitei do orelhão. Na época em que o celular era só para os ricos. Quantas vezes falei com minha irmã que mora em Guarujá. Aquelas fichinhas eram demais... ou de menos! Quantas vezes minha voz ficou perdida no eco da inadimplência das fichinhas...

Dia desses observei um cidadão usando o orelhão. Ficou no meio do caminho. Assim que inseriu o cartão, começou a contagem regressiva. Resultado: ele não disse o que queria dizer, nem escutou o queria escutar. O cartão zerou. Mas ele tinha outro e aprendeu a lição. Não quis saber se a pessoa do outro lado estava bem, não quis saber de nada. Apenas acelerou a voz, deu o recado e siquer se despediu. Virou mal educado. ( risos)

Naquela época , sem ser solicitada, por apenas haver compreendido, passei a orientar os usuários "orelhanos", dizendo que assim que iniciasse o diálogo ou quem sabe o colóquio, não perguntasse por fulano, não dissesse nada mais além do restrito ou usasse a conhecida frase: " nada a declarar, só com meu advogado". O cidadão (ã) , dizia eu na minha orientação, deve estar preparado para dizer somente: alô? ligue para mim, tchau!

Abordei esse assunto para que a gente valorize a tecnologia, sem nos desumanizarmos. Que bom termos o pequenino celular que atravessa fronteiras, une os continentes, abrange todas as raças... Mas precisamos ainda debruçar o nosso olhar por sobre uma minoria que ainda depende de um orelhão. O que podemos fazer? Preservarmos esse grande ouvido que garante um intercâmbio familiar mesmo apressando as palavras. Tudo é comunicação!

Quantos recado são dados
Debaixo de um orelhão
Quantas lágrimas derramadas
Que vão caindo no chão.
Alô? É você, amor?
Por que não escreveu mais?
Estou cheio de saudades e o peito sangra de dor.
Você falou com seu pai?
Já outro, discando errado
Não consegue ouvir a fala
Ouve sinal de ocupado
E mesmo assim não se cala.
E a mamãe tão aflita, ligando para São Paulo
Quase nem acredita ao ouvir a voz de alguém:
Sou eu, o seu filho, Carlos!
E eu fico observando cada rosto no orelhão
Sentimentos se misturando: alegria, guerra e paz!
Um implorando perdão, outro gritando fwerido:
Não voltarei jamais!
E o telefone não pára de transmitir
Mande logo esse dinheiro, senão eu não posso ir!
E pra completar meu dia, chega alguém desconfiado
Tentando uma ligação para um recado feliz
E o pobre homem do campo só discava o número errado
Impaciente e com dó disqueim pra lá e pra cá
Finalmente consegui!
E ele, gesticulando, gritando emocionado:
Mulher, chego hoje, tudo foi realizado!
E o orelhão não descansa a ouvir deixas e queixas
Recados que nserão pagos, por outros, no outro lado!

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  • Paulo dos Santos Núbia, não é atoa que alguns poetas dizem que vc se identifica com o estilo de Cecília Meireles, Tudo que vc escreve é direcionado para o povo, Isso é bom. Gostei do seu artigo,Parabéns!
  • João Pereira Júnior Mostrar com arte nuances normalmente despercebidas da realidade é fazer poesia. Parabéns pelo olhar e pela sensibilidade, Nubia.
  • Roberto Realidade não muito distante, quem nunca precisou do velho e bom urelhão para se comunicar.É bom recordar com sabedoria.
Augusto N. Sampaio Angelim

Augusto N. Sampaio Angelim

Juiz de Direito em Pernambuco, apaixonado por Penedo

Postado em 05/01/2011 11:58

Os crimes passionais e os dilemas de Dom Casmurro

Há tempos que não escrevo um texto, isto no sentido literal de escrevinhar lançando sobre o dócil papel minha caligrafia incompreensível. Hoje, porém, aqui em Maceió, voltando depois de muito tempo ao Palato, lugar que sempre me inspirou e ao qual cheguei hoje sem qualquer compromisso, exceto acender um charuto, tomar uma taça de vinho tinto ou beber duas ou três cervejas importadas, não resisto à mania de escrever, já que, providencialmente tenho às mãos uma caneta e um caderno imaculado, exceto por alguns desenhos e garatujas feitas por minha pequena Maria Laura. Olhando alguns posters de Linda Evangelista e Orson Wells, entre outros, fumando charutos, eu, também cumpro um ritual para degustar meu cubano e, enquanto isto, idéias e pensamentos me vem à mente. Neste mês de dezembro dois crimes de natureza passional me chamaram a atenção. Um deles, teve repercussão até na imprensa mundial. Como vocês sabem, a internet noticia tudo, tudo mesmo.

No primeiro caso, numa festa de casamento que tinha tudo para divertir os convidados e ficar para sempre como um registro alegre na vida dos nubentes terminou numa tragédia, pois o noivo, já alta a madrugada, saiu dizendo que iria pegar uma surpresa para a noiva e quando voltou, após beijar-lhe a testa, deflagrou um tiro contra a mulher, matando-a imediatamente. Depois, atirou em outras pessoas, matando o padrinho do casório e, finalmente, atirou contra sua própria cabeça, suicidando-se. O caso, por si só, já chamaria a atenção de todos, mais a repercussão foi maior ainda porque o local da festa era um condomínio de classe média nos arredores do Recife. Desgraça desse tipo quando envolvem pessoas bem sucedidas do ponto de vista material, alavancam as vendas dos jornais e a audiência dos famigerados programas policiais das rádios brasileiras. Hipóteses e mais hipóteses, algumas claramente absurdas foram ditas para explicar o motivo dos crimes.

É muito provável que o ciúme tenha sido a causa dos crimes, o móvel, como gostam de frisar promotores, juízes e advogados em suas peças jurídicas. Dias depois, um outro crime de natureza passional, bem menos comentado, também foi divulgado pela internet. Aqui mesmo em Alagoas, na cidade de Santana do Ipanema, numa casa humilde, um marido enciumado atirou três vezes contra sua mulher e depois, meteu uma bala em sua própria cabeça. Neste último caso, a mulher conseguiu sobreviver, mas o marido bateu as botas.

O ciúme, desde tempos imemoriais sempre despertou sentimentos de vingança e ódio, sendo motivos de crimes até mesmo entre os deuses da mitologia clássica. Homens e mulheres, uns mais e outros menos, um dia ou outro sofrem por ciúme. Sócrates definiu o ciúme como “ a dor da alma”, e talvez seja assim mesmo, por assumir, em alguns casos, um problema psicológico invencível. Outros o definem como uma doença. O fato é que, nos casos extremos, o ciúme leva ao ódio, à vingança e aos crimes passionais.

Bentinho, o atormentado personagem de Machado de Assis, em Dom Casmurro viveu toda a sua existência, pode-se afirmar, remoendo os ciúmes que tinha de sua linda, amada e dissimulada Capitu. O livro do Bruxo do Cosme Velho fez duzentos em 2000 e centenas de teses e outros livros foram escritos para explicar se Capitu traiu, ou não, Bentinho. Como disse um dos críticos, os autos deste processo, embora mortos há séculos seus protagonistas, estão insepultos e são revistos diariamente por olhares curiosos e especialistas em literatura, direito e psicologia. Teve quem dedicasse toda uma vida acadêmica e literária para desvendar os segredos de Dom Casmurro. A maioria das pessoas que gostam de ler e que tiveram a oportunidade de conhecer este livro ainda na adolescência, fizeram releituras e, com o passar dos anos, talvez tenham mudado seu veredicto sobre Capitu. Eu mesmo, depois de duas releituras do ano passado, com grifos e anotações numa edição de bolso, estou convicto de duas coisas. A primeira é que se Capitu de fato traiu Bentinho com Escobar, o maior culpado foi o filho de Dona Glória, tantas oportunidades deu ao seu amigo Escobar de conviver com sua amada. A outra, me desculpem, mas acho que, na verdade, Bentinho era um homossexual enrustido e nutria um amor platônico por seu colega de seminário. Millor Fernandes, meio brincando, meio “de vera”, catalogou inúmeras passagens do livro que revelariam essa faceta de Bentinho.

Assim, de fato, teria sido Bentinho quem traíra Capitu ante seu desejo pelo amigo que era “interessante de rosto, a boca fina e chocarreira” e de “nariz fino e delgado”, que, além de tudo isto, “era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugidios” e que entrou em sua alma, “uma casa de janelas para todos os lados....mas como as portas e janelas não tinham chaves e nem fechaduras, bastava empurrá-las e Escobar empurrou-as e entrou. Cá o achei dentro, cá ficou...”
Envolto em seus ciúmes, fosse por Capitu ou Escobar, o personagem machadiano ganhou o apelido apropriado de Dom Casmurro, tal seu azedume diante da vida. Mas, apesar de tudo isto, não matou Capitu, embora, muitas vezes tenha desejado a morte de Ezequiel, o único filho que o casal teve.

Remoído de ciúmes, talvez tanto de Capitu quanto de Escobar, Bentinho teve uma vida triste e nunca lhe chegou coragem, ou loucura para atos extremos como os maridos que matam suas mulheres e seus amantes ou, mais infelizes ainda, como foi o caso de Euclides da Cunha que, corneado por sua esposa Anna, tentou matar Dilermando, o amante dela, mas que terminou sendo morto por este, o qual depois, casou-se com Anna e, tempos depois, à tragédia familiar se agregaria mais desgraças quando um filho de Euclides da Cunha, tentou vingar a morte do pai, e, também, foi assassinado por Dilermando.

Finalmente, para terminar esta crônica sobre o ciúme relembro um personagem do livro “A caixa preta” do israelense Amos Oz. Nele, Alex Guideon, um famoso e enriquecido professor universitário, com passado de comandante militar, agora, já um homem velho, vê ressurgir do passado sua infiel mulher Ilana que, através de cartas ácidas e repletas de cobranças, cobra-lhe culpas e dinheiro. Culpa-lhe por suas traições, culpa pelos problemas causados pelo único filho que tiveram e quer dinheiro, muito dinheiro para reparar todas essas culpas. Numa das passagens do livro, o professor Guideon revela que, um dia, quando voltava dos campos de batalha e trazia consigo uma pistola de uso militar, percebeu sinais evidentes de que, mais uma vez, fora traído e, na sua ira, bateu violentamente na esposa e, irritado com a intervenção do pequeno filho que saiu em defesa da mãe, bateu a cabeça dele contra a parede até manchar de sangue seus cabelos aloirados. Neste dia, escreve ele que poderia ter atirado na mulher, no filho e, depois, se suicidar, porém não os matou, mas, “na verdade, eu fiz mesmo isso, e desde então nós três temos sido um sonho”.

Isto aqui é uma pequena crônica a respeito do ciúme, mas o tema é matéria suficiente para tratados suficientes para encher uma biblioteca. E, por mais que a sociedade evolua, os crimes passionais violentos ou patéticos continuarão a acontecer.
 

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Jackson Ventura Júnior

Jackson Ventura Júnior

É Estudante de Direito

Postado em 02/01/2011 12:24

A era da juventude opaca e inerte

Atualmente estou me sentindo um tanto quanto revoltado com os problemas sociais que estão afligindo nossa nação, porém, me deixa mais revoltado a forma como nós, especialmente a juventude, estamos encarando os fatos.

Apaixonado por história do Brasil e muito curioso que sou, recordo-me claramente dos fatos que antecederam a atual geração juvenil. Muitos destes fatos aconteceram em épocas quando eu era apenas um sonho dos meus pais, todavia, percebo em livros e documentários o quanto a juventude da época era “agitada”, preocupada com o seu futuro e o futuro da sociedade. Percebo também que aquela geração juvenil não era muito de calar e consentir diante dos graves problemas que existiam.

Devemos todos concordar que as gerações que nos antecederam eram muito mais críticas e mais exigentes que a atual. No decorrer da história brasileira podemos notar algumas destas características associadas aos acontecimentos. Durante o regime militar, por exemplo, muitos jovens, em sua maioria estudantes, tiveram suas vidas ceifadas devido as constantes lutas e críticas ao sistema político estabelecido na época. Podemos notar também, a total participação estudantil em movimentos que eram contra toda a problemática que ocupava o Brasil à época. Estudantes, músicos, jornalistas, jovens que passaram da opacidade e da morosidade para uma efervescente batalha em busca de um Brasil mais justo e igualitário.

Ao ler as páginas dos livros de história, percebo também a presente atuação juvenil nos grandes escândalos políticos, como no caso do Impeachment do governo Collor, onde os “caras pintadas” foram às ruas exigir que o gestor da época deixasse o cargo. Neste caso, não acredito que essa massa juvenil foi a principal responsável pela mudança do gestor, afinal muitos deles só lá estavam por conta de alguns litros de refrigerante e outras coisas que só Deus sabe. Mas pelo menos eles deram a cara à tapa. Mas isso não vem ao caso.

Causa-me grande indignação ver que todos esses esforços feitos por aqueles que nos antecederam foram em vão, afinal, não estamos dando o devido valor a todos esses anos de luta, e bem mais que isso, àqueles que até hoje suas famílias esperam noticias sobre o seu “desaparecimento”. Isso nos mostra uma atual geração de inertes, de sedentários, esperando que a solução para toda essa violência, para a deficiência na saúde e para a educação capenga, caia dos céus.

Ao encerrar este pequeno artigo, recordo dos versos de Geraldo Vandré, - que teve suas cordas vocais retiradas pela força do Regime Militar - na música “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, onde sabiamente ele dizia: “Vem, vamos embora! Que esperar, não é saber. Quem sabe, faz a hora. Não espera acontecer".

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  • JOAOZINHO Parabens Jakson pela matéria, se cada cada jovens tivesse esse pensamento o nosso Brasil, nosso estado e o nosso municipio seria outro, parabens mesmo pela matériaFELIZ ANO NOVO.
  • gil A maioria dos jovens estão pouco se lixando com o que está acontecendo, eles, a maioria só querem saber de balada e internet.. em uma turma de dez pergunta quntos deles querem se casar? acredito que pelo menos dois irão responder que sim, pois os demais não querem formar uma familia pra nao terem responsabilidades. muito menos em batalhar por um pais melhor. onde a LUTA seria grande muito grande . antigamente os pais (maioria)davam seu sangue para poder educarem seus filhos hoje em dia estão a DEUS dará.
  • evanio nos somos os primeiros e ficar esperando acontecer uma juventude velha sem vida onde os velhos de hoje torna-se mais novos ki os jovens de quem é a culpa?minha,sua dels de todoséssa é a verdade..
  • Jean Lenzi Meu caro Jackson, interessante esta sua abordagem. Sua citacao ao poeta Vandre e simplesmente uma chamada maxima para todos nos. A ela eu acrescentaria uma de Raul Seixas que disse tambem: \"quem nao tem papel escreve no muro\"...Acredito que hoje estamos mais proximos do Raul do que do Vandre, nao acredita?
  • Maria Núbia de Oliveira \\\"JUVENTUDE TEU NOME É BELEZA, JUVENTUDE TEU NOME É CALOR.. JUVENTUDE, TEU NOME É GRAÇA, É LUZ, É ALEGRIA, TEU NOME É AMOR!\\\" EU ACREDITO NA FORÇA DA JUVENTUDE. ACREDITO NOS SEUS ANSEIOS, NOS SEUS IDEIAIS. VEJO A JUVENTUDE DE HOJE NUMA BUSCA ANGUSTIANTE POR UM FUTURO PROMISSOR. CLARO QUE EXISTE OCIOSIDADE. NÃO EXISTE UM FONTE DIRECIONADA PARA OS JOVENS. E ELES VÃO, SEM RUMO, OLHOS FITOS NOS GOVERNANTES QUE NÃO SE EMPENHAM PARA ESTIMULÁ-LOS PARA O SEU CRESCIMENTO EM TODOS OS ASPECTOS. O JOVEM QUER O NOVO, O PRESENTE, SEM CONTUDO ESQUECER AS RAÍZES DOS SEUS ANTEPASSADOS. É PRECISO ATRAIR A JUVENTUDE, DEIXAR AFLORAR EM SEU OLHAR O BRILHO DA ESPERANÇA. É PRECISO PROPORCIONAR AOS JOVENS UMA DINÂMICA QUE OS ARRASTE PARA O BOM, O BELO E O PROMISSOR!
  • Hugo Menezes O que acontece atualmente é uma LAVAGEM CEREBRAL proporcionada por diversos fatores, dentre eles, escolho a TV como o principal problema. É evidente que a juventude atual não se mobiliza como antigamente, agora é preciso reconhecer que muitos jovens por ai lutam diariamente-EU SOU UM DELES-em favor um pais mail justo e igualitario. As conquistas proporcionadas á juventude: Prouni, Universidades,IFTs e PEC da Juventude surgiram dos clamores desses abnegados jovens. Seu texto espressa a mais pura verdade.É preciso que os jovens arregassem as mangas e partam para a luta.Afinal, quem sabe faz a hora não espera acontecer.
  • Flávia Fróes! Parabéns Júnior...
  • Carlos Ventura Parabéns Júnior . continue assim sendo sempre criativo voçê e demais.
  • lilian Adorei a materia, a mesma retrata infelizmente a forma como o juventude atual fica inerte em frente aos acontecimentos, ficam \"embecilmente vendo a banda passar\"e ao final aplaudem sem saber o por que??????
  • Marcos Ventura È isso aí JJ, parabéns pela feliz postagem, que bom seria se a maioria dos jovéns de hoje tivessem esse pensamento, com certeza o nosso pais seria outro e viveriamos bem melhor. abraço!
  • Roberto Fiquei boquiaberto, ainda existe a Juventude que preocupa-se com o futuro que está totalmente comprometido! Não sei a culpa é dos nossos adultos ou de todos.
  • Adelmo P Santos É Jackson, você foi muito feliz no seu comentário. Veja na prática, hoje, a chefe da Nação é uma das que davam a cara à tapa.Pena que a nossa mídia seja (inválida), ou tele-guiada pois do contrário não se calariam com esses 70% de aumento dado aos parlamentares. E o povão, como sempre, ficam a ver navios. Tenho pena do futuro do meu País que é um pais tão belo mas tão mal-administrado. Que Deus nos proteja pois não temos mais a quem apelar.
  • Edmilson Joaquim dos Santos Você tem razão nos seus argumentos Jakson, mas não desanime, a juventude é um retrato colorido e com tecnologia HD da sociedade atual. Mas ainda há esperança. Jovens como você são a prova de que ainda há esperança. De que nem tudo é só \"Harmonia do Samba, Calypso, Restart, Aviões, Malhação, ou \"Vou não, quero não, minha mulher não deixa não\". Valeu, um abraço.
  • janilton tavares \"UMA NÃO!, MAS COM DUAS ANDORINHAS JÁ SE COMEÇA O VERÃO\" vejo que não sou o único joven de penedo que se preocupa o nosso tão incerto \"FUTURO\",desse modo jakson, gostaria muito de te conhcer, participo de grêmio estudantil e sinto na pele o que você cahama de \" juventude opaca e inerte\" concordo plenamente com tigo, pois sei o que é sonhar com um \"brasil melhor\" e derrepente se ver como um \"sonhador solitário\" e angustiado ao ver a maioria dos jovens vivendo numa espécie de \"MUNDO DA SUPERFÍCIALIDADE\" ou seja vivem o que ha de mais banal a exemplo daqueles que vidram os olhos na tv todas as noites para ver \"O BIG BESTEIRA DA REDE GLOBO\" ou participando de movimento como essas torcidas organixadas, ressalto aqui que nada tenho contra a quem faz parte dessa organizaçao, mas acho uma tremenda \"ALIENAÇÃO\", por isso meu caro jakson quero que saiba que acabo de encontrar algém que sonha o que eu sonho e isso me deixa muito feliz, pois agora percebo que não estou sozinho. por tanto não me sinto mais \"UMA ANDORINHA SÓ\" !
  • Anderson França Concordo....Pena que a maioria dos jovens estão voltadas as coisas ruins do mundo como as \"drogas e a violência\'\', por exemplo. Sou jovem tenho 17 anos, e nunca tevi nenhum contato com as coisas ruins citadas acima. e peço a Deus que me livre...... Acho que esses jovens procuram essas coisas por que não tem alguém que lhe digam ,que conversem com elas isso é falta dialógo entre pais e filhos. Mas falando em um Brasil melhor cabe a nós eleitores saber-mos opoder que temos nas mãos. Se somos capazes de eleger tbm podemos tirá-los... Gente acordem.......Jovem.........
  • geraldo cavalcante Muito agadável seu comentário, se voce acreditasse em espiritismo e reencarnação que não sabe que voce seria um dos muitos académicos que estava na concha acustica da Faculdade de Odontologia da UERJ ensaiando a musica do Vand´re, alguns desapareceram outros morreram, aliás forram assasinados pela ditadura, já estamos com 47 anos desses fatos. Porem meu jovén, para voce compreender este comportamento da joventude, voce tem que mergulhar fundo no que ficou estabelecido como sendo o SISTEMA, que domina todos os seguimentos, e ninguem se opoem a ele, ele é invisível. Sua primeira preocupação foi alienar a joventude dado a ela a ilusão do que tudo pode, nãda é proibido,não é o que estamos vendo, o jovem não quer saber se há fome nas grandes platações e sonhar atingir status.
João Pereira Junior

João Pereira Junior

Advogado, Professor de Direito e Membro da Academia Penedense de Letras

Postado em 29/12/2010 12:06

Discordar da prática homossexual não é homofobia

Como é do conhecimento geral, a homossexualidade nunca foi tão debatida como na presente década. Após esta prática não ser mais considerada uma doença pela Organização Mundial de Saúde, o que levou à mudança do sufixo “ismo” (homossexualismo) pelo “dade” (homossexualidade), bem como ante a liberdade legal que as pessoas têm de se relacionarem sexualmente como melhor lhes aprouver (desde que não configure crime como é o caso da pedofilia e do estupro), o ativismo pelo reconhecimento das chamadas relações homoafetivas, enquanto ente familiar, tem se intensificado de forma notória, porquanto os noticiários, rotineiramente, têm divulgado os fatos relacionados a essa questão, tais como as chamadas “paradas gay” seja pelo mundo afora, seja pelo Brasil a dentro; os casamentos legalizados ocorridos fora do Brasil; os julgamentos favoráveis à causa; os primeiros casamentos em países que contam com o apoio da legislação e, por fim, o espaço que as telenovelas têm aberto à participação de relações homoafetivas ou homossexuais nas respectivas tramas.

Como iremos demonstrar, todavia, no aludido ativismo há algo de equivocado na abordagem de uma de suas bandeiras, qual seja, o mau uso da palavra homofobia. Diante de comportamentos criminosos e muitas vezes covardes, deflagrados contra homossexuais e que foram amplamente noticiados, a palavra homofobia passou a ser do conhecimento popular e motivou toda uma discussão no âmbito político, sociológico e jurídico. Entretanto, ante o apoio dado pela imprensa em prol da causa homossexual, o movimento “aproveitou o embalo” e, de forma sutil, inseriu no contexto do debate a palavra homofobia como sinônimo de qualquer discordância da prática homossexual, distorcendo a sua tradução médica sem falar na associação da palavra “intolerância” à simples divergência, imputando-lhe uma conotação negativa, politicamente incorreta, antidemocrática e fora de moda.

Portanto, na tentativa de intimidar as pessoas discordantes da prática homossexual, vulgarizou-se, propositadamente, a palavra homofobia, a fim de, como numa inquisição moderna, impingir em qualquer pessoa a qualidade de homofóbico caso ouse fazer alguma crítica à prática homossexual. Ora, homofobia é uma doença rara estudada pela Psiquiatria, um distúrbio que deflagra na pessoa acometida um comportamento agressivo, levando-a a ter vontade de espancar homossexuais e/ou proferir impropérios contra eles ou mesmo, a violência velada consubstanciada nos atos de discriminação. Nesse sentido, repetimos: é claro que há algo de errado na forma como a mídia tem tratado do tema.

A discordância acerca da sexualidade de alguém não configura crime e nem é sintoma de homofobia. É plenamente possível na discordância haver amistosidade, pois a civilidade o permite, afinal, estamos em um Estado democrático de direito. Aliás, a discordância nada mais é do que o livre exercício de opinião constitucionalmente garantido. É diferente do desrespeito e da discriminação, pois estes afastam qualquer possibilidade de convívio saudável e de manutenção da dignidade humana, configurando, aí, sim, um crime. Infelizmente, não é esse o entendimento que temos observado atualmente.

Não é difícil perceber o medo ou o constrangimento das pessoas quando, diante das câmeras ou mesmo quando questionadas em ocasiões sociais, afirmam não terem nada contra a prática homossexual, ainda que dela discordem, dando a entender que no Brasil todos concordam (o que sabemos não ser verdade), já que dificilmente se vê alguém na televisão se posicionar contrariamente. Há um medo de ser taxado de homofóbico, de atrasado ou antidemocrático. Definitivamente, essa palavra “homofobia” se transformou num açoite sempre em posição de ataque diante das pessoas. Nesse sentido, não é a toa a intimidativa pergunta feita àqueles que demonstram não comungar com a idéia: “o que foi!? você tem alguma coisa contra!? E as pessoas, quase que gaguejantes e “cheias de dedos”, prontamente, dizem: “não! nada contra.” Ora bolas... qual é o problema de se ter algo contra a prática homossexual? Qual é o problema de se ter um pensamento divergente e poder externá-lo livremente? Divergir não é crime, é exercício de um direito constitucional; desrespeitar, discriminar... isso sim, é crime.

A questão está tão mal conduzida que até a Bíblia já foi alvo do atabalhoado açoite ao ser chamada de homofóbica. Quanta bobagem. Ora, se o adventismo do sétimo dia considera alguém pecador por trabalhar aos sábados, esse juízo de valor não causará nenhum dano a tal indivíduo. Somente quando esse juízo de valor passar a ser instrumento de desrespeito, vindo a ofender a esfera jurídica, seja moral ou material de alguém, é que poderá gerar alguma repercussão juridicamente relevante, como, por exemplo, caso alguém venha a ser demitido do emprego ou perseguido no trabalho ou achincalhado em decorrência de sua crença. Da mesma forma ocorre com a prática homossexual. Enquanto a discordância religiosa não assaca contra a esfera jurídica de alguém, não há que se falar em crime, a não ser que, num delírio legislativo, surja uma lei que impeça o cidadão de opinar contra a prática homossexual, o que, a meu vem, seria inconstitucional.

É preciso respeitar a divergência e não se sentir magoado porque fulano, publicamente, defende a prática homossexual, do mesmo modo quando ocorrer o contrário. Contudo, da forma como se vem tratando o assunto, qualquer pessoa que, publicamente, diz não entender saudável a prática homossexual, é taxado de doente, ou seja, aqueles que discordam da prática homossexual são enfermos, pois sofrem de uma fobia perigosa; diferente, pois, de quem concorda ou pratica a homossexualidade, pois são saudáveis e normais. Isso, na verdade, é puro maniqueísmo fruto de uma visão distorcida e arrogante. Diagnosticam de modo grosseiro e equivocado a homofobia nos outros sem perceberem a sua própria paranóia.

Conclusão: a) alguns partícipes de uma minoria, engenhosa e artificialmente, criam uma paranóia; b) os que não sabem do artificialismo se tornam paranóicos de verdade e esta obsessão passa a ser considerada defesa de direito; c) a Constituição Federal, um entrave a ser vencido; d) a Bíblia, um antigo panfleto indesejável que precisa ser censurado; e) a psiquiatria, um ramo da medicina que precisa ser revisto, pois, além de ter descoberto a paranóia, esqueceu de imputar ao comportamento discordante e civilizado a pecha de doença perigosa e indesculpável. É lamentável.

E para não incorrermos na chamada imbecilidade coletiva, digamos: “abaixo à monstruosa homofobia!”, contudo, digamos, também, “abaixo a não menos monstruosa paranóia inquisitoriamente incorreta que, de forma perigosa, se alastra com o inconseqüente apoio da grande mídia.

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  • Roberto Concordo parcialmente, com a opinião do Dr. porém, ainda está muito aquém, tanto socialmente, moralmente e jurídicamente,de ser aceito essa possíbilidade de não haver entrave entre relação de pessoas do mesmo sexo, como o fato ocorrido na cidade de penedo, onde houve desentendimento e que até hoje ainda é notícia nas páginas de jornais.
  • Marcos Parabéns ao articulista pela escolha do tema. Realmente existem equívocos. A comunidade gay pretende impedir que se faça qualquer comentário público antagônico ao homosexualismo, defendendo uma mordaça-gay que é totalmente ilegal. Toda prática é passível de juízo de valor e o homosexualismo é uma delas. Se não houver cuidado dos nossos legisladores, em breve essa minoria estará colocando na cadeia quem ousar dizer que não concorda com esta prática. Felizmente apareceu alguém com coragem para desnudar essa doidice. Palmas para o dr.
  • Edmilson Joaquim dos Santos Excelente texto do Dr João. Uma crítica bastante fundamentada e esclarecedora sobre o papel da mídia e dos movimentos gays pelo brasil a fora. Parabéns.
Railton Teixeira

Railton Teixeira

É estudante de jornalismo na Universidade Federal de Alagoas

Postado em 26/12/2010 08:01

Ariano Suassuna Doutor Honoris Causa

É uma pena que muitos dos alagoanos não conheçam, ou não associem o nome do mais novo Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Alagoas, que pelas mãos da Reitora, Ana Deise, fora lhe concedido este titulo.

Estamos falando do escritor, poeta, Dramaturgo e Imortal da Academia Brasileira de Letras, Ariano Suassuna, autor de diversas obras importantíssimas para o Brasil, que se destaca no cinema e nos seriados através dos seus impressionantes escritos.

Só a título de informação, a concessão do Honoris Causa, foi criada na Idade Média, sendo o título de maior importância da UFAL, que apenas é concedido para personalidades que se tenha distinguido pelo saber ou por sua atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras. E a entrega do título conserva o mesmo ritual desde quando foi instituída.

Como os alagoanos infelizmente só se lembram das personalidades através de exemplos, se assim posso dizer é um péssimo hábito, mas apenas para refrescar os neurônios e destacar sua importância para a literatura e dramaturgia nacional, o filme “Auto da Compadecida” e a minissérie “Pedras do Reino” que foi exibida pela rede Globo, são de sua autoria.

Como destacou a reitora da UFAL, “Ariano é o maior arauto da cultura brasileira”, e nós alagoanos só privilegiamos as obras, os textos de autores de outros países, ou até mesmo, não gostamos quando autores como Suassuna, destaca e enfatiza o povo, a cultura, o modo de viver dos nordestinos, sentimos uma vergonha das nossas próprias maneiras, das nossas peculiaridades, o que é vergonhoso.

Um outro dado importantíssimo para continuar a nossa reflexão, é o fato do alagoano não ter o costume de ler, de passar horas e horas lendo um romance, uma peça, até um folheto que pegamos temos preguiça de folhear, fato este que se dá ao processo histórico, se nós fomos analisar detalhadamente não daria em tal artigo, mas só o fato de ter tais considerações já nos permite ter uma visão ampla e geral da gravidade da situação.

Mas por outro lado, podemos destacar que a indústria cultural, que é a TV, rádio, cinema, tem uma grande força neste processo de conhecimento e nos permite ter ao menos uma certeza que o alagoano possa conhecer este ícone da literatura e cultura do nosso país, o que de fato é uma pena, pois é através da leitura que ampliamos o nosso universo de conhecimento e o nosso nível de senso critico.

Mas não podemos apenas nos lamentar, principalmente nós que fazemos a cultura neste estado, temos de fazer o nosso papel de formador de opinião, fomentar a leitura nos mais variados níveis da sociedade através do nosso trabalho e fortalecimento da cultura.

Foi assim que fez o nosso mais novo Doutor Honoris Causa Ariano Suassuana, que fez jus ao seu titulo, e é assim que nós como indivíduos agentes da sociedade podemos fazer, para que a leitura seja um instrumento de transformação de uma nova sociedade, através deste elemento podemos fazer uma revolução, não armada e sim “cultural”, formando indivíduos críticos e agentes ativos da mudança.

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